Tive que respirar fundo várias vezes antes de andar em frente. O letreiro de ferro com enormes letras indicando um cemitério ainda me assustava, meu estômago se revirava e eu sentia o frio corroendo minhas entranhas, consumida pelo medo. Tudo o que eu conseguia ver era um enorme gramado que se estendia por toda a parte, nenhuma lápide, era possível ver árvores ao longo do caminho. Continuei andando, tentando achar Dean ou Sam, eles estavam com os anéis, meus passos rápidos me faziam tropeçar. Ao lado de uma enorme árvore consigo ver silhuetas, coloco a mão sob meus olhos tentando bloqueá-los do sol, o ar parecia mais rarefeito a cada passo e minha garganta queimava, enquanto eu tentava desesperadamente respirar.
- Sarah? - Sam pergunta quando chego ao seu lado.
- O que aconteceu lá? - Dean exclama e eu reviro os olhos - Eu disse pra você não fazer aquilo. Droga.
- Me dê os anéis, Dean - digo e ele arqueia as sobrancelhas - Estou bem, sério, e vou ficar melhor depois que tudo acabar.
- Não fale como se você fosse morrer - ele grunhe e enfia as mãos nos bolsos, tirando os anéis de lá.
- Não fale como se eu não fosse morrer - digo tentando manter meu rosto sério, mas sorrio quando vejo seus olhos arregalarem - Estou brincando, eu acho.
- Pegue - ele coloca os anéis sobre minha mão e sinto-a queimar logo depois de pega-los.
Mordo meu lábio, tentando controlar a dor. Olho para eles, Sam estava ao meu lado, seu cenho estava franzido e sua respiração rápida, seu rosto tomado pela preocupação, Dean a minha frente ainda segurava a minha mão, seus olhos examinando cada parte de meu rosto, como se tentasse memoriza-lo, eu fazia o mesmo. Senti meu coração se contorcer e meus olhos se enxeram de lágrimas, eu me sentia feliz, eles se preocupam e, mesmo sabendo que eles podem morrer, estão aqui por mim. Abaixo minha cabeça e fungo, tentando controlar as lágrimas, sinto Dean apertar minha mão e olho para ele, seus olhos estavam levemente avermelhados.
- Tudo bem, Dean - sussurro e sorrio - Eu vou sempre estar aqui.
- As pessoas sempre dizem isso quando vão morrer, acho que eles pensam que isso vai melhorar alguma coisa - ele murmura - Mas isso não ajuda em nada, se você se for, nunca estará aqui do jeito que eu quero que você esteja.
- Você estragou minha frase de efeito - digo e depois sorrio, sendo acompanhada por ele que também sorri.
Puxo minha mão vagarosamente e recuo um passo, ainda sorrindo. Fecho minhas mãos e cravo as unhas até senti-las perfurarem a minha pele, fecho os olhos por alguns segundos e quando abro-os, sinto meus ombros relaxarem. Eu tentava, de todo jeito, parecer calma - como se aquilo fosse, realmente, o que eu queria fazer - mas, na verdade, eu estava chorando desesperadamente por dentro, sentido tudo ser destruído, tudo sendo bagunçado, aquilo não era o que eu queria fazer.
- Tchau, Sam - digo e vejo Sam dar um passo para frente.
- Eu... - ele sussurra e coloca sua mão em meu ombro - Tchau, Sarah.
- Tchau, idiota - digo para Dean, logo depois de Sam se afastar um pouco, sorrio e inclino minha cabeça para o lado.
- Pare de se despedir, você não vai morrer - ele grunhe, irritado.
- Melhor prevenir - dou de ombros.
Ele coloca suas mãos em minha bochecha, me fazendo encara-lo. Ele se aproxima e suspira.
- Volte para nós - ele sussurra e depois revira os olhos - Quer dizer, volte para mim. Não me faça entrar numa maldita gaiola no inferno para te buscar.
