Cap. 25 - Invasão

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De volta ao Plano Terrestre, restava a última tarefa do dia a ser feita: uma visitinha nada cortês à Sarah Santa’Anna.

Já fazia algum tempo que não tinha uma atividade tão intensa como desta noite, o que não deixava de ser muito excitante... e desgastante.

A verdade é que ele havia se tornado um indolente, realmente um boa-vida sedentário!

O esforço desprendido estava lhe custando caro e que seria terrivelmente sentido por seu corpo físico emprestado.

Isso significava que ele, enquanto incorporado, se sentiria como se tivesse sido triturado por uma centrífuga e acabaria dormindo em todas as aulas, o que não era assim tão mal, afinal.

Grian riu de si, com amargura. A que nível ele havia descido!

Se preocupando com o cansaço físico e mental e, ainda pior, preocupado em encontrar um lugar sossegado na escola para recuperar as energias com uma soneca reparadora!

–– Meu caro amigo Karol... nunca imaginei que viesse a lhe dar razão quanto à sua revolta com os nossos pobres corpos humanos e quanto às nossas limitações, afinal, até então, ainda não havia sentido de fato o peso dessa punição... E agora eu compreendo a extensão da perversidade de Imăm! Ele sempre soube que a morte é libertadora, enquanto a verdadeira punição é encarcerar em uma prisão que não se pode fugir!

Encontrou o quarto em que Sarah dormia junto à senhora idosa que ela fazia companhia.

Por um instante, sentiu pena da mulher que parecia desconfortável cochilando na poltrona.

Ela usava um uniforme verde-água, os pés estavam calçados com sapatilhas baixas e os cabelos arrumados em um coque, sinal de que ela dormira de exaustão quando devia estar acordada e vigilante.

Era uma mulher bonita, apesar da idade e das marcas de maus-tratos causados pelo tempo e pelo trabalho pesado.

Como não poderia desenvolver a simpatia por uma criatura dessas que, além de todos os empecilhos impostos por uma vida cheia de privações, ainda criara como filha uma menina que ela não tem a mínima ideia de sua origem?

Karol não gostava dela, mas, afinal, ele era um ranzinza que tinha por costume não se simpatizar pelas pessoas, muito menos com pessoas humanas.

–– Só espero se o que eu encontrar em suas memórias não me faça mudar de opinião ao seu respeito! E, com ou sem a sua licença, senhora...

Grian trajava a sua veste habitual, que nada lembrava o traje simples que era obrigado a envergar quando animava o seu corpo original.

Os cabelos estavam presos em um turbante ornamentado com um broche e cordões; sobre a túnica bordada, de gola alta e mangas compridas e largas, havia um manto envolvendo os ombros e que caia sobre um dos braços; um cinturão grosso ajustava a túnica que ia até os joelhos, deixando as pernas bem torneadas desnudas; nos pés, sandálias em tiras que subiam até dois palmos acima, tendo broches idênticos ao do turbante ornamentando sobre os pés.

Ele volitou até Sarah, sentando-se de pernas cruzadas sobre as pernas dela, observando curioso as suas feições.

–– Não é só a questão da cor, mas também os seus traços físicos! Nem imagino como você conseguiu convencer a todos que era mesmo a mãe natural de Yasha! Ou você é capaz de hipnotizar as pessoas também?

Riu por um segundo, deixando a brincadeira de lado no instante seguinte.

Concentrou-se para invadir a mente da mulher, aproveitando-se do momento mais vulnerável que era aquele, quando o Espírito vagava pelo Mundo dos Sonhos.

Hybrida - Asas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora