20. Delegacia de Solitude

3.1K 301 180
                                    

DELEGACIA DE SOLITUDE – DELEGADO ALMIR FERREIRA DE SOUZA.

- Ainda não conseguiram encontrá-la? - O Delegado Almir andava em círculos dentro de seu próprio gabinete. As notícias naquele dia não estavam sendo nada animadoras, e pelo visto, não poderia fazer nada para amenizá-las.

- Não, Senhor! - o policial prostrado à sua frente respondia com grande firmeza em sua voz, embora temesse as possíveis reações que seu chefe poderia ter com aquelas palavras deprimentes. - Colocamos policiais pela cidade toda para atenderem ao caso. Reviramos o apartamento da moça, conforme a ordem judicial que possuíamos, e interrogamos todos os parentes que ela possui dentro de Solitude, inclusive, seus colegas de trabalho.

- E ela nem dá sinal de vida? - as feições de Almir tornavam-se fechadas, demarcando três intensas linhas de expressão em sua testa franzida.

- Não, Senhor! – o policial retornou com a mesma prontidão. – A última vez em que a suspeita foi vista, estava no carro de placa WOA 6740. Segundo os dados em nossos sistemas, o carro é pertencente à Pierre Albuquerque Dubois. Ele era o namorado da vítima.

- Muito bem! – o delegado girou a caneta entre seus dedos. – Logo encontraremos a suspeita. – e desta vez, o sussurro é mais para si mesmo, do que para o policial à sua frente.

- Trabalharemos com afinco para que isto aconteça. – e ao ver o delegado fazer um gesto para que ele deixasse o gabinete, perguntou antes de se retirar – Eu apenas gostaria de saber uma coisa. Por que ela é considerada suspeita, sendo que ambos os casos foram suicídio? Não há jeito de terem sido homicídios...

- Ah, meu caro! – o delegado exclamou, soltando os ombros bruscamente. – Tudo que está acontecendo é bem mais complicado do que você imagina. Mas tenha em mente que logo o caso lhes será esclarecido.

O policial fez um sinal afirmativo, deixando o gabinete. O delegado trancava a porta para que nenhuma testemunha suspeitasse daquilo que estava prestes a acontecer. Não poderia se dar ao luxo de algum policial encontra-lo naquela circunstância.

Da última gaveta de sua mesa, retirava uma adaga prateada. Ela era grande o suficiente, e eficaz o bastante para o serviço.

Na tela de seu computador, fotos de Belina Colombari passavam como em slides de um Data Show. O delegado acariciava intimamente cada foto que deslocava-se, tomando sua atenção para uma em especial: aquela em que a moça estava de corpo inteiro.

- Belina, Belina. – e dizendo seu nome com grande satisfação, fechava as venezianas de seu gabinete. – Não se preocupe, minha querida. Seu nome já está na lista.

A adaga ainda estava entre seus dedos. O delegado abria a porta que discretamente ficava ao lado de um dos lados do armário – aquele onde ele guardava os resumos de todos os seus casos já resolvidos. A porta de madeira foi aberta em um pequeno tilintar.

O policial Carlos Augusto já o esperava do lado de dentro, com a sua próxima vítima.

- Quem é este? – Almir perguntou, apontando na direção do homem amarrado à cadeira, com os olhos encharcados pelas próprias lágrimas.

- Uma cortesia. – o policial dizia, puxando o cabelo do homem, o que fez com que sua cabeça involuntariamente fosse junto. – Peguei esse meliante tempos atrás. Um estuprador de merda.

- Ora, ora! – o delegado anunciava, passando a ponta de sua adaga na garganta do homem, como a lhe fazer cócegas. – Então estaremos apenas fazendo um favor para a humanidade. – e soltando uma grandiosa gargalhada ao lado de seu companheiro, passou a adaga no pescoço do homem de uma só vez, sem fazer cerimônia.

Não foi suicídio! Onde histórias criam vida. Descubra agora