Capítulo 14

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Fazia bastante tempo que eu não saia do quarto, talvez alguns dias. Nem sei o por que de estar assim, peso na consciência eu acho, mas não importa, eu não podia ficar aqui me lamentando enquanto tem uma garota tentando destruir o mundo. Levanto da cama, onde fiquei por bastante tempo, passei as mãos pelo meu cabelo, tentando arrumá-lo, e saí. Andei sem rumo, virando em alguns corredores que eu nem sabia que havia ali e dei de cara com uma pequena sala, uma pequena televisão ligada no canto esquerdo, alguns sofás de couro a sua frente e Dean sentado no mesmo, bebendo uma cerveja.

- O que é preciso fazer pra arranjar alguma coisa para comer nesse lugar? - digo, fingindo estar brava e Dean se vira rapidamente, um pouco chocado por me ver fora do quarto.

- Sarah - ele diz e se vira para a televisão novamente - É um prazer ter você de volta a vida.

- É - dou de ombros e sento-me ao seu lado, ele parecia inquieto, incomodado - O que está acontecendo?

- Nada.

- Ah, qual é! Não preciso ler seus pensamentos para saber que tem alguma coisa errada - exclamo e ele continua quieto - Você sabe que pode confiar em mim.

- Eu... - ele me encara e suspira - É o Sam, está acontecendo algumas coisas estranhas com ele.

- Coisas estranhas?

- É, ele está tendo visões - ele suspira novamente e depois faz uma careta de desgosto - E acha que Deus está por de trás disso.

- Você não acredita em Deus?

- Acredito - ele dá um sorriso falso - Também acredito que ele não se importa, que ele desistiu de nós.

- Eu acho que ele se importa - suspiro e me afundo no sofá - Quando eu estava trancada naquele hospital psiquiátrico, por seis anos, eu cheguei a desistir. Por que, claro, eu estava presa em um lugar cheio de pessoas loucas, acusada de fazer uma coisa que nunca teria coragem de fazer. E eu não tinha que lidar só com minha história triste, eu tinha que lidar com a histórias tristes de todos ali, era cansativo. Eu não sei se estava desistindo por que sou fraca, mas naquele dia eu rezei e pedi para que Deus me ajudasse.E eu não tive o mesmo sonho que tenho sempre, Dean, foi a primeira e única vez que tive um sonho bom. No sonho eu era normal, eu estava feliz, estava pintando um quarto de rosa... Eu estava grávida, Dean, e estava muito feliz.

- Isso soa como um especial de natal - ele disse.

- Você nunca quis? - digo.

- Quis o que? - ele pergunta, confuso.

- Ter uma vida normal - começo a divagar e ele me encara sem dizer nada - Ser normal.

- Eu... - ele começa, mas não termina. Vendo o quão ridícula eu estava soando, tentei melhorar as coisas.

- Não que isso importe - me levanto rapidamente - Só estou tentando dizer que posso ajudar.


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