Cap. 11 - Ataque

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A cabana era rústica, porém muito bem conservada, com sua parte inferior, que servia de porão, feita de pedras maciças já recobertas pelo musgo, e o telhado em olaria comportava quase um jardim suspenso, tamanha era a quantidade de plantinhas que cresciam ali.

O entorno da casa era mata virgem e uma encosta garantia proteção contra as intempéries.

O quintal era bem cuidado, com um caminho sinuoso de pedras e áreas de terra batida, com canteiros floridos de um lado e hortaliças do outro.

Aos fundos da cabana ficavam as roupas recém lavadas balançando ao vento, secando ao sol nas cordas feitas de juta.

Um garotinho de nove anos, com a pele morena, cabelos lanosos e olhos negros, estava na área arenosa do quintal, com um melão em suas pequenas mãos, olhando tão fixamente e tão concentrado na fruta que chegava a franzir a testa, fazendo uma expressão bastante cômica.

O interessante é que a fruta não encostava em suas mãos, mas flutuava a milímetros delas.

Porém, ele não parecia contente com esse fato extraordinário e suas bochechas começavam a se avermelhar pelo esforço e pela irritação que começava a dominá-lo quando.

De repente, o melão dispara de suas mãos, planando acima de sua cabeça por apenas um segundo, pois a sua surpresa pela façanha o desconcentrou, derrubando a fruta.

Ficou tão irritado com isso que soltou um grito agudo de frustração, direcionando toda a sua raiva para a pobre fruta que explodiu de dentro para fora, fazendo voar a casca dura e a polpa avermelhada por todos os lados, inclusive para cima do menino, fazendo-o ficar com mais raiva ainda, chutando os pedaços de melão que ficaram próximos aos seus pés.

Uma risada divertida soou às suas costas e o menino olhou letal por sobre o ombro, contestando bravo a quem o troçava.

–– O senhor não devia rir! Não é engraçado! – Falou em sua voz esganiçada de criança.

–– Quando as pessoas perdem o controle sobre si mesmas, é engraçado sim, senhor Iago.

–– Eu não perdi o controle, tio! – O garotinho se defendeu envergonhado, voltando-se para o homem. –– Fiz de propósito! É assim que devemos vencer uma batalha, não é?! Se eu destruir logo o meu inimigo, não preciso mais me preocupar com ele!

Zach levantou-se da pedra onde estava sentado ao lado do canteiro de flores, observando o progresso do menino.

Aproximou-se com sua habitual calma, limpando os cabelos do sobrinho os pedaços da fruta que voaram para ali.

Iago ficou mudo, olhando de olhos arregalados para o Daemon, a quem mal alcançava a altura dos cotovelos, temendo ser repreendido.

–– Você pode fazer isso a uma fruta, talvez até a um animal, mas não conseguiria fácil com um inimigo. A primeira coisa que devemos aprender é a controlar as nossas emoções, aprendendo a defendê-las das influências externas. O principal é aprender a fechar sua mente para o exterior, barrando a entrada de energias perniciosas. É preciso ser mais ágil e mais forte que seu inimigo, nem que seja por um segundo, para conseguir derrubar as defesas psíquicas dele e atingi-lo. Na teoria parece simples, mas na prática, muitas vezes é quase impossível, mesmo porque todos têm uma coisa chamada defesa instintiva...

O menino ainda mantinha-se boquiaberto e até ensaiava alguma resposta, mas foi impedido pela chegada da mãe, a irmã mais jovem de Zach.

Assim como o filho, ela tinha os cabelos negros, porém lisos, e a pele morena pelo sol.

Era uma mulher ainda jovem, de mesmo porte altivo que o irmão, porém mais baixa e encorpada devido aos trabalhos braçais que a vida simples exige.

Hybrida - Asas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora