Cap. 28 - Provocações

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O intervalo se emendaria a um tempo vago após, portanto Yashalom e toda a sua turma teriam mais de uma hora vaga.

Como de costume, a maioria dos meninos ia para quadra jogar bola; a maioria das meninas ia desfilar pela escola, e aí se incluía Rachel Soares, que nunca conseguia convencer a amiga a se juntar à turminha e fazer um perde-tempo pelo pátio ou quadra.

–– Eu vou pra biblioteca... – Yashalom respondeu mal-humorada.

–– Está ficando estudiosa, heim!

–– Preciso! Você viu as minhas notas? Já comecei o ano no vermelho!

–– É, pior que eu também... talvez eu mesma me inscreva na Tutela Estudantil, quem sabe eu também não fique mais estudiosa? Claro que depende do veterano...

–– Você é tão maliciosa, Rachel! Você não vai desistir, não?!

–– Desistir do quê, amiga? De te ver feliz, sendo cuidada por alguém?

Yashalom estancou, ficando com a mão parada segurando o caderno que guardava na mochila.

Rachel era muito transparente e estava sempre de bom astral, o que era um motivo para Yashalom não entender como ela podia ter algum interesse em si.

As pessoas tendiam a ignorá-la.

Tirando a sua mãe, o falecido pai e Virgílio, que a conhecia desde criança, as pessoas nunca se importavam com ela da forma que essa menina se importava.

–– Você deve mesmo ser um desses anjos que caem na Terra, Rachel... – Falou com um leve sorriso, levando a mochila às costas e saindo de sala.
Rachel se enrubesceu, embora a pele fosse muito escura para se notar.

–– Vindo de você, é um elogio.

–– Poxa, eu sou tão má assim com os meus conceitos? – Choramingou, já andando pelo corredor, rumo às escadarias.

–– Não má, mas, digamos, pouco generosa e tolerante... – Rachel sorriu, dando-lhe tchauzinho e descendo a escadaria, enquanto Yashalom pegava o caminho oposto.

–– Pouco generosa e tolerante... – resmungou baixinho, olhando de soslaio para os cachos saltitantes que desciam as escadas. –– Bem que eu gostaria de enxergar só a parte boa das pessoas, mas elas não ajudam muito nisso...

Quando Yashalom alcançava o hall do terceiro andar para subir para o quarto e último, o chamado Andar Cultural, onde ficavam o teatro e a biblioteca, ela foi abordada por um dos garotos do grupinho terceranista que descia para o recreio.

Não havia dado atenção aos garotos, afinal vinha cruzando com vários alunos pela escadaria, então não percebeu que um deles estava mal intencionado.

Quando já alcançava o segundo degrau da escada, ele a segurou pelo punho e Yashalom sentiu uma corrente gelada passar por seu corpo a partir do ponto em que era tocada.

Voltou-se aterrorizada para o moreno alto de expressão maliciosa.

Ela fazia um esforço sobre-humano para não tremer e gritar.

As ondas de energia perniciosa que emanavam dele e a atingiam em cheio eram enauseantes!

–– Ooh, você é a góticazinha daquele gringo metido a besta! Ele tem te ensinado tudo direitinho ou prefere um reforço extra?

–– Cara! Tu pára de se meter com as garotas dos outros! Isso ainda vai te dar problema! – Advertiu um dos companheiros.

–– Que dar problema, o quê!? Essas garotas gostam disso, ainda mais essas falsas santinhas, não é caloura?

Hybrida - Asas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora