Capítulo 5

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Eu já havia jantado, o que o Dean disse ser o melhor hambúrguer deLíbano - que é o lugarzinho, no Kansas, fim do mundo em que estamos. Eu já havia dormido umas cinco vezes, sempre o mesmo sonho. Quando era criança eu amava sonhar, era a parte mais feliz do dia, mas agora sonhar é a coisa mais cansativa que eu faço. Quase todas as noites os mesmos sonhos, o que é totalmente cansativo e doloroso, afinal eu sinto a dor como se fosse real.

Afasto o cobertor com os pés e me levanto, espreguiço, pego meu caderno de desenhos e um lápis. Abro a porta e saio, esse lugar é gigante e eu estou aqui a um dia, não consegui decorar o caminho. Meu quarto é o última porta no final do corredor, ao lado tem o do Sam, depois o do Dean e um vazio. Vou andando pelo corredor, tentando achar a cozinha, olho para todas as portas que, infelizmente estão fechadas, chego ao fim do corredor e há dois outros corredores, um pela esquerda e outro pela direita. Sigo pela direita, a madeira fria do chão contra meus pés descalços, quando finalmente chego ao final do corredor, acho a cozinha. Me sento em uma das cadeiras altas e coloco meu caderno sobre a bancada, fecho os olhos e deslizo o lápis pela superfície da folha, eu já devo ter feito esse mesmo desenho milhares de vezes, mas só consigo esvaziar a mente desenhando. 

- Pesadelos? - viro-me rapidamente, deixando o lápis cair e quase caindo da cadeira. A minha frente estava Dean com seu sorriso sarcástico no rosto, estou começando a pensar que o sorriso sarcástico já faz parte do rosto dele, já que ele só faz isso.

- Estou cansada de sonhar - suspiro e me viro de novo, fechando o caderno.

- Ah é, aquela coisa de ter só quatro sonhos - não respondo, então ele aproveita para continuar - Você só disse sobre um sonho, quais são os outro três?

- Eu sempre sonho com uma mulher - dou de ombros, abro o caderno e mostro um dos desenhos, - tamanho médio, cabelos castanhos escuros, bem bonita, tentando destruir o mundo. 

- Você desenha b... Espera - ele toma o caderno de minhas mãos e fica encarando - Amara.

- É, Amara, como você sabe?

- Digamos que ela é uma pessoa má, uma pessoa não, uma coisa muita má.

- Que tipo de coisa má?

- A Escuridão.

- É - concordo - Me parece muito má.

- Qual os outros dois sonhos? - ele me entrega o caderno, no qual eu abro na primeira página.

- Eu sempre, e quando digo sempre quero dizer desde os meus 14 anos, tenho um sonho bem estranho. Eu não conhecia vocês e ainda não tinha tido aquele sonho sobre vocês me tirarem de lá, então para mim as pessoas do sonho eram um enorme ponto de interrogação - mostro o desenho para ele, no qual eu estou deitada no chão, ele também e uma mulher de costas - O por que do Sam não estar nele também é um enorme ponto de interrogação. Esse é o sonho que eu mais tenho, as vezes ele muda, mas no final é sempre a mesma coisa. Nós morremos. Por exemplo, nesse sonho, essa mulher sempre nos mata. As vezes eu tenho outros sonhos, mas no final, nós sempre morremos.

- Uou - ele simplesmente diz.

- É - concordo novamente - Uou.

- Então, provavelmente, vamos morrer logo?

- Provavelmente.

- Então é melhor aproveitar enquanto temos tempo - ele diz e fecha meu caderno, coloca sobre a bancada e sai em direção a porta, dizendo um "boa noite", enquanto desaparece de vista.


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