Belina – Santo Ceifeiro
Acordei sentindo meu corpo dormente, me espreguiçando na cama. Olhei para o lado, tentando reconhecer o homem que estava comigo, já que não estive com mais ninguém desde que Guilherme, meu ex, bom... não estou pronta para falar sobre o ele agora.
A noite anterior aparentada estar vaga em minha mente, e eu realmente custava a me lembrar de coisas eu haviam acontecido. Minha memória estava ficando entorpecida. Eu estava dilacerada pelo luto que ainda existia.
Levantei da cama, enrolada nos lençóis. Pelo visto, a noite havia sido realmente muito boa. O homem ao meu lado estava com a cabeça afundada em seu travesseiro. Logo ele acordaria, e me diria que aquilo não havia passado de uma transa, e nada mais.
Embora fugisse de meus conceitos conquistas de uma noite só, eu preferia que ele partisse assim que acordasse, e não me procurasse nunca mais.
Abri lentamente a janela, com medo de acordar o moço, mas ao mesmo tempo, olhei para o relógio que estava acima da cabeceira da cama, constatando que havia passado da hora dele acordar, e sairmos dali de uma vez por todas.
A vista daquele hotel de quinta categoria dava para uma rua não muito movimentava. Mais parecia uma cidade fantasma, e assim que vi aqueles rostos hostis que passavam por si como meros desconhecidos, lembrei-me de tudo.
Engoli em seco, olhando para a cama onde Pierrrrre (com todos os erres possíveis) estava completamente nu, com seu corpo agora virado para cima, deixando à mostra tudo aquilo que a vida lhe dera generosamente.
- O que nós fizemos? –Olhei para ele, que já acordava, e me sentindo completamente culpada por aquilo. Estava muito claro o que havíamos feito, mas eu me sentia enojada o suficiente para não querer que ele dissesse com todas as letras aquilo.
Como se seu silêncio evitasse que aquilo fosse real.
- Nós tivemos uma noite maravilhosa! – ele exclamou, demonstrando-se insatisfeito com a expressão de arrependimento que existia em mim.
- Não deveríamos ter feito. – mirei-o de modo perturbado. Ele se levantou, colocando sua roupa íntima em um ímpeto.
- Eu disse que você iria se arrepender. – sua voz apresentava amargura, como se a culpa fosse completamente minha, e eu não poderia deixar de dizer que realmente era. – Mas você parecia uma tigresa indomável, ontem à noite!
Elevei minhas mãos à cabeça, segurando-a firmemente para absorver tudo aquilo. Realmente, eu me lembrava daquilo.
- Você deveria ter me contido. – eu tento segurar as lágrimas para não soluçar de raiva. – Nós não deveríamos ter feito.
- Calma, Bel. Não é o fim do mundo! – ele vem me consolar, já completamente vestido. – Você não está bem. É a segunda vez que acorda sem lembrar de onde estava, ou o que havia acontecido...
- Eu não sei o que está acontecendo. – instiguei, com medo de começar a ficar insana. – Por que eu agi daquela maneira? – agora eu lembrava com grande clareza o que havia acontecido. – Por que eu me esqueço dessas coisas? Eu não sei o que está acontecendo, Pierre. – eu falo exasperada, como se ele pudesse me arrumar alguma solução, fosse ela qual fosse.
- Eu não sei, mas existe uma energia bem negativa pairando nessa cidade. – ele alegou, levantando-se. – Temos que sair daqui o quanto antes, eu estou com um pressentimento bem ruim.
Ele coloca sua carteira dentro da mala, me dando a privacidade necessária para que eu me arrumasse.
Aquele lugar estava misterioso demais para o meu gosto. Não gostava dos lugares aos quais ele me levava, e simpatizava com as pessoas que habitavam aquele ambiente hostil.
E teve aquele português... o homem que havia falado comigo sem Pierre nem se dar conta, e desaparecera assim que eu comecei a me sentir zonza.
Aquele homem apresentava uma aura misteriosa, e embora eu nunca o tivesse visto antes, seu jeito não me era estranho.
E logo após ele desaparecer, eu havia ficado fora de mim. Aquilo parecia bem suspeito, e mesmo não fazendo a mínima ideia de como uma coisa estaria relacionada à outra, eu ainda insistia em querer juntar tudo.
Era daquela forma que minha mente começava a trabalhar, vindo em um clarão todas as informações de uma só vez.
Fui para o banheiro lavar o rosto antes de sair daquele quarto imundo, marcado pelo pecado que eu havia cometido. Banhei meu rosto, permitindo-o ficar imerso na água profunda daquela pequena pia.
A água gélida congelava minha face por alguns minutos, e se eu pudesse, me afogaria ali mesmo, como se a intensidade da água fosse capaz de lavar os erros que estavam marcados em meu corpo.
Quando levantei os olhos, minha visão ainda turva mirava meu rosto ainda com sono, e todas as linhas de expressão que ele marcava. Logo ao meu lado, o espelho refletia outra imagem.
Eram traços femininos e tão bem marcados, maçãs protuberantes e delineadas, como a verdadeira face de uma boneca. Sua boca de lábios médios estavam fechados em sinal de reprovação.
Seu cabelo loiro repicado chegava-lhe ao ombro.
Engoli em seco, ainda mirando sua face pelo espelho do banheiro, completamente incrédula e com medo.
- Lara...
***
Olá, amores! Tudo bem com vocês?
Como este capítulo ficou bem curtinho, resolvi postá-lo hoje mesmo!
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Abraços,
Ju.
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Não foi suicídio!
Mystery / ThrillerBelina vê sua vida virar do avesso ao presenciar um suicídio. Frio, rápido e sem explicação. Uma jovem se joga do topo de um prédio, tendo seu corpo perfurado pelos cacos de vidro da calçada. Ninguém entende como uma jovem no auge de sua vida era c...