Cap. 06 - Dívidas

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ADVERTÊNCIA: Gatilho para abuso e violência contra animais. Violência contra a mulher e tentativa de estupro.⚠️
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Alguns dias depois, findo o expediente, Yashalom se despedia de Manoel Virgílio que, como de costume, ficaria ainda por mais algumas horas antes de fechar a floricultura.

Como sempre fazia nas suas idas e vindas da loja, Yashalom caminhava pela calçada de pedras que ladeava o gramado daquilo que se poderia chamar de pequeno bosque.

A Floricultura Blodeuwedd, uma homenagem de Virgílio à Deusa Celta das flores, não podia ficar mais bem localizada, estando em frente à uma praça arborizada.

Mas a garota estava cabisbaixa, algo atípico nela, pois sempre gostava de apreciar o caminho, mesmo que fizesse isso todos os dias.

Sempre havia algo novo para se ver. Afinal, uma paisagem nunca é a mesma, sempre variando de acordo com a luz, a temperatura, se é dia ou noite, se chove ou faz sol.

O problema todo estava no sonho que ela teve durante o intervalo na escola, dias atrás.

Uma sensação amarga ficou em sua mente e aquilo ainda a consumia.

Desde que passou a ter os sonhos com aquela criança alada, foi a primeira vez que algo ruim aconteceu à pequena.

O cenário de destruição e as asas da criança arrancadas com violência ainda reverberavam em sua memória.

Yashalom poderia muito bem ter ignorado o sonho, mas tentava encontrar alguma resposta nele, procurando seu significado oculto... se é que havia algum!

~*~

Victor saíra da faculdade há mais de duas horas.

Estava em seu carro, um sedã preto de quatro portas, parado em frente à praia fluvial que dava o nome ao bairro, Jacobina.

Desde que foi com Moisés à floricultura, não deixava de pensar se o garoto que avistou era quem ele procurava há anos.

Estava sendo fácil demais!

É inacreditável que o destino seja tão generoso, pondo à sua frente o objeto de sua procura dos últimos dez anos!

Por isso mesmo, seria uma grande tolice crer nesse tipo de providência: precisava investigar.

Afinal, quantos bastardos mestiços podem haver por aí?

E quantos Exilados?

Precisava, até mesmo, descobrir em qual categoria o garoto se encaixava.

Das suas heranças do pretérito, Victor ainda usava a lógica e o raciocínio quando eles eram necessários e indispensáveis, e a intuição quando não era possível a aplicação dos outros dois.

Era por volta das seis e dez da noite, mais ou menos a hora em que havia descoberto a existência daquele garoto, cuja frequência vibratória era a mesma de um Encantado – isso se ele não estivesse mascarando a sua Essência!

E, pelo que foi possível perceber claramente, ele estava lá pela menina – provavelmente namorados.

Então, era a ela que Victor deveria se aproximar primeiro, de forma a atingir seu alvo posteriormente sem levantar suspeitas.

Hybrida - Asas NegrasOnde histórias criam vida. Descubra agora