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Ele se afastou e fechou a porta. O Bobby arrancou tão rápido que eu quase bati a cabeça.
Melinna: Devagar pau no cu! A Gabi e a Lari vão bater a cabeça! - brigou com ele.
Bobby: Foi mal aí - se desculpou. 3 minutos depois a gente tava no hospital, porr! Ele corre mais que o Polegar. Ele estacionou e o Polegar saiu, e abriu a porta. A Lari saiu com cuidado colocando meu pé no colo da Babi, depois a Babi saiu devagar, aí minha tia saiu. A porta de trás de mim abriu e eu senti alguém me pegar no colo, mas não era o Polegar. Ele tava na minha frente. Passei os braços pelo pescoço do Bobby e minha mãe saiu do carro, travou e entramos no hospital.
Bárbara: Segura minha amiga direito, Bobby! - mandou.
Bobby: Olha aqui Bárbara Neves... - começou, mas minha mãe interrompeu.
Melinna: Olha a putaria! - repreendeu os dois. Larissa se matou de rir. Vieram várias enfermeiras com maca, mas o Bobby não me colocou em nenhuma. Apareceu o médico amigo dele.
Jorge: O que aconteceu, Bobby? - perguntou.
Bobby: Minha filha caiu da bancada da cozinha, olha o pé dela - minha tia tava segurando a bolsa de gelo e tirou pro médico olhar.
Jorge: Já tá muito roxo e inchado! Vem, vamos tirar raio-x - ele foi andando e seguimos ele, e entra todo mundo mesmo. - Entra aqui, Bobby - pediu abrindo uma porta e o Bobby entrou comigo. - Coloca ela sentada ali - apontou pra uma coisa lá e o Bobby fez o que ele pediu. Entrou todo mundo e minha mãe veio do meu lado.
Melinna: Vou ficar aqui - sorriu e me ajudou a ficar sentada com o pé direito esticado.
Jorge: Fica com essa perna bem esticada ta? - pediu. Assenti, apesar que tava doendo demais. Tentei me segurar o máximo possível pra não chorar, cheguei a arranhar minha mãe de tanta força que apertava a mão dela.
Gabriella: Desculpa, mãe - pedi, me afastando.
Melinna: Não, não! - me puxou de volta - Eu sei que dói, tá tudo bem filha - disse. Eu só queria minha família do meu lado, era muita dor. Eu ficava carente de família quando me machucava.
Gabriella: Pai... - falei muito baixo, mas ele ouviu.
Bobby: Tudo bem, to aqui - veio do lado da minha mãe. Comecei a chorar.
Gabriella: Tá doendo, não aguento mais ficar com ele esticado - drama é o excelentíssimo senhor caralho, só eu sabia o quanto tava doendo. O Polegar tava com o olho molhado, ele virou e colocou a mão no rosto. A Babi e a Lari estavam chorando e minha tia falando com o Polegar.
Jorge: Pode tirar, já tenho o diagnóstico - disse. Puxei a perna de volta e deitei a cabeça no ombro da minha mãe, chorando. - Quebrou o osso do calcanhar,a pancada foi muito forte, por pouco não foi fratura exposta. Vamos ter que colocar gesso ou bota! - disse. Chorei mais ainda, odiava gesso. Lembro quando tinha 9 anos e quebrei o pé no balé, foi a pior dor que já senti, fiquei com gesso por 9 meses. E uma segunda vez, aos 11, escorreguei na borda da piscina na natação e quebrei o pé. 3 vezes o mesmo pé!
Melinna: Filha, fica calma - pediu. Bobby me pegou no colo de novo.
Jorge: Vamos pra minha sala, lá eu coloco o gesso
Gabriella: Não quero, mãe, não quero - pedi.
Melinna: Filha, precisa, por favor - saímos da sala e entramos na sala do médico que era em frente. Veio todo mundo atrás.
Gabriella: Tia, não quero - disse.
Patrícia: Gabi, como seu pé vai ficar bom sem gesso?
Gabriella: Não sei, mas não quero - disse. Bobby me colocou na maca e eu chorava muito.
Bárbara: Amiga, por favor - pediu. Ela tava chorando abraçada na Lari que não tava olhando, mas tava chorando.
Gabriella: Eu não quero! - puxei minha mãe e abracei ela. Ouvi ela chorar, ela sabia como era terrível pra mim gesso, eu tinha pavor. E ouvir minha mãe chorar me dava uma dor inexplicável, era mais difícil suportar isso do que qualquer outra coisa que eu tivesse enfrentar, eu enfrentava tudo, mas não suportava minha mãe chorando.
Melinna: Filha, por favor! - pediu.
Gabriella: Tudo bem - murmurei. Ela me soltou.
Melinna: Sério?
Gabriella: Sim, mãe! Pode colocar - segurei o choro. O médico pediu pra esticar a perna na maca e eu estiquei, e dessa vez não ia chorar, mas em compensação acabei com a minha boca. Eu mordi meu lábio até o sangue pra não gritar e não chorar. Ele colocou o gesso e depois uma bota preta toda fechada até o joelho.
Jorge : Isso vai te ajudar, vai ser melhor pra andar - assenti, segurando as lágrimas. - Vou passar um remédio pra ela Bobby, além da injeção de anestesia pra aliviar a dor - ele aplicou uma injeção na minha coxa e aquilo queimou por dentro. Senti meu corpo todo pulsar, e doeu, doeu muito. Ele sentou na mesa e fez a receita. Entregou um pacote pra minha mãe e a receita pro Bobby. - Aí no pacote tem anestesia e as seringas. Só aplica quando ela sentir dor ou o osso. E na receita, os remédios que ela vai precisar, eles são bem caros - explicou.
Bobby: Dinheiro não é problema! - o médico assentiu e nos dispensou. Dessa vez o Polegar que me pegou, porque minha mãe precisava do Bobby, e eu precisava do Polegar. É, precisava. Sem mimimi.
Polegar: Foi difícil - disse.
Gabriella: O que? - perguntei. Estávamos andando pelo corredor em direção à saída.
Polegar: Te ver ali chorando com dor e não poder fazer nada - o olho dele tava meio vermelho.
Gabriella: Você chorou?
Polegar: O que mais eu podia fazer? A culpa foi minha!

***

Ihh, Polegar tá se culpando. E agora?

Desculpa se a cena ficou forte demais, mas ela realmente não suporta gesso :/

Mulher de Traficante (TEMP 1) COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora