Capítulo 52

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De repente tudo parou, as vozes, os gritos e os passos de Amara. Eu conseguia apenas ouvir o som da minha respiração, rápida e descontrolada, puxei meus braços para cima - torcendo para que, por um milagre, as cordas se soltassem - mas não adiantava em nada, eu conseguia sentir a ardência das cordas, a agulha em meu braço e a droga fazendo efeito. 

Escutei a maçaneta girando e o ranger da velha porta, me virei em direção do barulho - mesmo não conseguindo enxergar por causa da venda. Os passos se aproximavam, prendi a respiração sem saber quem seria, mas desejando que fosse algum dos rapazes. Os passos pararam ao meu lado, senti a agulha sendo arrancada de meu braço e automaticamente soltei um gemido de dor, a venda foi tirada de meu rosto com pressa e ao abrir os olhos, tive que fecha-los novamente para me acostumar com a luz que vinha das janelas, agora abertas.

- Dean? - perguntei, com a voz baixa, ao identificar quem estava a minha frente.

- Droga, Sarah - ele disse enquanto desamarrava meus braços - Você consegue ficar em pé?

- Eu... - tentei formular uma frase coerente, ainda confusa - Consigo, claro.

Massageei meus pulsos e, com toda a confiança de que conseguiria ficar em pé, me levantei e quase caí logo em seguida, sendo amparada por Dean. Ele colocou meu braço direito em seus ombros, me apoiando.

- Claro que consegue - ele revirou os olhos e me puxou.

A porta parecia muito distante, apesar de estar apenas a alguns passos de distancia, fechei meu olhos enquanto ele me puxava. Ele empurrou a porta ao mesmo tempo que abri os olhos, a porta no final do corredor - pela qual eu sempre entrava - estava bloqueada por vários móveis, olhei para o outro lado e a última porta também estava bloqueada por um ferro. Enquanto Dean decidia por onde ir, um barulho enorme vinha da porta bloqueada pelo ferro - presumi que demônios estavam tentando abri-la, logo depois de minha visão escurecer.

- Vamos logo - disse, envolvendo minha mão na barra de sua jaqueta e o puxando.

Empurrei a primeira porta que vi, entrando em um minúsculo cômodo vazio, havia enormes caixas perfeitamente empilhadas uma nas outras, sobrando apenas um pequeno espaço ocupado por mim e por Dean. Minhas mãos estavam apoiadas em seu peito, enquanto as suas se apoiavam na parede atrás de mim, a respiração saia descontrolada por entre meus lábios, meus olhos arregalados olhando para a porta.

- Sarah - ele me chama, fazendo-me mover o olhar até seu rosto - Vai ficar tudo bem.

- Eu não acho que tudo ficará bem - digo, com um pequeno sorriso.

- Farei o meu melhor para que tudo fique bem - ele diz, seus olhos vidrados nos meus, me fazendo corar - Sarah, me desculpe.

- Tudo bem - sussurrei, revirei os olhos e envolvi o pano de sua camiseta em meus dedos.

- Não, não está - ele suspira e encosta dua cabeça na parede - Eu tenho muitas coisas para me desculpar.

- Tudo bem, de verdade, eu te perdoo - sorriu e ele me encara - Depois de pensar bastante, entendo um pouco o porque de você ter escondido isso de mim. Nem sempre temos escolhas, não é mesmo? Eu perdoo você e espero que me perdoe também.

- Te perdoar? - ele franziu o cenho, confuso, ao me ver me espremer e ajoelhar, para pegar a bala.

- Por você ter que fazer isso - peguei sua mão e a abri, colocando a pequena bala sobre ela - Pude sentir a magia dos anéis assim que você entrou, sei que está com você. Nós iremos sair daqui e eu irei prender Amara, irei fazer tudo o que for necessário. Mas não estou em boas condições, estou drogada, meus poderes não estão a cem por cento, por isso se não der certo, se eu não conseguir jogá-la apenas com meus poderes, você precisará atirar.

Ao ouvir passos pesados no lado de fora me virei para a porta, os demônios passaram correndo pelo corredor, sem perceber que estávamos ali. O móveis rangeram, percebi que eles estavam abrindo a porta no final do corredor. Prendi a respiração até ouvir a porta bater, tendo certeza de que eles se foram, coloquei a mão na maçaneta, mas antes de abri-la fui interrompida por Dean, que segurou meu pulso.

- Explique mais esse plano - ele revirou os olhos - Não sei se consigo atirar em Amara se vocês estiverem muito longe.

- Você não vai atirar em Amara - franzi o cenho e um pequeno sorriso falso surgiu em meu rosto - Você vai atirar em mim.

- Eu não vou atirar em você! - ele exclamou, quase gritando - Você está louca?

- Você não irá conseguir atirar em Amara, ela pode perceber e desviar a bala para sua direção, ou de Sam, não sei se terei força o suficiente para proteger vocês - sussurro e olho para baixo - Ela é muito forte, Dean. 

- Mas... - ele também olha para baixo e suspira - Eu não vou conseguir atirar em você.

- Você precisa. Esse é o meu destino e eu vou segui-lo, cansei de fugir, de me esconder e ver pessoas morrendo pelo meu medo - levantei minha mão até seu rosto, fazendo-o olhar para mim - Nesse tempo que estive longe passei a pensar em muitas coisas em vários modos diferentes, passei em acreditar em destino. Passei a ter uma longa teoria sobre o porque de não ver sua aura ou ler o seu pensamento, isso pode significar várias coisas, mas eu prefiro acreditar que eu não posso fazer tudo isso por que eu fui feita para amar você, afinal qual seria a graça de usar meus poderes com quem eu amo? Foi o destino que me fez ser quem sou, que me fez perder tudo, mas também foi o destino que me fez conhecer você e sou eternamente grata por isso. Eu já pensei em odiá-lo, eu queria poder odiar, mas parece que quanto mais tento, mais eu me apaixono por você. E eu amo você, Dean. 

- Eu... - ele parece assustado demais para conseguir me responder - Eu também amo você.

- Agora você não parece tão idiota - sorrio, ainda com minha mão em seu rosto, o sorriso se desfazendo aos poucos - Você precisa prometer, Dean.

- Eu...

- Prometa que fará o que for necessário, por favor, por mim.

- Tudo bem - ele sussurra - Eu prometo.


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