De repente tudo parou, as vozes, os gritos e os passos de Amara. Eu conseguia apenas ouvir o som da minha respiração, rápida e descontrolada, puxei meus braços para cima - torcendo para que, por um milagre, as cordas se soltassem - mas não adiantava em nada, eu conseguia sentir a ardência das cordas, a agulha em meu braço e a droga fazendo efeito.
Escutei a maçaneta girando e o ranger da velha porta, me virei em direção do barulho - mesmo não conseguindo enxergar por causa da venda. Os passos se aproximavam, prendi a respiração sem saber quem seria, mas desejando que fosse algum dos rapazes. Os passos pararam ao meu lado, senti a agulha sendo arrancada de meu braço e automaticamente soltei um gemido de dor, a venda foi tirada de meu rosto com pressa e ao abrir os olhos, tive que fecha-los novamente para me acostumar com a luz que vinha das janelas, agora abertas.
- Dean? - perguntei, com a voz baixa, ao identificar quem estava a minha frente.
- Droga, Sarah - ele disse enquanto desamarrava meus braços - Você consegue ficar em pé?
- Eu... - tentei formular uma frase coerente, ainda confusa - Consigo, claro.
Massageei meus pulsos e, com toda a confiança de que conseguiria ficar em pé, me levantei e quase caí logo em seguida, sendo amparada por Dean. Ele colocou meu braço direito em seus ombros, me apoiando.
- Claro que consegue - ele revirou os olhos e me puxou.
A porta parecia muito distante, apesar de estar apenas a alguns passos de distancia, fechei meu olhos enquanto ele me puxava. Ele empurrou a porta ao mesmo tempo que abri os olhos, a porta no final do corredor - pela qual eu sempre entrava - estava bloqueada por vários móveis, olhei para o outro lado e a última porta também estava bloqueada por um ferro. Enquanto Dean decidia por onde ir, um barulho enorme vinha da porta bloqueada pelo ferro - presumi que demônios estavam tentando abri-la, logo depois de minha visão escurecer.
- Vamos logo - disse, envolvendo minha mão na barra de sua jaqueta e o puxando.
Empurrei a primeira porta que vi, entrando em um minúsculo cômodo vazio, havia enormes caixas perfeitamente empilhadas uma nas outras, sobrando apenas um pequeno espaço ocupado por mim e por Dean. Minhas mãos estavam apoiadas em seu peito, enquanto as suas se apoiavam na parede atrás de mim, a respiração saia descontrolada por entre meus lábios, meus olhos arregalados olhando para a porta.
- Sarah - ele me chama, fazendo-me mover o olhar até seu rosto - Vai ficar tudo bem.
- Eu não acho que tudo ficará bem - digo, com um pequeno sorriso.
- Farei o meu melhor para que tudo fique bem - ele diz, seus olhos vidrados nos meus, me fazendo corar - Sarah, me desculpe.
- Tudo bem - sussurrei, revirei os olhos e envolvi o pano de sua camiseta em meus dedos.
- Não, não está - ele suspira e encosta dua cabeça na parede - Eu tenho muitas coisas para me desculpar.
- Tudo bem, de verdade, eu te perdoo - sorriu e ele me encara - Depois de pensar bastante, entendo um pouco o porque de você ter escondido isso de mim. Nem sempre temos escolhas, não é mesmo? Eu perdoo você e espero que me perdoe também.
- Te perdoar? - ele franziu o cenho, confuso, ao me ver me espremer e ajoelhar, para pegar a bala.
- Por você ter que fazer isso - peguei sua mão e a abri, colocando a pequena bala sobre ela - Pude sentir a magia dos anéis assim que você entrou, sei que está com você. Nós iremos sair daqui e eu irei prender Amara, irei fazer tudo o que for necessário. Mas não estou em boas condições, estou drogada, meus poderes não estão a cem por cento, por isso se não der certo, se eu não conseguir jogá-la apenas com meus poderes, você precisará atirar.
Ao ouvir passos pesados no lado de fora me virei para a porta, os demônios passaram correndo pelo corredor, sem perceber que estávamos ali. O móveis rangeram, percebi que eles estavam abrindo a porta no final do corredor. Prendi a respiração até ouvir a porta bater, tendo certeza de que eles se foram, coloquei a mão na maçaneta, mas antes de abri-la fui interrompida por Dean, que segurou meu pulso.
- Explique mais esse plano - ele revirou os olhos - Não sei se consigo atirar em Amara se vocês estiverem muito longe.
- Você não vai atirar em Amara - franzi o cenho e um pequeno sorriso falso surgiu em meu rosto - Você vai atirar em mim.
- Eu não vou atirar em você! - ele exclamou, quase gritando - Você está louca?
- Você não irá conseguir atirar em Amara, ela pode perceber e desviar a bala para sua direção, ou de Sam, não sei se terei força o suficiente para proteger vocês - sussurro e olho para baixo - Ela é muito forte, Dean.
- Mas... - ele também olha para baixo e suspira - Eu não vou conseguir atirar em você.
- Você precisa. Esse é o meu destino e eu vou segui-lo, cansei de fugir, de me esconder e ver pessoas morrendo pelo meu medo - levantei minha mão até seu rosto, fazendo-o olhar para mim - Nesse tempo que estive longe passei a pensar em muitas coisas em vários modos diferentes, passei em acreditar em destino. Passei a ter uma longa teoria sobre o porque de não ver sua aura ou ler o seu pensamento, isso pode significar várias coisas, mas eu prefiro acreditar que eu não posso fazer tudo isso por que eu fui feita para amar você, afinal qual seria a graça de usar meus poderes com quem eu amo? Foi o destino que me fez ser quem sou, que me fez perder tudo, mas também foi o destino que me fez conhecer você e sou eternamente grata por isso. Eu já pensei em odiá-lo, eu queria poder odiar, mas parece que quanto mais tento, mais eu me apaixono por você. E eu amo você, Dean.
- Eu... - ele parece assustado demais para conseguir me responder - Eu também amo você.
- Agora você não parece tão idiota - sorrio, ainda com minha mão em seu rosto, o sorriso se desfazendo aos poucos - Você precisa prometer, Dean.
- Eu...
- Prometa que fará o que for necessário, por favor, por mim.
- Tudo bem - ele sussurra - Eu prometo.
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Insanity
FanfictionQual a possibilidade de dizer para as pessoas que você consegue ver auras, ler pensamentos, saber tudo sobre alguém apenas com um toque, ter sonhos que muitas vezes se realizam, ter visões pré-apocalípticas e elas levarem numa boa? Bom, nenhuma. Fan...