Capítulo 05

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"Quero tudo o que você possa me oferecer, absolutamente tudo. Mesmo sabendo que é errado, mesmo sabendo que você merece coisa melhor, quero você exclusivamente pra mim."


O motorista dirigia com calma e sem pressa, tinha dado ordens à ele para que parasse em algum café ali por perto. Encarei Anahí sentada ao meu lado, percebi que ela escrevia uma mensagem. Na certa avisando seus amigos que tinha ido embora da boate. Disfarcei quando ela guardou o celular e vi que ficou pensativa. Eu queria que ela me odiasse, queria que estivesse com tanta raiva de mim que nada do que eu dissesse a fizesse me perdoar. Seria melhor assim, se a gente nunca mais se visse, se um sumisse da vida do outro.

Mas se aquilo era tanto o que eu queria, porque eu não conseguia seguir com minhas próprias regras? Por que diabos segui Anahí até a boate? Por que não deixei que ela ficasse com o tal cara que parecia interessado nela? Fechei os olhos e apertei a ponte do nariz. Não gostava da forma como Anahí conseguia me confundir, confundir meus sentimentos e minhas vontades.

O motorista estacionou e gostei ao ver que o café ou lanchonete, chame como preferir, tinha boa aparência e estava praticamente vazio. Sai do carro e abri a porta pra ela.

- Obrigada! - ela respondeu seca e entrou na minha frente.

A campainha tocou quando passamos pela porta. Indiquei uma das mesas próximas da janela onde eu poderia ver meu motorista e ele nos ver. A garçonete logo se aproximou trazendo os cardápios.

- Eu quero um cappuccino. - pedi sem precisar olhar o cardápio.

- O mesmo pra mim. - Anahí forçou um sorriso pra moça.

- Algo mais? - ela sorriu voltando-se pra mim e percebi que me encarava de cima abaixo.

- Não obrigado, é tudo. - respondi.

Ela pareceu um pouco desapontada, mas nos deixou a sós. Anahí olhou o lugar em volta antes de suspirar.

- Sabe, durante o caminho fiquei pensando em tudo o que você me disse.

- E a que conclusão chegou? - uni meus dedos e apoiei minhas mãos na mesa.

- À nenhuma. - ela respondeu parecendo entediada. - Mas tenho algumas dúvidas.

- Se eu puder esclarecê-las. - dei de ombros.

- Você disse que se mudou pro México quando tinha 13 anos, de onde você veio?

- Isso não vem ao caso. - desconversei.

- Até onde sei, o seu pai morreu, foi depois da morte dele que você se mudou pro México? Ou você se mudou porque ele tinha morrido? - ela estreitou as sobrancelhas.

- Entenda como quiser, mas eu vim pro México depois que ele morreu.

- E onde está sua mãe? Você não têm tios, irmãos, nada?

- Não! - respondi seco.

- Ta... Outra dúvida! Você disse que acabou a escola e com o dinheiro das lutas pagou a faculdade, como você conseguiu acabar a escola sem um responsável pra te matricular e assumir a responsabilidade por você? Se você morava na rua como conseguiu terminar o colégio?

- Assim que cheguei fiz "amizade" com um homem, sai das ruas pra ir morar com ele. Ele era mais velho e se tornou responsável por mim até eu completar 18 anos.

- Quem é esse cara? Vocês ainda se veem? Como ele se sente sabendo que o garotinho de rua que ele ajudou se transformou num homem de sucesso?

- Não sei como se sente, ele morreu antes de eu completar 20 anos. - respondi tentando parecer frio, mas dizer aquelas palavras me incomodou.

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