Capítulo 36

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Depois do pequeno incidente no lago, fomos - ainda molhados - para uma lanchonete qualquer no caminho e fizemos uma competição sobre quem comida mais, ele ganhou é claro. Eu estava quase morrendo de tão cheia, nunca havia rido tanto na minha vida. Durante a volta, já é de madrugada, por isso encosto minha cabeça na janela e, como estava cansada, durmo.


Eu corria pelo corredor com toda a velocidade que conseguia, mas parecia impossível, meu corpo parecia pesado e eu parecia não sair do mesmo lugar. Desistindo de correr, paro, ofegando, olho para trás e vejo vários demônios correrem para chegar até mim, me desespero. Eu parecia cansada demais para conseguir continuar correndo, sentia minha vista embaçada e mal conseguia ficar de pé, sinto uma mão me puxando e volto a olhar para frente, onde Sam e Dean estão.

- Vamos - Dean me puxa, mas meus pés parecem estar colados no chão - Precisamos sair daqui, Sarah.

- Eu não consigo - digo, balançando minha cabeça em negação - Não consigo andar, estou fraca demais para isso.

- Nós vamos conseguir se corrermos agora - Sam diz e Dean me puxa mais uma vez, minhas pernas finalmente parecem funcionar e eu corro, cambaleando.

- Vocês deveriam...

- Se você disser te deixar aqui... - Dean diz - Eu te arrasto para fora.

Sorrio e pisco, tentando focar minha visão em uma só coisa, eu já estava conseguindo ver dois Dean's. Paro de correr quando vejo que a nossa frente há vários demônios, olho para trás e lá também há, estamos cercados. Passo a mão pelo rosto e puxo o braço de Sam, que vira para mim ao mesmo tempo que Dean.

- Vocês precisam sair daqui - digo e levanto minhas mãos em direção a sua testa.

- Espera - Dean exclama - O que pensa que está fazendo? E você?

- Eu consigo lidar com eles.

- Você mal consegue ficar em pé - ele exclama, eu apenas nego com a cabeça e levanto minhas mãos novamente - Nem pense em fazer isso.

- Encontro vocês lá fora - ignoro o que ele disse e, antes que ele consiga responder, coloco meu dedo em sua testa, fazendo-os desaparecer.

Tudo gira e eu já estou no gramado novamente, sentindo o tiro perfurar meu estômago e o sangue escorrendo pelos meus dedos, apesar do sol atrapalhando minha visão e a dor alucinante que sinto, consigo ver Dean a metros de mim, com os olhos arregalados, segurando a arma em suas mãos.


Abro os olhos e coloco minhas mãos sobre o estômago, ainda sentido a dor. Olho em volta e percebo que ainda estou no carro, com Dean ao volante, tento respirar e ignorar a dor que ainda sinto.

- Outro pesadelo - ele diz, seu cenho franzido.

- É - digo e solto um gemido de dor, tiro a mão de meu estômago e olho para elas, esperando ver sangue, mas ela está limpa.

- O mesmo de sempre?

- É... - digo e olho para ele, que para de olhar para a estrada e me encara, suas sobrancelhas arqueadas - Não?

- Se está tendo sonhos diferentes - ele balança a cabeça - Deveria ter nos contado. O que acontece nesse sonho?

- Eu... - suspiro e fecho os olhos - Preciso mesmo dizer?

- Precisa.

- As vezes são diferentes, mas sempre acaba do mesmo jeito - me afundo no bando do carro e olho para a janela - Tem dias que sonho que estamos fugindo de demônios, como hoje, sempre corremos e eu sempre pareço estar bêbada, sempre ficamos cercados e sem saída, então eu coloco meus dedos na testa de vocês e, como mágica, vocês desaparecem.

- Desaparecemos? - ele olha para mim - Tipo, nós morremos?

- Não - arregalo os olhos e balanço a cabeça - Antes disso eu digo algo como "Vejo vocês lá fora".

- E você fica lá? - ele diz e eu concordo com a cabeça - Não é uma coisa inteligente a se fazer. E o outro sonho?

- O outro me assusta - digo - Nós estamos no meio de um gramado e Amara está atrás de mim, eu jogo alguma coisa no chão e um enorme buraco se abre lá. Eu não faço ideia do que está acontecendo e ainda pareço estar bêbada. Eu grito para alguém atirar, mas parece que ninguém escuta, grito novamente e, logo depois, estou com uma bala no estômago e caindo no buraco.

- O que? - ele exclama - Quem atira em você?

- Você - sussurro e ele vira para mim - Antes de cair eu sempre consigo ver você, segurando uma arma. 

- Você, definitivamente, viu errado.

- Não - sussurro - É você Dean. Mas era exatamente o que você tinha que fazer, eu gritei para você atirar em mim e, de alguma maneira, eu e você sabíamos que aquela era a única saída.

Ele não diz nada, ficamos em silêncio pelo resto do caminho.Quando chegamos a frente do Bunker, estava chovendo, por isso tivemos que correr para não nos molharmos e, para melhorar, Dean não conseguia abrir a porta.

- Abra logo essa maldita porta - exclamo, mas depois sorrio - Você está perdendo a luta contra a porta.

- Pronto - ele diz, revirando os olhos.

Entro e passo a mão sobre meu rosto, olho em volta e automaticamente coloco minhas mãos sobre meus olhos. Sam estava no sofá, junto com uma garota de cabelos loiros, se agarrando. Até seria normal se eles não estivessem pelados.

- Ah qual é! - solto uma gargalhada - No sofá? Você tem uma cama, Samuel.

Continuo com os olhos fechados enquanto escuto, o que parece, eles se levantarem. Escuto os pensamentos da garota que não está muito satisfeita por nós termos atrapalhado.

- Tudo bem, já estou saindo - digo, ainda rindo e tendo ir para meu quarto com os olhos fechados.

- Vamos - Dean diz e me puxa pelo braço, me ajudando a andar.

Antes de sairmos da sala, Dean grita "Esse é meu garoto", solto uma garalhada. Ele para de andar e eu o acompanho, ainda com os olhos fechados.

- Você já pode abrir os olhos, Sarah - ele diz e eu abro meus olhos vagarosamente.

- Parece que atrapalhamos coisas importantes ali - digo e solto uma gargalhada, ele ri também.

Ficamos ali parados por alguns segundo, abro a porta e entro.

- Preciso dormir - digo e sorrio - Obrigado por hoje Dean.

Fecho a porta, mas antes de conseguir fechá-la completamente, Dean a empurra.

- Olhe, Sarah - ele diz - Sobre o seu sonho...

- Foi apenas um sonho - digo e dou de ombros - Nem todos se tornam realidade. Eu sei que você nunca atiraria em mim se não fosse extremamente necessário. Eu confio em você, Dean.

Ele sorri e tira mão da porta.

- Boa noite Sarah - é a última coisa que consigo ouvir antes de fechar a porta.


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