Noite de domingo.
As ruas estavam vazias, sem a aglomeração de pessoas e estresses de veículos como costuma ser durante a semana, mesmo àquela hora da noite.
E no final do dia, o tempo havia mudado por causa de uma frente-fria que fez a temperatura desabar em quase dez graus.
A chuvinha fina que caia era determinante para manter as ruas ainda mais desertas.
Na estrada, apenas alguns carros que passavam velozes, a maioria correndo acima do limite permitido, mesmo estando com a pista molhada e sendo uma subida de mão dupla para a serra urbana da cidade.
Não seria difícil causar ou sofrer um acidente. Mas o que causaria turbulência naquela preguiçosa noite de domingo seria outro tipo de violência.
Victor era um desses motoristas que gostavam de desobedecer regras. Vinha em seu sedã negro, correndo acima do limite, não se importando com eventuais lombadas, buracos ou mesmo com a pista escorregadia.
Coisas de quem se esquecia que não era Clark Kent e que sua pele era de carne e não de aço.
Ao menos, Victor tinha um poder psíquico capaz de esquadrinhar a área à sua volta no espaço de alguns metros, como um radar capaz de captar toda a sorte de corpos sólidos, um atributo bastante útil para quem preferia voar em seu carro ao invés de andar normalmente.
O automóvel adiante freia de súbito, mal dando tempo de Victor perceber com antecedência.
Um tumulto de carros parados na pista de subida fez com que quase se engavetassem.
O rapaz pisou fundo no freio, derrapando, quase fazendo o carro rodar, arrastando os pneus até parar a poucos centímetros do carro prata à frente.
Irritado, a vontade de Victor era fazer o chão se abrir e engolir a todos ali! O que ele seria capaz de provocar.
Soltou-se do cinto de segurança e saiu do carro, em desafio.
Estava irritado, mas não irracional.
Mesmo ter saltado do carro daquela forma inconsequente, ele sabia o que o aguardava ali fora.
No momento em que viu os carros parados no meio da estrada, liberou a sua clarividência, esquadrinhando lucidamente toda a área... Era tudo que precisava e que, convenientemente, caía na palma de sua mão!
Assim que saiu, dois homens armados correram até ele, empurrando-o com violência contra o carro e apontando a pistola engatilhada para seu rosto.
Victor não reagiu, apenas elevou as mãos para mostrá-las livres.
O que acontecia naquela estrada semideserta, que levava ao bairro mais rico da cidade, era um arrastão provocado por vários marginais fortemente armados que pretendiam, além de roubar os carros, conseguir reféns.
Um dos homens se aproximou tanto de Victor que ele recebia a bafora fétida e quente em sua garganta, onde o cano da pistola fora prensado.
O bandido parecia alucinado, os olhos esbugalhados e raiados de vermelho, demonstrando claramente o seu ódio potencializado pela cocaína.
Victor se manteve impassível, apesar da tensão e da arma encostada contra o seu queixo, que dispararia a um simples tremor da mão do bandido.
O segundo homem, armado com um fuzil, empurrou Victor com a coronha da arma, fazendo-o se virar de costas, obrigando-o apoiar as mãos sobre o teto do carro.
A pancada da arma contra o lado direito de suas costelas causou-lhe uma dor aguda, e o rapaz forçou-se a não se curvar por isso, crendo que o maldito tinha lhe rachado um dos ossos.
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Hybrida - Asas Negras
Любовные романы💥 História Completa e Finalizada 💥 Um ser híbrido extraplanar vive o despertar de suas faculdades especiais sem saber do que se trata ou de quem ele é, tornando-se uma vítima inocente daqueles que buscam vingança contra o pai que sequer conhece. A...