Ellie Mabuchi, a desenhista

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Oi pessoal agora sim é um capítulo. Pretendia publicar esse capítulo só na sexta que vem, mas vocês merecem uma atualização.

Obrigada por me acompanharem <3

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Mabuchi era pai. Santo Deus! Nunca tal coisa tinha se passado pela minha cabeça. E isso tornava a situação toda muito estranha. Aliás, estranha era a única palavra capaz de definir o que estava acontecendo. Mabuchi estava estranho. Eu estava estranha. Marie estava estranha e Julyan não ficava muito atrás. Mas Ellie... Ellie estava tão confortável que você acharia que ela estava acostumada com situações assim.

Ellie tinha uma língua afiada para alguém tão pequeno, provavelmente em decorrência de ser filha de quem era, e nas mãos dela Mabuchi parecia um bonequinho. Mordi o lábio para não rir ao ouvir sua explicação do porquê tinha sido desobediente e saído pela empresa sozinha. Mabuchi era o culpado. Ele não tinha dado atenção o bastante para ela, o que a fez ficar entediada e sair por ali. Prova disso era que ele não tinha percebido seu desaparecimento por um longo tempo.

Alguns minutos se passaram nessa conversa e eu estava tão aérea que acabei indo atrás deles. Só percebi que estávamos no elevador quando as portas se fecharam e eu não tinha mais para onde correr. Na pequena caixa de metal Ellie e Mabuchi conversavam baixinho enquanto eu permanecia tão afastada quanto possível deles. Fiz o meu melhor para não ouvir o que ambos falavam, mas era impossível, tendo em vista o local tão pequeno em que estávamos. A conversa era engraçada e sem cabimento. Não aguentei e ri.

– Porque está rindo? – Ellie, ou talvez Mabuchi tenha perguntado.

Meus olhos se encheram de água por conta do riso e escorreguei pela parede do elevador me abanando. Foi mais forte do que eu. A mini Mabuchi cruzou os bracinhos sobre o peito e abriu a boca para falar mais. Ellie era tão parecida com ele que era algo assustador. Ao olhar para Mabuchi lembrei-me do meu sonho. E por conta dessa lembrança cada gesto dele, cada olhar, pareceu para mim intensificado.

O resultado disso foi uma Jasmim bagunçada e envergonhada.

***

Além de estranha, minha manhã começou a ficar surpreendente. Eu não sabia o que esperar quando Mabuchi me pediu para que eu o acompanhasse até sua sala. Em nenhum momento consegui fazer contato visual sem me sentir envergonhada. Bastava olhar para ele que as palavras BEIJO e ELEVADOR piscavam em letreiros brilhantes dentro da minha cabeça. Minhas bochechas ardiam com tanto calor que me vi outra vez no colegial.

Alisei meu vestido e sorri vendo Ellie sentar no sofá de couro, exatamente onde eu havia me sentado pela primeira e única vez no dia que Mabuchi me demitiu. Observei como ela, com gestos graciosos, pegou uma mochila rosa felpuda jogada no chão, que até aquele momento eu sequer tinha notado. E só depois de meia batida é que percebi que Mabuchi estava falando comigo. Limpei a garganta e me forcei a olhar para ele, só para em seguida desviar os olhos. Fiz isso mais duas vezes até conseguir sustentar seu olhar e balancei a cabeça com intensidade. Quando não se esta prestando atenção na conversa, a atitude mais sensata é concordar.

– Sim? – Mabuchi indagou com um franzir de testa.

– Pai? – Ellie o chamou. Ela tinha espalhado todo o conteúdo de sua mochila em cima do sofá – fora as coisas que ficaram caídas no chão. – Que cor eu pinto o leopardo? – perguntou levantando seu livro de colorir e mordendo seu lápis de cor.

Mabuchi sorriu. Um sorriso tão raro que me peguei olhando tempo demais. Era um sorriso grande e bonito eu precisava admitir, porém assim que voltou os olhos para mim o sorriso sumiu.

Era Pra Ser VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora