Nove.

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 Acordei baqueada, tonta, e com dor de cabeça, minhas pálpebras estavam pesadas como–se estivessem coladas com cimento.

Quando finalmente consegui abrir os olhos, vi um teto branco, haviam luzes fortes queimando minhas vistas, fechei imediatamente os olhos e os abri novamente, porém, lentamente para que minha visão se acostumasse a aquela luz assassina.

Quando finalmente me acostumei, observei melhor.

As paredes, assim como o teto, eram brancas. E o cheiro... Eu conheço esse cheiro... Hospital. Cheiro de hospital.

Num solavanco me sentei na cama, havia uma agulha espetada no meu pulso, e uma mangueira era ligada dela até uma bolsa com algum líquido pendurado sobre a minha cabeça em um daqueles postes de hospital.

Estava vestida com roupas de hospital. Como vim parar aqui?!

- Finalmente. – Tia Loren falou, estava sentada do meu lado em uma cadeira de braços cruzados.

Pelo seu olhar, dava a entender que ela já estava me observando a um tempo.

- Deite–se. Tem que descansar. – Ela falou rígida.

- Como eu vim parar aqui? – Perguntei me deitando. Estava exausta.

- Overdose. – Ela disse apenas.

- Quê?

- Por algum motivo estúpido. Você tomou todos os remédios que a Dra. Agatha deu.

- Não tomei todos. Tomei, um de cada. – falei com dor, minha cabeça estava explodindo.

- Grande diferença não é mesmo Paige?

- Que dia é hoje?

- Domingo.

- Que horas são?

- 21:18 – Ela disse olhando no relógio de pulso.

Não tinha tanto tempo que estava ali.

- Que dia posso ir pra casa?

- Amanhã provavelmente você recebe alta. Vou chamar uma enfermeira para te examinar.

Ela saiu e logo voltou com uma enfermeira que me examinou.

- Já está boa. Mas vai ficar aqui esta noite em caso de dúvidas. Amanhã cedo pode ir pra casa.

Depois que ela saiu, permaneci calada, minha tia me olhando.

Ela suspirou e falou:

- O que você estava pensando Paige?

- Eu já expliquei. Elas me provocaram. Não aguentei ficar ouvindo calad...

- Não estou falando disso. – Ela me interrompeu

- Então de que está falando? – Perguntei indignada.

- Por que você tomou todos aqueles remédios? Você estava tentando se matar Paige? Por causa de uma bronca boba que o Rogério te deu? Você tentou se matar por aquilo?

- Eu não tentei me matar tia. Eu só tomei por que queria dormir, queria dormir sem sonhos, sem nada para me incomodar. Eu estava deprimida tia. Não queria ter que dormir e lembrar que eu não tenho um pai e nem uma mãe. – Eu já tinha lágrimas nos olhos. – E lembrar que a culpa da morte do meu pai sou eu. – E eu não pude mais segurar as lágrimas.

- Paige, você não tem culpa de nada, você sabe que não.

- Sim, eu sei, mas foi o que eu pensei ontem.

Ela permaneceu calada.

- Tia. Mesmo com todos os remédios... Eu sonhei ontem.

- Mas você não acordou gritando. – ela falou com um olhar de interrogação.

Lutando pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora