Capítulo 146

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"Não me dá pena, mas entendo seu olhar. O olhar de um homem que perdeu tudo, que foi humilhado e rebaixado. Infelizmente, houve um dia em que me senti como ele."





Vicente

Eles me bateram, me chutaram, cuspiram em mim, me xingaram de todos os nomes e um por um eles me estupraram, enquanto riam de mim. Quando finalmente pararam, eu descobri que eles tinham a chave da cela, quando ainda rindo, eles abriram a porta e foram embora.

Me deixaram aqui. Sozinho. Machucado. Humilhado. Acho que nunca me senti tão humilhado quanto nesse momento.

A porta se abriu não sei quanto tempo depois e quando olhei pra cima assustado vi que era o guarda. O mesmo guarda que me trouxe até aqui.

- Seu....

- Poupe suas energias cara, é melhor pra você.

- Como pode ter deixado eles fazerem isso comigo? - gemi de dor.

- Aqui todo mundo sabe o que acontece com homens como você. Agora vamos nessa, vou te ajudar a sair daqui e voltar pra sua cela. - o cara respondeu e jogou minhas roupas em cima de mim.

- Isso não vai ficar assim.... Eu vou reclamar.

- Faz o que você quiser. Só vou te dar um conselho. Devia ter pensado três vezes antes de abusar de crianças. Eles não são melhores do que você, mas são muito bons em punir covardes como você.

- E o que eles fizeram.... Não foi covardia? - gemi de dor quando ele me colocou de pé.

Com muita dificuldade consegui colocar o uniforme do presídio e não demorou muito pra ela ficar toda suja de sangue.

- Vou te levar pra enfermaria. Esses caras quando se empolgam.... - o policial me puxou.

- Eles vão me pagar... Pelo que me fizeram. - gemi.

- Boa sorte com a sua vingança então. - o policial me encarou com desdém.




Anahí

Ajeitei a peruca, sai do banheiro da confeitaria e sorri ao ver meu marido com Alícia no colo.

- Ela não curte muito ficar no bebê conforto. - Alfonso deu de ombros ao me pegar olhando pra eles.

- Já te disse que você mima demais a nossa filha? Desse jeito ela nunca vai ficar no carrinho, amor.

- Eu sou forte, aguento segurar ela por horas. - piscou pra mim.

Revirei os olhos pra ele e dei um tapa na aba do seu boné.

- Vamos pra casa antes que nos reconheçam.

- Você gostou de andar disfarçada? Ruiva? - Alfonso provocou.

- Se não tem outra escolha pra sair de casa tudo bem, mas agora que eu já comprei o bolo pra Veh e o doce que eu queria, podemos ir embora.

- Ok, meu amor. - Alfonso se aproximou e me beijou.

Pagamos a conta e sai da confeitaria agradecida por ninguém ter nos reconhecido. Parece que o boné, as roupas despojadas e o óculos de sol do Alfonso e a minha peruca fizeram milagres.

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