"Eu to aqui e não vou sair daqui."
Anahí
Revirei na cama do quarto de hóspedes do apartamento de Santiago e Rachel. O trovão lá fora iluminou meu quarto, desenhando riscos na parede. Por dentro eu me sentia como aquela tempestade.
Encarei o relógio, passava dá uma da manhã, fechei os olhos e tentei pegar no sono, mas tudo que conseguia ver, era a expressão angustiada de Alfonso quando me contou todo seu passado. Cerrei os punhos e dei um soco na cama, se Sophie tivesse na minha frente agora, eu acho que a estrangularia. Se bem que morrer era pouco pra essa desgraçada, ela merecia ficar viva e ser torturada física e psicologicamente. Eu iria amar ser sua torturadora.
Sentei na cama e respirei fundo tentando me acalmar, depois de chorar, conversar com Rachel e Santiago eu continuava sentindo as mesmas coisas: angustia, raiva, revolta, ódio. Eu não conseguia acreditar que Alfonso tinha passado por tudo aquilo, agora ficava claro como água entende-lo e todas as suas atitudes, eu não sei como ficaria se meu pai me estuprasse e me engravidasse, provavelmente eu não teria a força do Alfonso e acabaria com a minha vida e a do bebê dentro de mim.
Suspirei pensando em Verônica e uma garotinha de olhos verdes e cabelos negros com as feições de Alfonso me veio à mente. Eu não a conhecia, mas tinha medo de que ela fosse parecida com ele, de que realmente fosse filha dele. Levantei da cama e andei pelo quarto.
Filhos. Eu sempre sonhei em ser mãe, primeiramente meu sonho era ter irmãos, depois que meu pai morreu e não quis que minha mãe engravidasse de Lucca. Então meu sonho de ter irmãos se transformou em ter uma família, eu queria encontrar a pessoa certa, me casar e ter filhos com ela. Dois ou três pelo menos, para que meus filhos pudessem ter irmãos com quem contar.
Agora que eu tinha encontrado o homem da minha vida eu teria que abandonar esse sonho? Será que eu conseguiria abandonar o sonho de ter uma família? Alfonso ia conseguir me fazer feliz o suficiente pra suprir a falta que eu sentir dos filhos? Eu podia fazer isso por ele?
A esperança dentro de mim, de que algum dia Alfonso mudaria de ideia, gritava para a hipótese de que talvez eu não precisasse abandonar meu sonho, só teria que adiá-lo por tempo indeterminado. Eu não queria ser mãe aos 23 anos, eu não estava pronta pra isso e nem Alfonso. Eu queria filhos para daqui uns cinco anos ou mais, talvez nesse tempo Alfonso mudasse de ideia, melhorasse. Talvez eu conseguisse provar que Verônica não era filha dele, ou se na pior das hipóteses ela fosse, ele com o tempo poderia aceitar ter filhos comigo. Talvez se eu conseguisse fazer algo pra aproximá-lo da Lauren pelo menos, isso ajudaria. Suspirei sentindo minha cabeça doer com tantos pensamentos, eu não ia conseguir dormir, precisava fazer alguma coisa.
Me vesti às pressas e sai do quarto. Sabia que eles iam ficar preocupados comigo quando acordassem, mas eu tinha que fazer isso. Abri a porta com cuidado e sai do apartamento.
Quando cheguei lá fora na calçada, a tempestade caiu sobre mim e senti que estava lavando a minha alma. Suspirei e ergui o rosto pra cima, deixando a água bater no meu rosto e esfriar meus ânimos. Eu não podia ficar parada ali, era perigoso àquela hora da noite, então corri.
A cobertura de Alfonso ficava apenas algumas quadras dali, era uma distância que eu poderia percorrer correndo, eu não ia aguentar ficar quieta dentro de um táxi e nem sabia se tinha taxi à essas horas. Além do mais eu precisava extravasar essa adrenalina, essa energia acumulada de algum jeito.
Meia hora e não sei quantos quarteirões depois, entrei no prédio de Alfonso.
- Senhorita Portillo, tudo bem? - o porteiro me olhou espantado por me ver ali naquelas condições.
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Segredos ✔
ФанфикSó pra você saber onde está se enfiando isso não é uma história de amor. É a história de alguém que teve a vida destruída a ponto de não acreditar que pessoas ou coisas boas existem. Eu lembro de como ela entrou na minha sala envergonhada. Mesmo sab...