Insanity

Capítulo 2

Acordo com um sorriso nos lábios, levanto rapidamente e troco de roupa, vou até o banheiro e faço minha higiene matinal, como sempre. Vou pulando até o calendário e faço um grande circulo no dia de hoje.

Faço tudo do mesmo jeito de sempre. Vou a lanchonete, cumprimento todo mundo, tomo meu café da manhã, faço os serviços que ele mandam - algumas coisas que eles tem preguiça de fazer - almoço, vou para o quarto e só saio para jantar.

Quando chego ao quarto, logo depois de jantar, pego a mala que tenho em cima do pequeno guarda-roupas e abro-a, colocando as poucas roupas que tenho e algumas outras coisas essenciais. Tiro a roupa que eles deram - camisa branca, calça branca e, por incrível que pareça, sapatilhas brancas - e coloco uma roupa mais normal. Tomo mais alguns comprimidos e guardo a caixinha no canto da mala.

Pego meu caderno de desenhos e abro na página marcada, um desenho que guardo a dois anos - um relógio com as exatas 23 horas e 40 minutos. Não que eu pudesse esquecer, eu já havia decorado aquele desenho e aquele sonho. Olho no relógio pendurado na porta, faltam dois minutos, guardo o caderno e alguns lápis na mala e fecho-a. Sento na cama e suspiro, eu esperei isso por tanto tempo.

Exatos dois minutos depois escuto o som da fechadura e a porta sendo aberta, abro os olhos me deparando com dois rapazes. O primeiro era alto - bem alto -, com cabelos que batiam no ombro, bem bonito. O segundo também era alto, mas mais baixo que o primeiro, extremamente bonito, com um sorriso sarcástico no rosto. Sam e Dean. Exatamente como em meus sonhos.Foquei meu olhar em Sam, vendo sua aura - que estava num tom claro de rosa - e tentando ler seu pensamento, que soava como "tomara que o Castiel esteja certo sobre ela". Me virei em direção ao Dean e vi... Bom, eu não vi nada. Nenhuma aura, nenhum pensamento.

- Srta. Parker, eu sou o agente Lennon e esse é meu parceiro, agente McCartney - diz Dean.

- Ah, Qual é! - exclamo, rindo - Vocês vão mesmo tentar mentir para mim? E sério, Beatles?

- É, Castiel tinha razão - diz Sam, dando de ombros.

- Sobre eu ter problemas mentais? Yeah, seu amiguinho anjo tem razão.

- Você não tem problem...

- Ok - interrompeu Dean - Vamos deixar para vocês continuarem quando arranjarem um quarto, agora temos que tirar a senhorita prevê tudo daqui. 

- Hey - exclamo -, eu não prevejo tudo.

Ele não respondeu, só suspirou e me puxou para o corredor. Quando ele me tocou, automaticamente fechei os olhos - esperando a descarga de emoções que eu sentiria, esperando as imagens me falando sobre toda a viada dele e um pouco mais -, mas a única coisa que senti foi um leve formigamento.

- Como você consegue...

Antes de eu conseguir terminar a frase e virar o corredor, sinto uma enorme ânsia e minha visão fica embasada, com alguns pontos de preto. Quando volto ao normal, já seio que isso significa.

- Tem alguém vindo - sussurro - Alguém não, um demônio.

- Como você sabe? - perguntou Sam.

Quando fui responder, alguém apareceu no fim do corredor. Primeiro eu achei que fosse algum guarda qualquer, mas depois de me aproximar percebi que aquele era o tal demônio.

- Ah, Sam - Dean balança a cabeça, em sinal de reprovação - Você vai mesmo perguntar como a senhorita prevê tudo consegue prever tudo?

Antes de eu sequer pensar em responder, sou empurrada para trás por Sam, enquanto Dean matava o demônio. Eu esperava não sentir nada, assim como aconteceu quando Dean aconteceu, mas foi diferente. Eu senti todas as mortes que ele sofreu, senti todas as mortes que ele causou, todos os machucados que ele fez, toda a culpa que ele carregava, senti todo o peso emocional que ele carregava.

O resto se passou em um borrão, eu só sentia mãos me puxando e toda a vida de Sam passando diante de meus olhos. Consegui sentir o tranco de um carro dando partida, consegui sentir algumas vozes - que pareciam muito longe para ser real. Abri a mala pegando três comprimidos, ou seis, eu não tive tempo de contar e engoli todos de uma só vez.

- Você está bem? - perguntou Sam, sua aura brilhando num tom profundo de rosa.

- Claro - forço um sorriso - Tudo numa boa.

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