Cap. 02 - Mundo

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Em uma realidade paralela, há uma selva muito antiga, chamada pelos habitantes locais de Floresta Aleivosa, com muitas árvores milenares de troncos tão grossos que são necessárias várias pessoas juntas para abraçá-los.

Os galhos igualmente grossos se curvam por sobre a estradinha de terra batida, recoberta de folhas secas, ladeada de arbustos e espinheiros em flor.

Essa floresta antiga, tal qual a nossa imensa Amazônia, germinou sobre um vulcão inativo há milênios, criando toda a exuberância de vida fértil sobre a terra igualmente muito antiga.

O lugar, embora semicivilizado, tem uma tranquilidade enganadora, pois oculta perigos que vão além da esfera selvagem.

Apartados dos povos da floresta, que vivem em comunidades isoladas umas das outras, estão renegados que têm a maldade como único propósito, sempre a espreita de presas que lhe pareçam fáceis – são os marginais daquela sociedade.

Um grito de desespero corta aquele falso sossego, e é respondido por risadas de escárnio.

Uma jovem de longos cabelos escuros está jogada ao chão, tentando inutilmente lutar contra dois homens de aspecto rude.

Um se assemelha a um gorila despelado, de musculatura protuberante e cabeça nua e pequena; o outro era esguio, de cabeça angulosa com cabelos longos e negros.

Andava como um gato, nas pontas dos pés.

A jovem se debate, mas cada ato de resistência seu é correspondido com um de violência pelos algozes, havendo arranhões profundos em seus braços e colo.

Enquanto o mais encorpado mantém facilmente a garota presa ao chão, o de andar felino cuida de rasgar as roupas dela, deixando as marcas de garras no corpo frágil.

– Se ficar fazendo esse jogo duro, você só vai se machucar mais, vadiazinha!

Uma onda de energia radiante varre o local, chamando a atenção dos marginais, que se alardeiam e se voltam para todos os lugares, a fim de descobrir de onde partiu tal manifestação.

Ao centro de um círculo de poeira e folhas secas, que se movimentavam em função da energia que ali se manifestava, surge um homem alto e esguio, de longuíssimos cabelos negros escorridos, vestido em túnica longa e escarlate. Sua expressão era impassível, séria.

– O que fazem em minhas terras, estrangeiros?

Suas terras?! Estrangeiros?! Quem é você, maluco? Tá de sacanagem com nossa cara?! Sei, você quer é participar da nossa festinha, é isso!

Zach fechou as mãos em punhos, estalando as suas articulações, embora sua expressão permanecesse imperturbável.

Larguem a garota!

Os renegados se encararam e riram, desdenhando o perigo iminente que corriam, atitude típica de criaturas que não apenas perderam o respeito por si mesmas, mas também – e principalmente – pelos outros.

– HA HA HA! Tu viu isso?!

– Acho que sei quem é o maluco! Me contaram uma coisa sobre ele, mas, na hora, não acreditei!

Deixando a garota de lado, os marginais encararam Zach.

Começam a rodeá-lo, olhando-o de alto a baixo.

Zach, porém, permanecia calmo, até mesmo de olhos fechados.

– Será mesmo este o temível Daemon Zach, Guardião das Terras do Sul?! - Falou o menor, rodeando com seu típico andar felino, sorrindo debochado, deixando à mostra seus dentes pontiagudos.

Hybrida - Asas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora