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Liam POV

- Liam? Bom dia, filho, podemos conversar? – Ouvi meu pai bater na porta e me chamar. Pedi-o para que esperasse um segundo, já que eu estava vestindo minha camisa do uniforme.

Abotoei a camisa, vesti o casaco e caminhei até a porta, abrindo-a. – Bom dia, pai. – Falei, dando-o espaço para adentrar o quarto. Ele olhou envolta e sentou-se em minha cama. – Tudo bem?

- Eu estou bem, obrigado. – Me sentiu ao seu lado, pegando o tênis para calça-lo.

– Então, o que lhe traz aqui? – Olhei para ele de soslaio.

- Eu vim falar com você. Sabe, antes de viajar. – Ele afrouxou o nó da gravata, suspirando. – Você ouviu a discussão com a sua mãe, não ouviu? Sobre Liverpool. – Ele me olhou de novo, e eu, terminando de calçar o tênis, virei para ele na cama, sentando de lado. – Sua mãe desconfia que eu não estou indo somente a trabalho e... Bom, é uma besteira ela imaginar isso, mas eu achei melhor conversar com você, para não gerar nenhum tipo de raiva.

- Eu não ficaria com raiva de você. – Coloquei a mão em seu ombro, apertando o local. – Mesmo se fosse verdade.

- Você não ficaria bravo se eu traísse a sua mãe? – Ele me olhou confuso, arqueando uma sobrancelha, e eu ri anasalado.

- Bom, pai, se eu fosse você eu... Eu provavelmente já teria feito isso. – Falei, e a careta de confusão dele aumentou. – Deve ser difícil ficar em um relacionamento como o de vocês. O que você não encontra aqui, você vai ter de procurar em outro lugar. – Levantei os ombros, e ele olhou para frente.

- Eu... Eu não queria que fosse assim, sabe, Liam? – Ele apoiou os cotovelos nos joelhos, o rosto sobre as mãos e olhou para frente. – Quando éramos jovens nós realmente nos gostávamos, mas com o passar do tempo... Algo se perdeu. – Ele bufou. – Eu vou ser sincero dizendo que só estou aqui por você.

- Desculpe, pai, mas... Eu não preciso disso. – Abaixei a cabeça, brincando com as mãos sobre minhas pernas. – Eu preferia que vocês se separassem. Pelo menos um de vocês pode tentar ser feliz, e eu não teria que ouvir as discussões de vocês sempre que você está em casa. E eu sei que você passa pouco tempo em casa, mas eu entendo você.

- Eu queria passar mais tempo com você. – Ele sentou do mesmo jeito que eu estava sentado; de frente para mim. – Mas é um pouco impossível aqui.

- Eu sei, ela rouba todo o seu tempo com brigas e cobranças.

- Filho... Se eu desistisse desse inferno, você iria comigo? – Ele me olhou sério. – Você pode escolher ficar comigo, e nós podemos morar naquele nosso apartamento que alugamos nas férias. Não é grande como esse, mas é o suficiente para nós. E como eu viajo muito, eu posso comprar um carro para você depois. E o apartamento é no centro, você vai ter tudo bem perto de você. A escola é longe, mas você pode ir de ônibus, não é? – Ele falava animado, me olhando esperançoso. – Eu não quero pedir o divorcio e deixar você aqui, ela vai transformar sua vida em um inferno. Eu não quero deixa-lo, filho.

- Pai, eu... Eu espero desde os treze anos para você dizer isso. – Eu sorri, e ele fez o mesmo, aliviado.

- Quando eu voltar de Liverpool, eu vou conversar com a sua mãe e vamos terminar isso. – Ele riu fraco, suspirando. – Eu estou tão feliz pelo jeito que você se sente por isso, e que vai ficar ao meu lado.

- Eu não deixaria você fugir sozinho. – Ri, e ele se aproximou, me abraçando. Devolvi imediatamente.

- Eu te amo, ok, filho? – Ele me olhou, me segurando pelo rosto. – Eu te amo não importa o quê. – Falou, me dando um dos olhares mais significativos dele, o que me fez fazer uma careta de confusão. – Você sabe do que eu estou falando.

You Really Got Me- Larry StylinsonWhere stories live. Discover now