Quatorze.

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Esse capítulo é para @BiibiTwins9 obrigada por tudo linda, Deus que te abençoe! ❤

Vovó me recebeu com um abraço aconchegante como sempre fez, estava com tanta saudade que nem percebi quando uma lágrima desceu pelo meu rosto. O abraço do meu vó foi tão apertado que pensei que seria completamente esmagada, mas não me incomodei.
Desde que mamãe se foi eu não os via, e meu vô era sempre tão bom com conselhos que a falta que ele fazia era perceptível.
Entramos e pude ver a decepção da minha tia ao ver que vovó já havia começado a preparar o almoço, ela adorava ajudar vovó a preparar a comida, mas não se contentou, logo se juntou a vovó.
- E como vão as vendas? - Perguntou meu tio a vovô.
- Melhores impossíveis, estamos começando a vender para fora do país, o leite que vendiamos para outras cidades alcançou alguns paises próximos e alguns mercados grandes estão querendo investir. - Meu avô era dono de uma indústria de leite.
- Isso é maravilhoso pai. - Minha tia disse enquanto cortava alguns tomates.
- É sim minha filha, porém é muita coisa para um velho com minha idade cuidar, logo terei que encontrar um herdeiro. - Meu avô disse com um tom incompreensível.
- Mas isso vai acontecer quando Deus quiser. - Minha vó colocou um ponto no assunto, e eu fiquei grata a ela, pois geralmente são os filhos os herdeiros, mas só restou tia Lorem de filha, e eu não acredito que ela tenha alguma ambição em cuidar de algo tão grande.
Então só restava os netos, e meu avô só tinha a mim como neta.

Durante o almoço conversamos sobre tudo, eu participei de todos os assuntos, exceto de um que eu nem sei como começou, sobre Deus e sua bondade.
Permaneci calada por respeito a minha família, sabia que eles ficariam tristes se eu dissesse a verdade sobre Deus.
Fiquei pensando se eu estava sendo cruel por deixar eles se iludirem com Deus, ou boa por permitir.
- Paige, você tem ido a igreja com seus tios? - Minha avó perguntou.
Olhei para os oito pares de olhos que me encaravam e parei nos azuis piscina de vovó. Limpei a garganta e respondi.
- Não vó.
- Hum, eu não entendo minha querida, você gostava tanto quando era pequena.
- Eu gostava vovó.
- E por que não gosta mais? - Ela perguntou me deixando irritada. Permaneci calada, não queria responder a essas perguntas, na verdade, eu não queria magoa-lá.
- Você cantava junto com as outras crianças, e ficava contando os dias para ir para a igreja, você adorava Paige, por que você não gost...
- Por quê eu não sou mais tola vó. Eu cresci e deixei de ser tola! - Estorei. Soltei os talheres no prato e sai. Sai não só da cozinha mas também de dentro da casa, caminhei com raiva em direção aos currais, cheios de vacas, alguns tinham vacas brancas, outros tinham vacas negras, outros tinham vacas malhadas. Não entendi o por que daquilo mas também não queria entender.
Após alguns minutos ouvi passos pesados atrás de mim. Meu vô.
- São bonitas não são? - Ele disse.
- O que?
- Nossas vacas. - Ele disse. - São muito bonitas.
- São sim. - Respondi com um sorriso amarelo.
- Como você.
- Você está me comparando com vacas vô?
- Sim. - Ele disse e gargalhou um pouco. - São bonitas mas são fáceis de se afetarem. Algumas é claro são mais calmas, outras aguentam tudo sem agir. E outras, aguentam por um momento, para depois agir, essas são como você.
- Me desculpe vô, eu não queria ter agido daquela maneira. - Eu disse entendendo o recado.
- Não tem que se desculpar querida, mas só não fale daquela maneira com sua vó, não a culpe, ela só quer o seu bem, por que te ama, ela é muito sensível, então tenha calma com ela esta bem?
- Esta bem.
- Eu preciso te mostrar uma coisa. Vem comigo. - Ele disse e eu o segui.
Caminhamos um pouco até chegarmos a um estábulo antigo, logo o reconheci, eu costumava andar a cavalo quando era criança, e era neste estábulo que eles ficavam.
Meu vô abriu a porta larga e eu entrei, estava um pouco mais conservado por dentro, mas ainda tinha aquele cheiro de feno.
- Mais cavalos? - Eu perguntei.
- Alguns. - Ele disse com um sorriso malicioso e apontou para o fundo do estábulo.
Caminhei até lá curiosa, para me deparar com três cavalos. Um deles era alto e musculoso com um pelo cor de creme e crina loira. O próximo era um pouco menor e também aparentava ser mais novo, era marrom e sua crina era castanha. Mas o meu sorriso se alargou quando vi o terceiro cavalo.
- Amendoim! - Eu gritei e apontei para o cavalo antigo. Meu avô apenas confirmou com a cabeça.
Eu me lembrava dele, era o meu cavalo, eu coloquei este nome nele por que dizia que amendoim era a comida mais gostosa que existia.
- Ele não é mais usado por que está muito velho, ainda pode ser montado mas não arriscamos grandes velocidades com ele, meus peões disseram para eu vende-lo já que só esta ocupando espaço, mas como vou vender o animal da minha neta preferida?
Eu gargalhei e o abracei.
- Aonde estão os outros vô?
- Estão soltos, peguei estes por que imaginei que quisesse galopar um pouco, Amendoim fica sempre perto da porteira na verdade, só o trouxe para que você o visse, Sansão não pode correr muito então não é muito usado, ele está a venda. - Ele disse apontando para o cavalo marrom. - O Guerreiro que eu trouxe especialmente para você. - Ele disse apontando para o cavalo cor de creme.
Depois disso não demorou muito para que eu corresse para dentro e trocasse de roupas enquanto meu vô preparava Guerreiro para mim, quando voltei vovô já estava perto da porteira com Guerreiro pronto para ser montado.
- Este é o pasto dos outros cavalos e éguas, é bem grande então vai poder aproveitar. Subindo a colina tem uma cachoeira caso sinta sede. Tome cuidado. - Eu assenti montei em Guerreiro e sai em disparada.

Guerreiro já estava suado e eu também quando lembrei da cachoeira que vovô havia falado. Subi a colina para encontrar uma trilha que começava no pasto e se alongava para dentro de um pequeno bosque.
Bosque adentro, escutei o som da água caindo, logo vi a cachoeira média. Pulei do arreio e soltei um pouco a tralha que apertava meu cavalo, o guiei até a beira da água e o amarrei perto da água.
Lavei o rosto e não resisti a água gelada.
Fiquei só com as peças íntimas e entrei na água, lavei todo o suor e penteei o cabelo com os dedos. Logo sai da água e me vesti novamente.
Me deitei nas pedras qua ficavam ao lado da água que se aglomerava e encarei o céu sobre as árvores.
Meus olhos se fecharam sozinhos, e eu dormi. Depois disso, eu sonhei.

Lutando pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora