Capítulo 19

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Todo o cômodo em que eu estava era branco, não havia nenhum móvel, nenhuma porta, nenhuma janela. Era totalmente desesperador. Eu olhei em volta, não havia ninguém ali. Passei as mãos na parede, soquei também, mas ela continuou ali, intacta. O lugar era tão branco que me dava dor de cabeça só de olhar. Me sentia presa, sufocada, claustrofóbica.

- Olá, Sarah - me viro rapidamente e encontro um rapaz loiro, bonito, com a aparência de ser bem novo - É um prazer te conhecer.

- Olha eu não sei quem é você - disse e me afastei - E nem o que estou fazendo aqui, mas se for para me acorrentarem de novo vou avisar que eu sou bem mais forte do que aparento.

- Vejo que conheceu meu irmão - ele diz e me oferece um sorriso convidativo - Meu nome é Miguel.

- Ótimo - suspiro - Eu estou em um sonho?

- Sim - ele diz suavemente - Eu estou mandando esse sonho para você.

- Não deveríamos estar em uma gaiola ou... seja lá o que?

- Eu consigo projetar um sonho - ele diz e dá de ombros.

- Tudo bem. O que você quer?

- Eu só quero ajudar - ele levanta as mãos em sinal de rendição.

- Ajudar com o que?

- A derrotar Amara - ele diz suavemente.

- E como isso é possível?

- Você terá que me tirar daqui - ele diz como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo - Quando Deus criou o mundo, ele não sabia que teria tanta maldade, então fez apenas uma prisão capaz de prender a mais poderosa criatura.

- Amara?

- Sim - ele suspira - Vocês tem que prendê-lá aqui, mas para isso terá que me soltar.

- Mas se eu te soltar, Lúcifer saíra junto?

- Possivelmente.

- Então eu não posso fazer isso, desculpa - digo rapidamente.

- Você terá que fazer isso - ele dá de ombros.

- Por que eu iria prender uma coisa ruim e deixar outras escaparem?

- Eu não sou uma "coisa ruim" - ele diz levemente ofendido.

- Então por que está trancado aqui?

- Cortesia de seus amiguinhos Winchester - ele diz, irritado - Isso não importa, qual você acha mais fácil de vencer? Amara, a escuridão, irmã de Deus? Ou um anjo pecador?

- Eu não posso - digo - Vou sair desse sonho.

- Espere - ele diz com um sorriso sábio - Antes de você ir, preciso avisá-la de algo.

- Diga logo.

- Quando Deus viu que sua irmã era um perigo para seus filhos, a prendeu, mas sabendo que ela era forte o suficiente para sair um dia, fez um plano B. Ele fez com que, quando estivesse perto de sua irmã ser libertada, alguém ganhasse os poderes certos para derrotá-la novamente... Esse alguém era um simples humano, uma garota aliás, uma garota de 14 anos, forte o suficiente para que na hora de sua morte, lutasse com coragem e voltaria a vida, a garota iria ser a representante de todos os seres vivos. Essa garota é você.

- O que? Nã...

- Deixe eu terminar - ele suspira, com um sorriso - Mas com tudo isso, vem uma grande responsabilidade. Tome cuidado com suas escolhas, garotinha abençoada, ou você não irá salvar o mundo, mas sim destruí-lo.

- Eu nunca usaria meus poderes para o mal - digo, indignada.

Tudo se apagou, algumas imagens se passaram pela minha mente: um homem de terno - seus olhos num profundo preto, um demônio -, em uma festa, um baú antigo e um nome balançou em minha frente: Filip Marquez.

E então, tudo começou a piscar e, quando voltou, eu estava no celeiro novamente, a minha frente os corpos de Andrew e Cami. Abri meus olhos com o choque e olhei para minhas mãos que, para meu desespero, estava encharcadas de sangue. Soltei um grito e tentei limpá-las, mas quanto mais eu limpava, mais sujo ficava. Isso não é real, pensei, é um sonho. Quando olhei para frente, meu coração parou de bater por alguns segundos e mais um grito rasgou minha garganta, a minha frente estavam vários corpos, dezenas, centenas, todos mortos. Sangue manchava meu pé, sangue pingava de minhas mãos. Fechei os olhos. Acorde, gritei para mim mesma, isso não é real

Quando abri os olhos, estava no meu quarto novamente. Lágrimas lavavam meu rosto e minhas mãos tremiam, olhei para elas e não havia sangue. Soltei um suspiro, interrompido por um soluço e desesperadamente procurei meu celular. Procurei o contato que desejava e liguei, depois de três toques ele atendeu.

- Sarah?

- Sam - disse desesperadamente, soluçando - Vocês precisam voltar.


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