- Tudo bem - sussurro e sorrio.
Ele junta nossos lábios por alguns instantes e depois se afasta. Antes de me virar o encaro mais uma vez, gostaria que aquela memória permanecesse comigo até depois que tudo acabar. Me viro e começo a andar, como se já soubesse onde achar Amara.
O sol já estava se pondo, eu conseguia vê-lo daqui, as montanhas e o sol por detrás, um bonito laranja cobria o céu e aquilo me fazia sorrir, era um belo dia. Ouço passos atrás de mim e me viro, sentindo uma pontada de nervosismo. Sinto os anéis gelados contra minhas mãos, eles já haviam parado de queimar fazia um bom tempo. O céu se fechou, de repente, tudo ficou escuro, nuvens cobriam toda a extensão do céu e um vento fez meus cabelos voarem. Eu tinha que jogar aqueles anéis no chão assim que eu visse Amara, tinha que prender aquela vadia. Meu coração parou por alguns segundos, sentia um medo desesperador, medo de não conseguir fazer o que vim aqui fazer. Olhei em volta e percebi, tudo estava acontecendo como no meu sonho.
Mas, dessa vez, eu sabia exatamente o que fazer.
Senti um impacto, como se alguém me empurrasse. Eu cai uns dois metros longe de onde eu estava, batendo minhas costas contra o chão - o que fez com que eu suspendesse minha respiração por alguns segundos. Olhei para quem havia me empurrado e soltei um grito abafado pela dor que sentia. Amara. Ela estava ali, sorrindo, seus cabelos castanhos balançando conforme a velocidade do vento, ela não parecia alguém que quisesse destruir o mundo. Mas aparências enganam, certo? Me levanto, ainda sentido a dor em minhas costas e jogo os anéis no chão, aquela era a hora perfeita. Um buraco enorme se abriu na grama, tão profundo que eu não conseguia ver o fundo. Ela chegou mais perto, automaticamente recuei, ficando na beira do profundo buraco. Ela sorriu e colocou suas mãos em meu braço, forçando as unhas contra minha pele, levantei rapidamente meus braços e a segurei. Eu não iria conseguir fazer aquilo sozinha, ela era forte e eu não conseguia usar meus poderes, fechei meus olhos e tentei usá-los, mas nada acontecia.
- Você não vai conseguir usá-los, eles estão esgotados - ela sorri, vitoriosa - Você irá morrer e eu irei sentir prazer em ouvir seus gritos, farei questão de matar seu namoradinho e o irmão dele. Não queria ter que fazer isso, claro, Dean e eu deveríamos ficar juntos, mas ele preferiu você. E eu preferi matá-lo.
Respirei fundo e sorri, fazendo ela arquear as sobrancelhas.
- Atire - grito, mas parece que ninguém escuta - Atire!
Sinto uma dor alucinante em meu estômago, todo o ar foge de meu peito e tento, desesperadamente, respirar. O gosto metálico do sangue preenche minha boca e eu olho para Amara, que solta um grito. Ele atirou, coloco minha mão sobre o ferimento, vendo-a se encher de sangue. Sorriu e olho para frente, Dean segurava a arma, com os olhos arregalados.
- Você conseguiu - sussurrei - Sabia que conseguiria.
Antes de cair e ser engolida pela escuridão, antes de envolver minhas mãos nos braços de Amara e puxa-la junto comigo para baixo, sinto meu corpo ficar leve e toda a preocupação, todo meu medo e minha tristeza indo embora.
Aquele era meu destino, e eu havia acabado de cumpri-lo.
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Acho que, fim?
NÃO SEI O QUE DIZEEEEEEER
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Insanity
FanfictionQual a possibilidade de dizer para as pessoas que você consegue ver auras, ler pensamentos, saber tudo sobre alguém apenas com um toque, ter sonhos que muitas vezes se realizam, ter visões pré-apocalípticas e elas levarem numa boa? Bom, nenhuma. Fan...