Depois do pequeno incidente no lago, fomos - ainda molhados - para uma lanchonete qualquer no caminho e fizemos uma competição sobre quem comida mais, ele ganhou é claro. Eu estava quase morrendo de tão cheia, nunca havia rido tanto na minha vida. Durante a volta, já é de madrugada, por isso encosto minha cabeça na janela e, como estava cansada, durmo.
Eu corria pelo corredor com toda a velocidade que conseguia, mas parecia impossível, meu corpo parecia pesado e eu parecia não sair do mesmo lugar. Desistindo de correr, paro, ofegando, olho para trás e vejo vários demônios correrem para chegar até mim, me desespero. Eu parecia cansada demais para conseguir continuar correndo, sentia minha vista embaçada e mal conseguia ficar de pé, sinto uma mão me puxando e volto a olhar para frente, onde Sam e Dean estão.
- Vamos - Dean me puxa, mas meus pés parecem estar colados no chão - Precisamos sair daqui, Sarah.
- Eu não consigo - digo, balançando minha cabeça em negação - Não consigo andar, estou fraca demais para isso.
- Nós vamos conseguir se corrermos agora - Sam diz e Dean me puxa mais uma vez, minhas pernas finalmente parecem funcionar e eu corro, cambaleando.
- Vocês deveriam...
- Se você disser te deixar aqui... - Dean diz - Eu te arrasto para fora.
Sorrio e pisco, tentando focar minha visão em uma só coisa, eu já estava conseguindo ver dois Dean's. Paro de correr quando vejo que a nossa frente há vários demônios, olho para trás e lá também há, estamos cercados. Passo a mão pelo rosto e puxo o braço de Sam, que vira para mim ao mesmo tempo que Dean.
- Vocês precisam sair daqui - digo e levanto minhas mãos em direção a sua testa.
- Espera - Dean exclama - O que pensa que está fazendo? E você?
- Eu consigo lidar com eles.
- Você mal consegue ficar em pé - ele exclama, eu apenas nego com a cabeça e levanto minhas mãos novamente - Nem pense em fazer isso.
- Encontro vocês lá fora - ignoro o que ele disse e, antes que ele consiga responder, coloco meu dedo em sua testa, fazendo-os desaparecer.
Tudo gira e eu já estou no gramado novamente, sentindo o tiro perfurar meu estômago e o sangue escorrendo pelos meus dedos, apesar do sol atrapalhando minha visão e a dor alucinante que sinto, consigo ver Dean a metros de mim, com os olhos arregalados, segurando a arma em suas mãos.
Abro os olhos e coloco minhas mãos sobre o estômago, ainda sentido a dor. Olho em volta e percebo que ainda estou no carro, com Dean ao volante, tento respirar e ignorar a dor que ainda sinto.
- Outro pesadelo - ele diz, seu cenho franzido.
- É - digo e solto um gemido de dor, tiro a mão de meu estômago e olho para elas, esperando ver sangue, mas ela está limpa.
- O mesmo de sempre?
- É... - digo e olho para ele, que para de olhar para a estrada e me encara, suas sobrancelhas arqueadas - Não?
- Se está tendo sonhos diferentes - ele balança a cabeça - Deveria ter nos contado. O que acontece nesse sonho?
- Eu... - suspiro e fecho os olhos - Preciso mesmo dizer?
- Precisa.
- As vezes são diferentes, mas sempre acaba do mesmo jeito - me afundo no bando do carro e olho para a janela - Tem dias que sonho que estamos fugindo de demônios, como hoje, sempre corremos e eu sempre pareço estar bêbada, sempre ficamos cercados e sem saída, então eu coloco meus dedos na testa de vocês e, como mágica, vocês desaparecem.
- Desaparecemos? - ele olha para mim - Tipo, nós morremos?
- Não - arregalo os olhos e balanço a cabeça - Antes disso eu digo algo como "Vejo vocês lá fora".
- E você fica lá? - ele diz e eu concordo com a cabeça - Não é uma coisa inteligente a se fazer. E o outro sonho?
- O outro me assusta - digo - Nós estamos no meio de um gramado e Amara está atrás de mim, eu jogo alguma coisa no chão e um enorme buraco se abre lá. Eu não faço ideia do que está acontecendo e ainda pareço estar bêbada. Eu grito para alguém atirar, mas parece que ninguém escuta, grito novamente e, logo depois, estou com uma bala no estômago e caindo no buraco.
- O que? - ele exclama - Quem atira em você?
- Você - sussurro e ele vira para mim - Antes de cair eu sempre consigo ver você, segurando uma arma.
- Você, definitivamente, viu errado.
- Não - sussurro - É você Dean. Mas era exatamente o que você tinha que fazer, eu gritei para você atirar em mim e, de alguma maneira, eu e você sabíamos que aquela era a única saída.
Ele não diz nada, ficamos em silêncio pelo resto do caminho.Quando chegamos a frente do Bunker, estava chovendo, por isso tivemos que correr para não nos molharmos e, para melhorar, Dean não conseguia abrir a porta.
- Abra logo essa maldita porta - exclamo, mas depois sorrio - Você está perdendo a luta contra a porta.
- Pronto - ele diz, revirando os olhos.
Entro e passo a mão sobre meu rosto, olho em volta e automaticamente coloco minhas mãos sobre meus olhos. Sam estava no sofá, junto com uma garota de cabelos loiros, se agarrando. Até seria normal se eles não estivessem pelados.
- Ah qual é! - solto uma gargalhada - No sofá? Você tem uma cama, Samuel.
Continuo com os olhos fechados enquanto escuto, o que parece, eles se levantarem. Escuto os pensamentos da garota que não está muito satisfeita por nós termos atrapalhado.
- Tudo bem, já estou saindo - digo, ainda rindo e tendo ir para meu quarto com os olhos fechados.
- Vamos - Dean diz e me puxa pelo braço, me ajudando a andar.
Antes de sairmos da sala, Dean grita "Esse é meu garoto", solto uma garalhada. Ele para de andar e eu o acompanho, ainda com os olhos fechados.
- Você já pode abrir os olhos, Sarah - ele diz e eu abro meus olhos vagarosamente.
- Parece que atrapalhamos coisas importantes ali - digo e solto uma gargalhada, ele ri também.
Ficamos ali parados por alguns segundo, abro a porta e entro.
- Preciso dormir - digo e sorrio - Obrigado por hoje Dean.
Fecho a porta, mas antes de conseguir fechá-la completamente, Dean a empurra.
- Olhe, Sarah - ele diz - Sobre o seu sonho...
- Foi apenas um sonho - digo e dou de ombros - Nem todos se tornam realidade. Eu sei que você nunca atiraria em mim se não fosse extremamente necessário. Eu confio em você, Dean.
Ele sorri e tira mão da porta.
- Boa noite Sarah - é a última coisa que consigo ouvir antes de fechar a porta.
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Insanity
FanfictionQual a possibilidade de dizer para as pessoas que você consegue ver auras, ler pensamentos, saber tudo sobre alguém apenas com um toque, ter sonhos que muitas vezes se realizam, ter visões pré-apocalípticas e elas levarem numa boa? Bom, nenhuma. Fan...