Não conseguia me mover. Tudo doía. Cada parte do meu corpo doía. Minha cabeça parecia a ponto de explodir. Eu mal conseguia me olhar. Estava tão machucada. Parecia pior que a dor do coração quebrado, mas não era. Um tempo depois, não sei quanto, minha mãe entrou.
Melinna: Sinto muito - se desculpou e sentou no chão perto de mim. - Fiquei assustada, não devia ter deixado ele fazer isso
Gabriella: Tudo bem, mãe, ele é forte. Você não ia conseguir impedi-lo - justifiquei.
Melinna: Eu vou cuidar de você - disse.
Gabriellas: As meninas foram buscar - tossi. - Primeiros socorros - completei e tentei respirar melhor.
Melinna: Você tá sangrando muito, me perdoa - se desculpou.
Gabriella: Não se preocupa comigo, vou ficar bem - tentei tranquilizá-la. - E a culpa não é sua, mãe, para de me pedir desculpas! - pedi. As meninas entraram em seguida.
Manuella: É tudo o que achamos! - disse. - Tem álcool, anti-séptico, anti-inflamatório, anti-alérgico, band-aid - informou. - E não sei mais o que - entregou a caixa pra minha mãe.
Melinna: Serve! - ela colocou álcool no algodão.
Gabriella: Mãe, vai queimar - resmunguei.
Melinna: Eu sei, mas vai precisar - ela colocou álcool no canto da minha boca e eu gritei. - Calma, filha
Gabriella: Mãe, isso dói - choraminguei.
Melinna: Eu sei - ela comprimiu os lábios e começou a passar o algodão no meu nariz. Gemi de dor. - Tudo bem, filha, já vai acabar - assegurou. Enquanto ela passava álcool onde sangrou, as meninas passavam pomadas no meu braço e na minha bochecha. - Pronto, passou - disse se livrando do algodão. Ela colocou curativo na boca e no nariz, que já tinham parado de sangrar e as meninas enfaixaram meus braços.
Gabriella: Enfaixar braço? - perguntei confusa.
Manuella: Ah sei lá, pra não aparecer os roxos - deu de ombros.
Gabriella: Aparecer? - tossi. - To de castigo, Manu, não saio tão cedo de casa - disse. Ela fez um muxoxo com a boca e acariciou meu cabelo. As meninas saíram, deixando eu e minha mãe sozinhas.
Gabriella: Se ele soubesse... - comentei.
Melinna: Não pode, filha! - disse séria.
Gabriella: Eu sei - murmurei. - Se você soubesse antes também...
Melinna: Não entendo porque não me contou antes, eu tive que ver você machucada pra você falar
Gabriella: Eu não sabia o quanto tava errado, sinto muito - me desculpei.
Melinna: Tudo bem, já passou - disse. - Quer me contar o que aconteceu no Rio de Janeiro? - perguntou. Respirei fundo. Contei tudo pra ela.
Gabriella: Ele mudou tanto, foi tão diferente ver ele daquela forma. E sabe, a culpa não é só de um, é dos dois
Melinna: Eu sei, o Fernando obrigou ele a ir. Achava que ele tava te fazendo mal, que ele não era bom pra você - deu de ombros.
Gabriella: Ele achava isso?
Melinna: Achava, e pior, achava que ele podia te matar, então afastou ele
Gabriella: E agora ele é um assassino louco e psicótico
Melinna: Será que ele realmente mudou?
Gabriella: Mudou, mãe, você tinha que ver. O olhar, a voz, até o jeito de andar dele tá diferente, ele tá diferente em tudo
Melinna: Você transou com ele lá?
Gabriella: Sim, e não foi a mesma coisa de antes, ele tava frio e bruto
Melinna: Não acredito nisso! E é tudo culpa do Fernando!
Gabriella: Tudo não, ele tá matando por que ele quer! Os dois não prestam
Melinna: Eu sei, mas as coisas vão melhorar - garantiu.
(...) Os roxos já não estavam mais roxos, então coloquei uma camiseta da Código Girls e um short jeans da Buffallo, e após colocar meu tênis da Ralph Lauren desci as escadas com a Manu e nem olhei na cara do meu pai.
Bobby: Escuta aqui - me puxou pelo braço me fazendo olhar pra ele. - Primeiro vacilo você já sabe! - ameaçou.
Gabriella: Claro, não precisa me lembrar que você vai me espancar - disse com ironia e ele levantou a mão pra mim.
Melinna: Não não! Nada disso, Fernando, não vai mais bater nela - segurou a mão dele e me puxou pra perto dela. Eles ficaram se encarando e minha tia foi pra se intrometer e meu padrinho não deixou.
Deco: Chega hein, Fernando! - alertou.
Bobby: Culpa sua por ela ser assim, mas vou colocar ela na linha rapidinho. Vai ser nos meus termos daqui pra frente - falou com a minha mãe e ignorou meu tio.
Melinna: Que seja, mas você não encosta mais um dedo nela ou pego ela e o Xandinho e vou embora daqui, e você não me vê nunca mais, Fernando! - ameaçou.
Bobby: Que seja, vamos logo! - chamou. Saímos de casa e minha mãe não me largou um minuto. Eu ainda tava com curativo na boca, e era bem visível. - Quero que você fique numa barraca - falou comigo. Virei a cara e não respondi. - Não vai mesmo falar comigo?
Gabriella: Eu deveria? Depois do que você fez? - perguntei ainda sem olhar pra ele.
Bobby: Fiz pro teu bem! Não dá pra ser mimada como você é aqui não, ainda que sou teu pai e todos respeitam isso! - se justificou. Não dei moral. - Vossa majestade pode, por favor, ficar numa barraca? - pediu. Olhei pra ele.
Gabriella: Fico, mas fico na de tiro ao alvo - disse séria.
Bobby: Que seja então - deu de ombros.
Manuella: Eu fico com ela! - olhou feio pra ele e ele revirou os olhos.
Bobby: Fica aonde tu quiser, Manuella - disse sem paciência.
Manuella: Fico mesmo!
Bobby: Como é que é?
Manuella: Isso que tu escutou, não sou gravador! - quase gritou.
Guga: Amor, dá uma segurada vai! - pediu e puxou ela pra perto dele.
Manuella: Me larga, garoto! - reclamou.
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Mulher de Traficante (TEMP 1) COMPLETA
Teen FictionCOMPLETA PARA SEMPRE ❣ +18 "Se duas pessoas foram feitas para ficarem juntas, eventualmente acharão o caminho de volta." Eu nunca quis me apaixonar, muito menos por o dono de um morro. Nunca quis ter a vida que eu sei que as mulheres que vivem lá tê...