Coloquei-me na frente de Pierre, olhando na direção daquele homem que aparecia perante a luz que fraquejava da lanterna do celular de meu companheiro.
Ele vestia uma grandiosa capa preta, que escorria por seu corpo todo e lhe cobria até os pés. Manchas de sangue eram vistas por todo canto, como se ele tivesse acabado de voltar de uma grande batalha. Mas nós sabemos muito bem do que se trata, não é?
Aquela moça com os ganchos enfincados em sua pele. E ali estava o responsável pelo ato de crueldade. O grande responsável por ter tirado aquela pobre vida humana, e tê-la deixado com um sorriso no rosto.
Aquele sorriso que indicava a satisfação que aquele monstro teve em executar a cena do crime.
- Ele está vindo para cá. – ouvi Pierre sussurrando para mim, e sua voz tão trêmula me passou mais medo ainda. Pelo visto, nós morreríamos juntos, ou acabaríamos lutando para escaparmos.
Eu não sabia o que esperar do homem misterioso de preto, mas havia uma foice em sua mão direita. Ele andava lentamente em nossa direção, trazendo um brilho intenso em seu olhar. Eu tentava não pensar no quanto aquilo me estava enfraquecendo por dentro, mas tentei ser forte.
Alguém ali deveria ser forte, pois eu já havia visto que Pierre não conseguiria me defender nem se a sua própria vida dependesse disso. Embora eu já estivesse convicta de que não tinha a mínima necessidade de um homem me defender.
Minha autossuficiência garantia que eu mesma poderia fazê-lo. Mas no momento, eu sentia um peso terrível emergindo em meus ombros. O rosto de austeridade anunciada do homem, apenas mostrava que nós já havíamos nos conhecido antes.
Embora de um modo diferente, eu já vira aquele rosto. E não fazia muito tempo. Era o mesmo homem que apareceu em meu apartamento assim que Lara se jogou.
O mesmo homem que, com seu cão infernal, havia induzido a minha melhor amiga a cometer aquele ato tão cruel.
- Você! – anunciei, indo a sua direção.
- O que você tá fazendo, Belina? – Pierre me chamou, ainda iluminando o caminho do estreito corredor, embora não tivesse saído de seu lugar. Eu andava na direção do homem misterioso.
O medo fluía em mim, mas eu não me importava com aquilo, no momento. Eu havia ido até aquela cidade em busca de respostas, e acabava de me deparar com uma delas.
- Seu filho da put... – gritei para ele, parando na frente de seu rosto. Ele deu um sorriso de canto a canto, quase tão tenebroso e extremamente similar, ao de sua vítima. – Não vai dizer nada? – o encarei, pasma. Ouvi passos atrás de mim, e presumi que Pierre estava deixando um pouco seu medo de lado, e vindo em minha direção.
O homem apenas balançou a cabeça em negativa, sorrindo para nós. Pierre estava completamente trêmulo atrás de mim. Pude perceber pela luz da lanterna que fraquejava.
- Meu trabalho por aqui já acabou! – ele deu um último sorriso. A luz do celular de Pierre apagou-se completamente, e um grito cortou a escuridão.
A luz retornou logo em seguida, mas o homem já não estava mais ali. Ele havia desaparecido, assim como da última vez em que um fato como aquele havia ocorrido.
- Ele sumiu! – Pierre disse, iluminando todo o local a nossa volta.
- Jura? – rebati, afiada – Se você não tivesse falado, eu juro que não teria notado que um homem misterioso com uma foice na mão, tinha sumido.
Ele me deu uma olhada de esguelha, optando por nem me responder. Era bem melhor assim mesmo, pelo menos evitava o incômodo de ter que responder às minhas alfinetadas, e evitaria uma possível discussão.
- Olha só! – ele exclamou, excitado. – A porta se abriu.
Ele iluminou a porta de entrada, a qual estava desencostada do trinco.
- Eu falei que se eu tentasse, ela se abriria. – ele saltitava em alegria, embora eu soubesse que aquele não havia sido o real motivo pelo qual a porta se abrira. Seria muito fácil ela ter destrancado misteriosamente, apenas porque o meu parceiro irritante havia forçado inúmeras vezes aquela maçaneta a se abrir.
- Tem alguma coisa errada. – disse eu, seguindo-o.
- Pare de ser chata. Pelo menos, vamos conseguir sair daqui. – ele retorquiu, olhando a porta aberta.
Chegou até lá, abrindo-a completamente. Seu alívio foi tamanho ao ver a rua do outro lado. Embora ninguém estivesse passando naquele momento, o fato de ter visto seu próprio carro já foi o suficiente para que ele ficasse feliz de novo.
- Vamos, Bel. – ele disse para mim, já totalmente para fora do lugar. Eu ainda estava dentro, quase o alcançando. Tropecei em algo roliço na entrada, e me abaixei para pegar. Era um jornal enrolado em forma cilíndrica.
Tomei-o em minhas mãos apenas por precaução.
Saí do Gazetino, desenrolando o jornal que havia aparecido para mim. Meus olhos percorreram pelo grande título do jornal na parte superior, pela data em que ele havia sido produzido, e pelo mais interessante: a manchete que era anunciada grandiosamente no início da página frontal.
- Ora! – exclamei, permitindo que um sorriso aparecesse em meu lábio.
Pierre notou que eu praticamente não saíra do lugar, e veio ao meu encontro saber o que estava acontecendo. Não disse nada, apenas entreguei o jornal em suas mãos, e anunciei para ele.
- Parece que ele nos deixou uma pequena ajuda. – disse eu, apontando com o dedo para o título da grande manchete que se anunciava.
Pierre percorreu seus olhos pelo título, e depois, os fixou em mim, perplexo.
- Mas isso é...? – ele perguntou, não acreditando naquilo que seus olhos liam.
- Isso mesmo! – exclamei para ele, olhando a manchete e o título que se encontravam. – Parece que não foi totalmente inútil nós termos vindo até aqui.
- Bel... – Pierre ainda estava perplexo. – Isso vai nos ajudar muito.
E assentindo, eu peguei novamente o jornal, desta vez, lendo completamente a manchete.
Aquela era, sem dúvidas, a melhor pista que possuíamos no momento.
***
Olá, meus amores! O que estão achando?
Vocês se lembram do Delegado e os policiais que estavam atrás da Bel?
Fiquem de olho no próximo capítulo, pois trará uma grande revelação!
Abraços, e bom final de semana para vocês! :D
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Não foi suicídio!
Bí ẩn / Giật gânBelina vê sua vida virar do avesso ao presenciar um suicídio. Frio, rápido e sem explicação. Uma jovem se joga do topo de um prédio, tendo seu corpo perfurado pelos cacos de vidro da calçada. Ninguém entende como uma jovem no auge de sua vida era c...