Acordei com um som.
Vários sons.
Pessoas conversavam perto de mim. Sentia um vento batendo contra meu rosto e o ar era limpo.
Respirei fundo aquele ar limpo e puro. Daí eu abri os olhos.
Desejei fecha-los no mesmo instante.
No momento em que minha visão absorveu tudo o que tinha que ver e minha mente voltou para os últimos acontecimentos a dor veio como uma porrada.
Meus braços estavam presos com força atrás das minhas costas, meus amigos estava da mesma forma.
Estávamos largados no chão de algum lugar aberto. Artur estava de frente pra mim, acordado.
Um olho roxo, o nariz sangrando e um corte na testa. E ele sorria pra mim com olhos curiosos.
- Tudo bem? - seus lábios pronunciaram sem som.
Apenas balancei a cabeça.
Grover, Stuart e Freddy estavam desmaiados. Thommy estava amarrado nos pés e nas mãos e uma mordaça apertava sua boca. Um touro preso. Mestre Oliver estava sem nenhum arranhão, exceto pelo corte na perna esquerda. Também estava amordaçado.
Mais a frente, quatro homens conversavam. E dois, mais perto de nós, seguravam armas grandes em nossa direção.
Até que um barulho chamou a atenção de todos. O vento ficou mais forte. Meus cabelos batiam com força contra meu rosto. Um helicóptero preto descia para um espaço a vários metros de onde estávamos.
Ali era um heliporto.
Assim que o helicóptero pousou, os marmanjos nos levantaram com brutalidade do chão e nos empurraram em direção a ele.
- Pra onde estão nos levando? - perguntei ao homem da minha idade com uma cicatriz na bochecha que me levava.
- Pro inferno. - ele disse sério.
- O que?
- Cala a boca. - ele mandou e apertou mais meu braço.
- Você está me machucando - tentei puxar meu braço, impedida - eu não vou sair correndo, me solta! - eu estava gritando por causa do barulho da hélices do helicóptero.
- Eu mandei calar! - foi a última coisa que ouvi antes de sentir uma pancada na cabeça e tudo se apagar.
* * *
Abri os olhos de uma só vez.
Estava em uma sala clara, deitada sobre um colchão fino escorregadio e sob um lençol também fino. Minha cabeça estava repousada delicadamente sobre um travesseiro fofo.
Tentei coçar os olhos e fui aí que percebi que estava presa, algemas em cada pulso nas beiradas da cama. Uma agulha estava enfiada no meu braço e um líquido amarelo era injetado na minha veia.
Olhei pros lados e não tinha ninguém, apenas eu em uma cubículo onde só havia minha cama e o ferro onde a bolsa do que quer que seja o líquido amarelo está pendurada.
Bem na minha frente uma câmera. Um luz vermelha piscando a cada três segundos. Como um olho piscando.
Piscando pra mim.
Encarei a câmera por longos minutos. Queria gritar com ela, e mandar Carlos ir peidar na cara do diabo, mas guardei minhas palavras pra quando estivesse cara a cara com ele.
Fechei os olhos e me concentrei nos sons. A única coisa que ouvi foi às gotas do líquido amarelo pingando.
Voltei a encarar a câmera.
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Lutando pelo amor
SpiritualPaige West de 17 anos depois de perder os pais se muda para NYC para morar com os tios. Lá conhece a arte do boxe, e também a Cristo. Os dois tomam um grande espaço no coração de Paige. Mas ela ainda terá que encarar muitas coisas na descoberta dess...