Capítulo 18

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Eu sempre tive que lidar com rejeições, por que veja bem - além de que sempre que eu beijava alguém eu era obrigada a ver toda sua vida -, era muito difícil ter alguém que quisesse ficar com a garota com problemas mentais. Mas não posso dizer que não doeu quando Dean parou de me beijar, me encarou por alguns segundos e, sem mais nem menos, saiu, me deixando ali, sozinha, no escuro e pensando o que eu deveria ter feito de errado.

Eu fiquei alguns minutos parada ali, pensando que ele voltaria, mas ele não voltou. Então eu peguei o restinho de dignidade que restava e saí dali, quando a luz já havia voltado - o que foi uma meia hora depois, podemos concordar que eu sou ingênua o bastante para ficar ali, esperando, meia hora. Tudo estava silencioso e julgando pelas portas fechadas, cada um estava em seu devido quarto. Não tinha muito lugar em que eu pudesse ir, eu me sentia deslocada. Sentei no sofá que havia ali e decidi não ligar a pequena televisão, não estava afim de ver pessoas hipócritas falando apenas sobre desastres que aconteciam no mundo, de desastres já bastavam os meus.

Ainda era dia, mas as nuvens escuras faziam parecer que era tarde. Eu não escutava mais o barulho da chuva e considerei que ela já havia passado. Apoiei meus cotovelos em meus joelhos e tampei o rosto com as mãos, suspirei profundamente. Quando abri os olhos, um grito abafado saiu por entre meus lábios ao ver Castiel a minha frente.

- Você... - pergunto e respiro fundo, com a mão direita sobre o coração - Como você veio parar aqui?

- Com meus poderes angelicais - ele diz e me encara com o cenho franzido.

- Ah, claro - reviro os olhos - Poderes angelicais.

- Eu só vim avi...

- O que aconteceu? - um Sam totalmente descabelado aparece pela porta - Você gritou.

- Castiel - aponto e suspiro - E seus poderes angelicais.

- Ah - Sam encara Castiel - O que houve?

- Como estava dizendo, eu só vim avisar que todos sabem de Sarah e seus poderes - ele diz, calmamente - Estão todos á procura dela, até Amara. Estão dizendo que se a acharem terão alguma recompensa, como estar ao lado de Amara quando ela começar seu acerto de contas com Deus.

- Todos querem a minha cabeça? - pergunto com receio.

- Eu não acho que eles querem sua cabeça, acho que eles querem o corpo inteiro para entregar a Ama... - ele explica, mas depois para - Isso foi só modo de falar?

- Sim, Castiel - o fantasma de um sorriso nasce em meu rosto - Foi apenas modo de falar.

- Eu vim falar mais uma coisa também, Sam - ele diz e se vira para encarar Sam - Um caso, pessoas estão sendo encontradas sem a carne, só o... Osso? 

- Onde? - ele diz e se levanta vagarosamente.

- Iowa.

- Tudo bem, vou avisar Dean - ele vai em direção a porta - Obrigado, Castiel.

Faço um sinal de "tchau" com a mão para Castiel e vejo ele desaparecer do ar.

- Isso... - aponto para o lugar que antes era ocupado por Castiel - É muito legal. Eu deveria conseguir fazer isso.

- Não sabemos ainda do que você é capaz de fazer - ele diz e sai.

Vejo ele bater, relutantemente, na porta do quarto de Dean. Eles conversam um pouco e depois Sam suspira e assente com a cabeça, quando ele está para sair o interrompo.

- Espera - grito - Vocês vão? Posso ir junto?

- Eu não sei... - diz Sam, mas depois que olha para a cara de Dean, suspira novamente e me olha - Não.

- Por que? - exclamo e coloco minhas mãos em minha cintura.

- Todos estão atrás de você - Sam dá de ombros - Não podemos correr o perigo de deixar você ir.

- Eu demonstrei muito bem saber me defender da outra vez - disse e as palavras passaram como ácido pela minha boca.

- Nem sabemos o que diabos é! - exclama Dean, impaciente.

- Sam acha que é um Rugaru - digo depois de ler os pensamentos de Sam.

- Isso é invasão de privacidade, Sarah - ele diz, mas depois sorri - Não leia meus pensamentos, garotinha...

- Se você dizer abençoada vou ser forçada a te matar - digo dramaticamente - Me deixem ir, eu posso ajudar.

- Você só vai piorar as coisas - Dean grita, ninguém aqui estava gritando, qual o problema desse idiota?  - Não precisamos de você Sarah, para nada.

Eu recuo, não vou deixar isso barato.

- Deveria ter pensado nisso antes de me beijar - grito.

Agora é a vez dele recuar.

- Aquilo foi um erro.

- Por que? - exclamo.

- Por que eu não quis que acontecesse, Sarah - ele diz, dando de ombros - Eu não queria ter te beijado e além disso foi só um... Beijo.

E então eu recuo como se ele tivesse me dado um tapa, eu nem me lembrava mais que Sam estava assistindo aquela cena toda. Minha dignidade já havia acabado, me viro e murmuro um "tanto faz", vou até o quarto e me jogo na cama.

Droga de dia.

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