DELEGACIA DE SOLITUDE – DELEGADO ALMIR FERREIRA DE SOUZA.
- Ainda não conseguiram encontrá-la? - O Delegado Almir andava em círculos dentro de seu próprio gabinete. As notícias naquele dia não estavam sendo nada animadoras, e pelo visto, não poderia fazer nada para amenizá-las.
- Não, Senhor! - o policial prostrado à sua frente respondia com grande firmeza em sua voz, embora temesse as possíveis reações que seu chefe poderia ter com aquelas palavras deprimentes. - Colocamos policiais pela cidade toda para atenderem ao caso. Reviramos o apartamento da moça, conforme a ordem judicial que possuíamos, e interrogamos todos os parentes que ela possui dentro de Solitude, inclusive, seus colegas de trabalho.
- E ela nem dá sinal de vida? - as feições de Almir tornavam-se fechadas, demarcando três intensas linhas de expressão em sua testa franzida.
- Não, Senhor! – o policial retornou com a mesma prontidão. – A última vez em que a suspeita foi vista, estava no carro de placa WOA 6740. Segundo os dados em nossos sistemas, o carro é pertencente à Pierre Albuquerque Dubois. Ele era o namorado da vítima.
- Muito bem! – o delegado girou a caneta entre seus dedos. – Logo encontraremos a suspeita. – e desta vez, o sussurro é mais para si mesmo, do que para o policial à sua frente.
- Trabalharemos com afinco para que isto aconteça. – e ao ver o delegado fazer um gesto para que ele deixasse o gabinete, perguntou antes de se retirar – Eu apenas gostaria de saber uma coisa. Por que ela é considerada suspeita, sendo que ambos os casos foram suicídio? Não há jeito de terem sido homicídios...
- Ah, meu caro! – o delegado exclamou, soltando os ombros bruscamente. – Tudo que está acontecendo é bem mais complicado do que você imagina. Mas tenha em mente que logo o caso lhes será esclarecido.
O policial fez um sinal afirmativo, deixando o gabinete. O delegado trancava a porta para que nenhuma testemunha suspeitasse daquilo que estava prestes a acontecer. Não poderia se dar ao luxo de algum policial encontra-lo naquela circunstância.
Da última gaveta de sua mesa, retirava uma adaga prateada. Ela era grande o suficiente, e eficaz o bastante para o serviço.
Na tela de seu computador, fotos de Belina Colombari passavam como em slides de um Data Show. O delegado acariciava intimamente cada foto que deslocava-se, tomando sua atenção para uma em especial: aquela em que a moça estava de corpo inteiro.
- Belina, Belina. – e dizendo seu nome com grande satisfação, fechava as venezianas de seu gabinete. – Não se preocupe, minha querida. Seu nome já está na lista.
A adaga ainda estava entre seus dedos. O delegado abria a porta que discretamente ficava ao lado de um dos lados do armário – aquele onde ele guardava os resumos de todos os seus casos já resolvidos. A porta de madeira foi aberta em um pequeno tilintar.
O policial Carlos Augusto já o esperava do lado de dentro, com a sua próxima vítima.
- Quem é este? – Almir perguntou, apontando na direção do homem amarrado à cadeira, com os olhos encharcados pelas próprias lágrimas.
- Uma cortesia. – o policial dizia, puxando o cabelo do homem, o que fez com que sua cabeça involuntariamente fosse junto. – Peguei esse meliante tempos atrás. Um estuprador de merda.
- Ora, ora! – o delegado anunciava, passando a ponta de sua adaga na garganta do homem, como a lhe fazer cócegas. – Então estaremos apenas fazendo um favor para a humanidade. – e soltando uma grandiosa gargalhada ao lado de seu companheiro, passou a adaga no pescoço do homem de uma só vez, sem fazer cerimônia.
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Não foi suicídio!
Mystery / ThrillerBelina vê sua vida virar do avesso ao presenciar um suicídio. Frio, rápido e sem explicação. Uma jovem se joga do topo de um prédio, tendo seu corpo perfurado pelos cacos de vidro da calçada. Ninguém entende como uma jovem no auge de sua vida era c...