Saí rapidamente em disparada, procurando com os olhos o local onde havíamos deixado a caixa de madeira que resgatamos no apartamento de Lara. Pierre havia colocado nela os dois jornais que estavam em minha posse, e no momento, eles eram exatamente o que eu precisava.
Minha mente sofreu uma claridade intensa sobre o dia anterior. Embora eu não compreendesse como pude esquecer todos os ocorridos de um dia para o outro, eles voltavam em breves lampejos.
E aquele, certamente, foi o lampejo mais forte que tive.
Antes de deitar-me na cama, eu havia percorrido meus olhos sobre o jornal. Na primeira página inteira, como se meu olhar pudesse confirmar em uma manchete que tudo o que eu vivera havia realmente acontecido.
O título provocativo anunciando o suicídio. A foto que estampava grande parte da primeira página. Logo acima, o título do jornal, a data à qual ele pertencia; e, bem ao canto, em letra pequena como se tentasse se fazer despercebido, o nome da cidade onde havia sido produzido.
E, logo após, me lembro de ter pego no sono.
Havia sido isso. Apenas isso. E agora, os jornais estavam dobrados dentro da grande caixa de madeira, a qual por si só já carregava inúmeros mistérios que teríamos de resolver.
E este, seria o primeiro deles de que eu me dispunha a tentar solucionar.
A cidade mencionada era pertencente à Região de Solitude, embora eu não tivesse ouvido menção sobre ela até o momento. E seu nome me causava arrepios só de perpassar meus olhos pela palavra que se formava.
O fato de ficar na mesma região que a minha cidade indicava que não iríamos tão longe assim, embora não fosse perto o suficiente para que fossemos encontrados com facilidade.
Pierre me espiava de sobrolho, indagando o que eu estava fazendo com aquele jornal, e pesquisando no Google Maps a localização de algum endereço.
- O que você encontrou? – ele soltou um leve pigarro, de modo que fez a sua presença ser mais notável, reparando a rapidez com a qual eu fazia anotações num folha de minha agenda. Não o encarei de retorno, apenas disse rapidamente:
- Pode ser a chave para nosso mistério. – e guardando a agenda na bolsa, anunciei gravemente – O que está esperando? Temos que chegar à cidade que fica poucos quilômetros daqui.
Ele analisou meus gestos, não sabendo qual reação eu esperava de sua parte. Não sabia se deveria acompanhar o ritmo de meus pensamentos, ou simplesmente, fazer o que eu havia solicitado, pois o que precisávamos mesmo naquele momento, era de agilidade.
- Que cidade? – ele indagou, já tomando a caixa de madeira em seus braços, para coloca-la no carro.
- Santo Ceifeiro. – respondi, dando um sorriso de canto ao vê-lo franzir o cenho diante da afirmativa. – A cidade que nos trará algumas respostas.
- Tem certeza de que quer mesmo visitar uma cidade com um nome desses? – ele me questionou, fazendo gestos para que eu parasse de dizer loucuras. – Eu nunca ouvi falar nesse lugar. E só pelo nome...
- Olha, eu também nunca ouvi falar. – o interrompi – Mas é a melhor alternativa que temos, ok?
Ele meneou a cabeça em afirmativa, em postura firme. Não parecia afim de entrar em discussão comigo naquele momento, e agradeci aos céus por tê-lo feito. Minha cabeça já se encontrava em um turbilhão de informações e dores. Não precisava me incomodar mais ainda em ter que explicar para Pierre o motivo pelo qual as coisas aconteceriam daquela forma. Simplesmente, nós teríamos que ir para o Ceifador.
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Não foi suicídio!
Mystère / ThrillerBelina vê sua vida virar do avesso ao presenciar um suicídio. Frio, rápido e sem explicação. Uma jovem se joga do topo de um prédio, tendo seu corpo perfurado pelos cacos de vidro da calçada. Ninguém entende como uma jovem no auge de sua vida era c...