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3ª PESSOA

O som do relógio rústico que havia na sala raramente era ouvido durante o dia, onde os sons das pessoas sempre se sobressaiam. Porém, naquele momento, onde era apenas Louis e Mark na sala de estar em silencio, o relógio parecia o objeto mais barulhento do universo.

Louis havia se sentado em um sofá menor, virado de frente para seu pai. Sua respiração estava lenta, o espaço de tempo que seu peito descia e subia era longo, e cada vez que puxava ar para seus pulmões parecia que uma dor lhe afligia no local.

- Você está feliz agora? – Mark levantou o braço e apontou para a mala que Louis já havia reparado antes. A velocidade que seu braço se movera foi lenta, ele parecia cansado.

- Não, não estou feliz. – O tom de voz de Louis era baixo, assim como o de seu pai fora. – E você? Está feliz? Vai se livrar de mim.

- Eu pensei que isso era o que você queria. – Mark colou as costas no sofá, encarando Louis com seus olhos vermelhos.

- A única coisa que me faria feliz era ter você de volta, pai. – Louis inclinou o tronco para frente, devolvendo o olhar na mesma intensidade.

- E eu queria ter meu filho de volta, Louis. – Ele virou o rosto. – O homem, não o namorado do filho da empregada. – Havia um nojo em sua voz que Louis achou que poderia ser até palpável.

Novamente Louis pôde ouvir o alto barulho do relógio. Parecia uma eternidade entre os intervalos de um segundo e outro. Era incrível como seu pai parecia mudar tudo ao redor de Louis. Ele chegara de um mundo onde estava verdadeiramente feliz e foi jogado de volta a mais escura realidade.

- Eu ainda sou um homem. – Louis falou com raiva, porém seu tom era baixo, fazendo sua garganta rasgar. – Eu sou um homem independente de quem dorme na minha cama. Ser um homem tem a ver com o seu caráter, não com sua sexualidade.

- E você tem algum caráter? – Ele arqueou a sobrancelha, desafiador. Louis sentiu seu estomago revirar.

- Se me falta caráter é porque você não tem nenhum em seu DNA para repassar. – Louis fez o mesmo gesto que seu pai, e pensou que aquela conversa estava seguindo um caminho realmente infantil. Mark sentiu o sangue ferver e desviou o olhar.

Louis suspirou e se deu por vencido. Não era momento para ser atrevido daquele jeito, seu pai estava indo embora, e isso era importante. Tentaria pela ultima vez ter uma conversa civilizada e sincera com ele.

- Por que você está dormindo aqui e não em um quarto de hóspedes? – Louis tentou começar a conversa de uma maneira aleatória.

- Não há televisão no quarto de hóspedes. – Compreensível.

Ambos suspiraram e Louis percebeu que seu pai o fitava de soslaio. Esfregou as palmas das mãos e deu mais um longo suspiro, passando a língua pelos lábios antes de continuar:

- Podemos conversar sem brigar?

- Para ser honesto eu estou realmente cansado de brigar.

- Então por que você insiste em brigar? – Mark virou os olhos para fitar Louis, que o observava com a testa franzida.

- Eu ainda tenho esperanças que você volte a ser o Louis de antes. – As palavras saíram de maneiras simples da boca do homem, como um suspiro. Havia tanto cansaço em seu tom de voz.

- Você pode desistir disso. – Respondera. – Você realmente precisa desistir disso.

- Eu ainda não entendo você, Louis. – Ele balançou a cabeça negativamente. – Você já não chamou atenção o suficiente?

You Really Got Me- Larry StylinsonWhere stories live. Discover now