Trinta e um.

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Cheguei em casa a tempo de me despedir dos meus tios. Um táxi os buscou as 17:00 e eles partiram rumo ao aeroporto.

As instruções da minha tia estavam tampando quase toda a porta da geladeira, desde telefones de pizzarias a quantos minutos deixar a carne no microondas, comecei a desconfiar que minha tia achava que eu era algum tipo de retardada.

Mas hoje não ficaria em casa.

Vesti um short jeans justo, um coturno e uma regata branca simples, passei rímel e batom apenas, peguei uma bolsa comum preta e pequena pra colocar meu equipamento. Soltei o cabelo e pronto. Estava vestida para uma festa de rancho. Eu acho.

E antes que eu me esquecesse: fechei o colar/microfone em volta do meu pescoço.

Quem me buscaria naquele dia seria Grover, pois seria menos estranho eu chegar com ele do que com Artur em uma festa do Carlos.

Grover se atrasou cinco minutos, quando entrei no carro ele falava ao telefone:

- Não amor, não precisa vir, eu já estou bem mas preciso descansar. Não dormi a noite toda com esse vírus, estou cansado e já tomei remédio, assim que eu acordar eu ligo pra você.

Já soube que ele falava com Pilar.

- Tudo bem. Também amo você. Beijo.

E ele desligou.

- Tive que falar que estava doente... você sabe como ela adora festas, se não tivesse dito isso ela iria querer ir pra festa.

- Quanto tempo de namoro? - perguntei curiosa.

- Quase um mês se não me engano - ele disse pensativo.

- Já estão no "eu te amo" - eu disse como se aquilo fosse da minha conta, me repreendi mentalmente por ter dito isso.

- Eu descobri que amava Pilar desde o momento que a vi. Ela é diferente de todas. - ele disse com sinceridade.

Não consegui responder pois estava segurando meu vômito causado por tanta fofura.

***

A medida que o rancho ficava mais próximo eu me encolhia mais no banco do passageiro, não queria que alguém me reconhecesse de cara, coloquei óculos escuros de Grover e joguei um punhado de cabelo no rosto.

Quando chegamos na entrada, um dos dois seguranças enormes que ficavam de plantão contou quantas pessoas haviam no carro e logo então entregamos os ingressos.

E então estávamos dentro.

O rancho era todo cercado por um tipo de muro de mais ou menos 2,5m de altura, o portão de entrada dava pra uma estrada estreita de terra, 2km a frente começamos a ver alguns carros estacionados na beira da estrada, Grover dirigiu até mais a frente até encontrar um local pra estacionar o carro, praticamente já dentro da festa.

- Não quero deixar o carro muito longe. Se precisarmos fugir, vai ser perigoso chegar até lá correndo.

Peguei meu celular dentro da bolsa e mandei uma mensagem no grupo conforme nosso plano:

"Dentro com Grover"

Quando passei por um portão que indicava a casa do rancho minha mão começou a tremer de leve.

As muitas pessoas da festa não estavam caindo de bêbadas ainda, como a festa duraria mais de um dia imaginei que estivessem pegando leve no início. Algumas pessoas cumprimentaram Grover e me olharam com feições estranhas, outras perguntavam por Pilar e algumas simplesmente me ignoravam. Pelo jeito, Grover era bem conhecido.

Lutando pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora