Lutando pelo amor

Vinte e três.

Ainda estava sentada na cadeira do escritório, paralisada.

Chorar? Quebrar algo? Xingar? Gritar? Correr? Bater?

Eu não sabia se podia fazer algo para amenizar o que estava sentindo. Não sabia nem o que estava s entindo. Nos meus olhos tinham lágrimas de raiva, mas também de tristeza. Um nó na minha garganta havia se formado por causa da vontade imensa que tinha de gritar. Queria quebrar algo, mas minhas pernas estavam dormentes de mais para poder andar até algo quebrável. 

Artur havia ligado para o restante da turma e dito que não haveria treino naquela tarde. Quando perguntavam por que ele apenas me olhava e dizia "Não estamos bem hoje." e aparentemente o restante da turma já sabia de tudo o que eu acabara de saber, pois não questionavam e nem reclamavam.

Temia o sonho que viria naquela noite. Com certeza não seria bom.
Mas depois eu me lembrei de tudo e de todos. Lembrei até dos nomes de uma das festas que Carlos me levou. Scoby, aquele moreno, com cara de chapado, depois de tudo, descobri o que ele queria. Lucas, me alertando de não estar segura e Carlos mentindo pra mim, como sempre mentiu. Até Skylert tentou me dizer algo. Todos tentaram me dizer algo. Mas as mentiras de Carlos tamparam meus olhos.

Os meus sentimentos por ele diminuíram a zero depois de tudo o que ouvi naquela tarde.

- Paige, como você sabe, eu sou viúvo, minha esposa era professora de crianças, era uma ótima mulher. Um dia, ela me ligou e disse que não precisava que eu a buscasse na escola, ela sairia mais cedo. Eu insisti, disse que eu fecharia a academia antes, mas ela foi sempre muito proativa, ela foi embora sozinha. Naquela noite, quando cheguei em casa, ela não estava lá, minha casa estava como havia deixado. Sem sinal da Amanda. Eu esperei Paige, esperei por três horas, ligando consecutivamente, e sempre ia pra caixa postal, quando liguei na escola, eles disseram que ela havia saído assim que me ligou. Chamei a polícia, eles disseram que eu teria que esperar por 24 horas para então eles buscarem minha mulher. - Mestre Oliver tinha lágrimas nos olhos e seu tom de voz aumentava com o decorrer da história.

"Eu fui até a escola, e voltei pelo mesmo caminho que Amanda sempre voltava quando estava a pé, pela mesma calçada e atravessei a mesma faixa de pedestre que ela sempre atravessava, quando estava a um quarteirão da minha casa, já não tinha esperanças, até que encontrei uma de suas luvas, não peguei e nem mexi, apenas tirei uma foto como comprovação e liguei pra policia novamente, disse que tinha provas que algo havia acontecido e depois de 30 minutos eles estavam lá, depois de recolherem a luva eles partiram, após dois dias recebi uma ligação, queriam fazer algumas perguntas, e quando cheguei até lá me perguntaram várias coisas, mas a última pergunta foi: "Vocês conhecem Gabriel Sccot Medina?" é claro que sim, eu e Gabriel lutavamos juntos quando meninos, eu sempre ganhei dele, mas ele nunca recebeu isso muito bem, no primeiro Campeonato Nacional que nós dois  participamos, fomos os dois para final, e eu de novo ganhei dele, ele não aceitou, nos brigamos e ele me bateu com uma ripa de madeira, ele foi preso por alguns meses e quando saiu não entrou em contato comigo, quando fui atrás ele me ignorou, eu não podia fazer nada, meus negócios aumentaram, meus casamento estava cada vez melhor, até que isso tudo aconteceu.  O nome dele foi para primeiro suspeito com o desaparecimento de Amanda. Eu não tinha nenhuma notícia, nada que me animasse sobre a Amanda se quer estar viva, a policia dizia estar investigando mas não tinhamos nada. Depois de uma semana um papel apareceu por baixo da minha porta, um endereço estava escrito, eu estava desesperado, então eu fui. Quando cheguei em uma cabana que ficava em um endereço rural envolto por um pântano, Amanda estava lá, deitada em um tapete sujo, estava completamente sem cor, magra, e gelada, ainda respirava mas estava inconsciente, Artur estava comigo, ele ligou pra policia e eu nem me lembro quanto tempo eles demoraram para chegar..."