Capítulo 118

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"O que você tem que fazer é parar de perder tempo se culpando e gastar esse tempo se reaproximando da sua irmã, ser o melhor irmão do mundo pra ela."




Anahí

Encarei Alfonso em seu escritório e suspirei. Já fazia mais de duas horas que ele tinha voltado lá pra dentro e estava bebendo. Santiago me orientou a ficar com Verônica ou no meu quarto, mas eu não podia ficar vendo ele sofrer assim e não fazer nada.

- Poncho! - chamei com cuidado e me aproximei.

- Me deixa, Any.

- Por que você não vai dormir? Está ficando tarde.

- Você acha mesmo que eu vou conseguir dormir? - ele deu uma risada sem um pingo de humor.

- Eu entendo o que você ta sentindo...

- Não, não entende! - ele me cortou e me encarou de uma forma sombria.

- Eu entendo sim. - me aproximei e me sentei no chão aos pés dele. - Eu também me culpei pelo que estava acontecendo com a Verônica quando eu soube.

- Você não tem culpa de nada. Você passou por cima de mim pra fazer aquele bendito exame, agiu pelas minhas costas e se não tivesse feito isso, minha irmã ainda estaria.... - Poncho cerrou os punhos.

- Poncho você não tinha como saber, você acreditava que a Verônica era um trunfo da Sophie pra tirar dinheiro de você. Sem contar que ela te torturou por anos, deixando você achar que a Veh era sua filha.

- Eu devia ter feito o que você fez. Nunca devia ter acreditado nela, devia ter feito esse exame assim que ela nasceu, mas não.

- Você tinha motivos pra acreditar nela e não adianta de nada você se culpar agora. O que você tem que fazer é parar de perder tempo se culpando e gastar esse tempo se reaproximando da sua irmã, ser o melhor irmão do mundo pra ela. Tornar os próximos anos da vida dela os melhores possíveis. É assim que você vai conseguir fazê-la feliz e só assim você vai conseguir se perdoar.

A reação de Alfonso me surpreendeu, quando ele se inclinou na minha direção e me abraçou, ficando de joelhos. Meu coração se apertou quando ele começou a chorar feito um menino.

- Eu quero ser bom o bastante pra ela, ser o irmão que ela não teve.

- Você vai ser, começou a ser o irmão que ela precisa no momento em que aceitou trazer ela pra cá, quando pintou o quarto dela e não poupou gastos para que ela tivesse o melhor conforto possível.

- Você acha que... - Alfonso se afastou e enxugou o rosto. - Que eu consigo ter um bom relacionamento com ela? Verônica tem medo de mim e dói muito entender porquê.

- Com o tempo ela vai perceber que você não quer machucá-la, a cada vez que você for lá, que ficar com ela é um passo a mais que você dá. Não desiste, por favor.

- Eu não vou. Prometo. - Alfonso suspirou.

- Vem, é melhor você ir dormir. - me levantei e estendi a mão pra ele.

- Você fica comigo? Por favor! - suplicou.

- Ta, eu te faço companhia até você dormir. - respondi incapaz de dizer não pra ele.

Quando chegamos no quarto Alfonso deitou no meu colo e fiquei mexendo no cabelo dele. Quando ele finalmente dormiu, não consegui evitar as lágrimas e as comparações. Ele estava disposto a fazer o possível pra ser um bom irmão pra Verônica, mas não estava nem ai pra nossa filha. Ele continuava ignorando a existência dela e eu não sabia por mais quanto tempo eu ia conseguir aguentar isso.

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