Capítulo 6

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- Temos que ligar para Kath Dragicevic - Sam diz e pega o celular, vendo minha cara de "quem diabos é essa mulher?" ele decide me explicar - Kath é uma vidente, precisamos de uma para te colocar em transe hipnótico e fazer com que você saiba se é um anjo ou não. 

- Vocês fizeram isso com aquela tal... Anna?

- É - responde Dean - Só que a vidente era a amiga de Bobby, Pamela Barnes.

- Onde ela esta agora?

- Morta - ele disse, suspirou e se encostou na parede.

- Tudo bem, liguei para Kath e convenci ela a vir, o que foi bem difícil.

Enfiei minha mão dentro do bolso da jaqueta preta que estava usando e peguei minha caixinha de remédio, joguei alguns na minha mão e engoli. Apoiei meus cotovelos nos meus joelhos e cobri meu rosto com minhas mãos, suspirei e fechei os olhos. Eu estava extremamente cansada, mas não conseguia descansar. Passaram-se alguns longos minutos, ou horas, até que ouço o barulho da porta abrindo.

- Bela espelunca vocês tem aqui - uma voz, muito, esganiçada diz. Levando a cabeça, vendo uma mulher com cabelos loiros, uma blusa curta com uma bela vista para seus peitos, um jeans rasgado e uma cara de pouco caso - Essa é a garota de quem você estava falando, Sammy?

- Sam - corrigiu ele, incomodado - E sim.

- Não seja chato, Sammy - ela riu - Venha aqui, garotinha, vamos ver o que tem em sua cabeça.

- Meu nome é Sarah - disse revirando os olhos.

- Tudo bem, garotinha - ela deu de ombros.

Suspirei e segui eles, que foram até o quarto ao lado do de Dean, o quarto vazio. Ela apontou para a cama pedindo para que eu me deitasse. Eu exitei, mas deitei-me na mesma. Ela sentou na beirada da cama, arregaçou a manga e esticou suas mãos em direção a minha cabeça, ainda não me tocando.

- Você está preparada, garotinha? - ela riu - Isso vai ser bem desconfortável.

Olhei para Sam que estava ao lado da cama, depois desviei meu olhar para Dean que estava afastado, encostado na porta. Murmurei algo que soou como "vá em frente" e fechei os olhos.

Tudo estava quieto, eu achei que ela não iria fazer. Soltei um resmungo e quando fui abrir a boca, para mandar ela ir logo com isso, eu senti as suas mãos gélidas contra minha testa. Primeiro eu senti o poder das mãos dela e depois eu senti a dor, foi como quando eu toco nas pessoas - mas algumas centenas de vezes pior. Soltei um grito estridente, estava difícil respirar, era como se o ar fosse inexistente ali. Começou como pequenas imagens, coisas que eu nem me lembrava da minha infância e depois, minha vida inteira passou diante de meus olhos. Os primeiros passos, a primeira vez que andei de bicicleta, o meu primeiro beijo, quando tudo isso começou. O incêndio na minha casa, o fogo subindo pelas paredes, depois subindo em mim, a dor do fogo em minha pele - como se ela estivesse sendo arrancada -, acordar no hospital e saber que minha mãe estava morta. As várias vezes em que tive uma sobrecarga, todas as vezes que meu pai dizia que eu estava possuída, todas as vezes que ele me trancava e tentava me exorcizar, todas as vezes que ele dizia que eu era o demônio. Minha irmã sendo assassinada, eu segurando-a em meus braços. Literalmente, toda a minha vida.

Eu gritava várias vezes para eles pararem, mas era como se eles não me escutassem. Era como se eu estivesse vivendo minha, horrível, vida novamente. Eu só queria que eles parassem. Não sei quantas vezes eu havia pedido para eles pararem, só sei que eu sentia como se estivesse morrendo.


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