Humor dos infernos

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Mesmo estando escuros meus olhos ficaram fixos no teto por alguns segundos enquanto meu corpo lentamente despertava. Virei à cabeça para o lado e gemi ao ver as horas.

Cinco horas e cinco minutos.

Fechei os olhos e cobri o rosto com lençol na esperança de voltar a dormir. Não funcionou.

Depois de Mer ir para casa, pouco antes das onze da noite, fui direto para cama, mas estava agitada demais para dormir e apesar de estar cansada a agitação não tinha me deixado cair em um sono profundo.

Thor miou ainda dormindo enfiando as patinhas no emaranhado do meu cabelo, e me fez sorrir. Joguei o lençol para o lado e com cuidado para não acordá-lo levantei da cama. Olhei novamente para os números grandes e vermelhos do radio relógio e balancei a cabeça com pesar. Era tão cedo!

Praguejei em voz alta quando meus pés enroscaram em algo no chão me fazendo cair de cara.

Agarrei o bidê equilibrando-me, e liguei sem querer o radio relógio.

-Bom dia cidade de Nova York!

Revirei os olhos para a voz alegre do locutor. Ninguém deveria ser tão alegre pela manhã.

***

Bastardo arrogante estava em um dia ruim.

Quando as portas do elevador se abriram e seus olhos focaram em mim, pareceu que ele havia engolido algo estragado. Sorri docemente em resposta para seu estado de humor.

-Bom dia - o tom de ironia na sua voz me fez bufar baixinho.

-Bom dia senhor.

Com um balanço de cabeça ele andou até a porta do seu escritório parando tempo o bastante para avisar que eu não deveria passar nenhuma ligação sem obter seu sinal verde. Antes de sumir para dentro de sua sala, porém puxou um pouco a manga do terno para cima expondo seu relógio e sorriu. Um sorriso grande e miseravelmente arrogante. Instantaneamente percebi que não gostaria do que ele estava prestes a dizer.

-Chegou no horário quem diria - zombou e enfiou uma das mãos na calça social. - Preciso confessar que estou decepcionado, parte minha achava que conseguiria acabar com essa situação inconveniente ainda hoje.

Situação inconveniente? Fale-me sobre levar um tapa na cara logo de manhã. Fingindo estar interessada no computador - desligado, murmurei:

-Nunca realmente fui o que esperavam de mim - dei de ombro indiferente embora meus olhos estivessem brilhando de raiva. -Certamente não irei começar a mudar isso agora senhor.

Conforme as horas arrastaram-se seu humor não melhorou. Jesus me ajude foi justamente o contrário. Ele ladrou e ladrou ordens até que me peguei desejando jogá-lo pela janela. A ideia me agradou mais do que seria saudável admitir.

***

Pouco antes das 11 ele finalmente saiu da sua sala, tão carrancudo quanto antes.

-Senhor - reconheci sua presença sem olhar para cima. Estava digitando um relatório que em suas palavras deveria estar pronto até a hora do almoço em sua mesa e com cópias.

-Algum recado para mim?

Ele estava falando sério? O telefone tocou estridentemente apenas 5 minutos atrás.

Assenti, apontando para os post its na ponta da mesa. - Alguns.

Mabuchi suspirou.

-Pode olhar para mim enquanto falo? Isso é rude senhorita e eu prezo a educação entre meus funcionários.

Era Pra Ser VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora