Capítulo 39

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Nós estávamos em Nova Iorque, o que é impressionante. Viemos para cá buscar os tais anéis necessários para abrir a jaula, eles estavam guardados no armazém secreto de John - que descobri ser o pai deles-, Dean afirma ter os guardado lá após Sam ter entrado na jaula para prender Lúcifer... Longa história. Ficamos mais de 22 horas em um carro, eu sentada no banco de trás e tentando ignorar Dean o máximo que eu conseguia, então acho bom aqueles anéis estarem lá.

Eles foram na frente, me fazendo esperá-los do lado de fora e dizendo que iriam desarmar todas as armadilhas que haviam lá dentro. Me encosto na parede e cruzo os braços sobre meu peito, iria demorar bastante pra desarmar todas aquelas armadilhas. Invejei as pessoas que passavam por mim se divertindo e desejei poder sair por aí, mas 1) os rapazes me matariam, 2) posso ter uma sobrecarga, 3) eu ficaria perdida e, por último mas não menos importante, 4) sou uma arma de Deus.

Uma rajada de vento fez meus cabelos voarem por todo meu rosto, tampando minha visão. Depois de muita dificuldade tentando arrumá-lo, me assusto ao ver uma mulher a minha frente. Seus cabelos brancos estavam bagunçados, sua roupa completamente rasgada e, pendurada em seu pescoço, estava uma plaquinha com letras borradas dizendo: O FIM ESTÁ PRÓXIMO. Ela me olhou por alguns segundos e, então, abriu um sorriso. Eu não quis prestar muita atenção naquilo, mas tinha quase certeza que só havia dois dentes ali.

- O fim está próximo - ela sussurra e eu torço meu nariz quando seu mal hálito chega até mim.

- É - digo e recuo um passo - Eu percebi quando li a plaquinha, obrigado por avisar.

- O fim está próximo - ela sussurra novamente, dando mais um passo para frente.

- Sim, está - digo e reviro os olhos - Todas as pessoas vão morrer, blá blá blá, já ouvi essa história.

- Não, querida - ela diz e sorri, inclinando sua cabeça para o lado - Seu fim está próximo.

- O qu...

- Sarah? - Sam chama e me viro em direção a ele, quando viro para a mulher ela já não está mais ali.

- Você viu aquela mulher? - digo e o sigo em direção ao armazém.

- Ela saiu correndo quando você virou - ele dá de ombros, enquanto desvia de algumas caixas que estão no chão - O que ela estava dizendo?

- Não entendi muito bem - franzo o cenho e o sigo até um outro cômodo, onde várias armas estão penduras e várias caixinhas estão em uma alta estante.

Olho em volta, esperando Dean achar a caixinha em que os anéis estão. Passo a mão sobre uma pequena mesinha de madeira e meus dedos se enchem de pó, limpo-os na calça e continuo olhando as coisas que estão ali, vários livros sem capa e com as páginas amarelas, alguns pequenos potes com coisas estranhas dentro e uma foto, neles estão John ao lado de Mary - que também descobri ser a mãe - que segurava em seu colo um extremamente fofo Sam e Dean na frente, sorrindo.

- Está aqui - Dean diz e eu me assusto, virando para trás rapidamente.

Pego a caixa de suas mãos, sem dizer nada e evitando olhar para seus olhos. Abro a caixinha e lá estão os quatro anéis, pego um e imediatamente o solto, murmurando um "ai".

- O que aconteceu? - Sam pergunta.

- Eles queimam - digo e os olho mais uma vez - Magia negra?

- Mais ou menos isso - ele dá de ombros e faz um sinal com a cabeça para irmos embora.

Passamos mais 22 horas dentro do carro para voltarmos ao Bunker, quando eles desceram para jantar eu disse que estava sem fome, o que resultou em uma cara feia de Dean e um Sam dizendo "deixe ela em paz", tive que me segurar novamente para não abraça-lo. Quando chegamos, a primeira coisa que fiz foi entrar em meu quarto e me jogar na cama. Ultimamente, sempre que durmo, tenho o sonho de estar sangrando e caindo, em um loop perfeito, sempre que chego ao final do buraco, estou no começo novamente e sentindo a bala perfurar meu estômago.

Nessa noite, a única coisa diferente foi que piorou, eu sentia toda a dor ficar pior, não conseguia respirar e, o pior, não conseguia acordar. Sempre que eu morria, voltava ao início e no final, morria novamente. Só consigo acordar quando já, de tantas vezes vendo, sei de cor o rosto de Dean ao me ver caindo, o grito de Amara ao cair junto e meu sorriso, ao saber que tudo havia dado certo. Apesar de eu nem saber o que diabos havia dado certo. Também acordo quando sinto duas mãos me balançando.

- Sarah? - Dean diz e chega mais perto de mim, seu rosto iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela janela - Tudo bem?

- Sim - digo e recuo, tirando suas mãos de mim - Apenas um pesadelo.

- Tudo bem - ele diz e fica ali, parado, acho que esperando eu pedir para ele ficar - Acho que já vou indo.

Eu já estava perdida em meus pensamentos sobre os prós e contras de pedir para ele ficar quando vejo que ele já está na porta.

- Dean? - o chamo e ele vira para trás, afasto a coberta e dou palmadinhas no colchão - Deite aqui comigo.

Ele fecha a porta e se deita ao meu lado. Eu não me importava se estava gostando dele ou se ele não gostava de mim, de qualquer forma eu sentia que aquela seria a última vez que ficaria ao lado dele.


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É AGORA QUE COMEÇA O BARRACO GNT



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