Will vs Mabuchi

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Olaaaaaaa ainda não é oficialmente segunda então não extrapolei o prazo de postagem (sexta, sábado ou domingo)



Mabuchi suspirou. Imitei-o, tanto para liberar o ar para fora de meus pulmões, quanto para aliviar meu nervosismo. Desisti de fingir que estava mexendo no computador e desisti de dar voltas no assunto. Eu queria saber se ele havia se arrependido de uma vez por todas e a realidade disso me atingiu com força. Por mais que eu quisesse negar a atração e os sentimentos confusos que sentia por ele, eu precisava da resposta, eu precisava saber o ele estava sentindo, para só daí, quem sabe, conscientizar-me da dimensão dos meus próprios sentimentos.

Desviei os olhos em direção a ele, só para fazer contato visual novamente.

– Apenas responda! Basta dizer sim ou não! – falei.

Minha voz soou cansada e de repente era como eu me sentia, cansada. Nenhum de nós falou, nenhum de nós queria ceder. Parecíamos crianças birrentas. Gregory Mabuchi nunca tinha sido território seguro, e agora as coisas estavam num patamar ainda mais perigoso. Meu estômago se agitou com a possibilidade dele dizer que sim, que estava arrependido. Porque eu não estava e, se pudesse voltar no tempo, provavelmente faria tudo de novo. Beijá-lo me causou uma forte onda de adrenalina, tão forte que me fez notar o quanto eu queria e precisava disso.

– Não!

Uma palavra. Apenas uma palavra e eu parecia geleia.

– E você? – ele perguntou.

– Eu pareço arrependida? – retorqui baixinho, olhando em seus olhos. Até aquele momento eu nunca tinha percebido como o tom era bonito, ou talvez eu só não quisesse perceber.

O telefone tocou e o encanto foi quebrado. Limpei a garganta, desviando os olhos dele.

– Alô? – minha voz soou mais como um lamento, do que uma saudação. Parte minha queria mesmo encerrar aquela conversa maluca, mas minha outra parte, teimosa e irracional, queria ir até o fim.

Eu estava ficando louca.

– Jasmim? – era a voz de Cathelyn da recepção. – A Tifanny está aqui embaixo, espere um momento – ela pediu a mim e então se dirigiu a outra pessoa. – Desculpe como é mesmo seu sobrenome?

– Ele sabe a droga do meu sobrenome! – Tifanny rugiu em alto e bom som.

Rolei meus olhos. Tão rica e tão mal educada ao mesmo tempo.

– Tifanny ele sabe a droga do meu sobrenome está aqui embaixo querendo subir – Cathelyn continuou. – Devo dar permissão?

Apesar de não querer, eu ri, pois nem mesmo Cathelyn, que é um amor de pessoa, podia lidar com Tifanny.

– Um segundo... – Olhei para Mabuchi, que surpreendentemente ainda estava parado na porta. – Tifanny está aqui! – informei. – Devo deixá-la subir?

***

O almoço com Will tinha tudo para ser bom, para ser um bom momento. Tinha, mas não foi.

Almoçamos num pequeno restaurante caseiro, bastante acolhedor. O suave barulho das conversas era o único ruído, pois nem Will ou eu estávamos falando. Volta e meia trocávamos sorrisos e olhares, mas não nos falávamos. Eu estava tensa e irritada, a culpa nem de longe era dele, mas eu estava sendo uma péssima companhia.

Limpei a garganta tentando me concentrar, mas tudo que eu pensava era em Tifanny, saindo do elevador ao mesmo tempo em que eu estava entrando. Bom Deus, será que eles eram namorados ou algo do tipo? Se isso fosse verdade, Mabuchi era o pior babaca que já pisou na terra. Deus, o cara era um idiota. Maldito...

– O que disse? – Will franziu a testa me observando.

Ótimo eu estava falando sozinha.

Inspirei e respirei forçando um sorriso.

– Nada! – rangi os dentes. – Dia ruim no trabalho – justifiquei. – Me desculpe por estar sendo inconveniente. De verdade! – acrescentei vendo o quão desconfortável ele estava, por minha culpa.

Nossos pedidos chegaram, e só de sentir o cheiro da comida meu estômago roncou de fome. Começamos a comer em silêncio. Eu estava odiando o Mabuchi, por ter estragado meu encontro. Eu também me odiava por pensar nele. O que diabos estava acontecendo com a minha mente? Bem lá no fundo eu sabia a resposta, mas não estava pronta para admitir.

– Como vai à faculdade? – Will perguntou.

Sorri agradecida pela mudança de assunto.

– Vai bem! – cutuquei meu filé de frango. – Minha última prova final é hoje.

– Serio? Está ansiosa?

Balancei a cabeça mastigando.

– Pra caramba! Mas não tanto quanto vou estar ao apresentar meu TCC – brinquei. – E você, conseguiu organizar todos os livros?

Will e eu, pouco a pouco nos soltamos e deixamos a conversa menos impessoal. Justo quando eu relaxei e comecei a gostar de estar com ele, precisei voltar ao trabalho.

***

Dentro da empresa eu praticamente me arrastei até o elevador, adiando o inevitável. Meu estado de espírito estava tão detonado, que eu sabia que se Mabuchi suspirasse alto demais eu iria querer jogá-lo pela janela. Eu estava mais do que pronta para fingir que nada tinha acontecido. Que toda aquela conversa tinha sido invenção da minha cabeça, mas quando as portas do elevador se abriram, Mabuchi estava parado em frente a minha mesa. Fiquei tentada a dar meia volta, mas rolei os olhos mediante a ideia. Eu não era uma criança, pelo amor de Deus, eu tinha vinte e dois anos e tinha que agir como tal.

– O que está fazendo aqui? – indaguei dando a volta na mesa para sentar.

– É a minha empresa! – ele respondeu com um encolher de ombros.

Dei um sorriso amarelo de lado. Era uma boa resposta, eu tinha que admitir.

– Precisa de algo, senhor? – mostrei minha impaciência, esperando que ele entrasse em sua sala de uma vez.

– Preciso conversar com você, eu...

– É sobre o trabalho? – interrompi, ligando o computador e soltando um suspiro. Eu deliberadamente estava sendo rude, mas honestamente, não era nada que ele não fizesse comigo. Se Tifanny era mesmo sua namorada, então eu tinha toda a razão de estar irritada. Não olhei para cima, mas o meu palpite era que eu estava o irritando.

Bom.

Ele merecia.

– Sobre o que aconteceu na exposição.

Respira Jas, respira.

– Já está tudo resolvido senhor, não se preocupe.

Eu era uma grande mentirosa, nada estava resolvido. Parecia que um furacão tinha feito lar em minha mente.

– Eu queria...

– Sua namorada já foi? – finalmente ergui os olhos e o observei. Pela primeira vez, desde o dia em que nos conhecemos no elevador, sentia que ele estava se controlando para não perder a calma comigo e entrar no nosso habitual jogo de ofensas.

– Ela não é minha namorada.

Oh céus, como se respira?

Era Pra Ser VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora