O nosso tempo

5.3K 473 31
                                    


Meu telefone tocou, pouco depois que terminei de me vestir. Achei que poderia ser Julyan ou Mer, mas era Chase. Atendi sorrindo.

– Bom dia! – Chase me saudou com uma voz feliz demais, para quem, até algumas horas atrás, estava com um sério caso de dor de barriga.

– Hum – sorri. – Alguém teve uma boa noite?

– Eu estava querendo te perguntar exatamente isso – ele riu, sem confirmar o que perguntei, mas tampouco negando minha pergunta.

Lembrei-me da noite da exposição e de que ele estava lá pra ver alguém e fiz uma nota mental de saber mais sobre. Ele era sempre tão fechado.

– Qual é o nome dela? – indaguei curiosa. Fiz uma varredura mental, tentando me recordar dos nomes e dos rostos das garotas com as quais ele andava ao redor da faculdade e falhei. Eram muitas e dificilmente as mesmas.

Chase ficou em silêncio, parecia pensativo e então debochado.

– O que você quer dizer com nome dela? – ele pareceu se divertir.

 Franzi a testa por uma batida sem entender, até que a ficha caiu.

– Você é gay?

Você não faz meu tipo, ele havia me dito, sentado no banco da faculdade.

Oh! Fazia sentido.

– Você não sabia? Quero dizer, – ele caçoou – você já me viu envolvido com alguma garota?

Nem precisei pensar para falar.

– Com várias – prontamente falei, então mordi a língua. – Mas não é como se você me devesse explicações. Eu só meio que, você sabe, achei que todas aquelas garotas eram...

– Ficantes? – ele sugeriu rindo. – São só algumas amigas, ou então alguém querendo um orçamento sobre tatuagem.

Chase era tatuador, num estúdio de tatuagens que ficava a dois quarteirões de sua casa. Ele adorava o que fazia e o trabalho artístico ajudava com os gastos da faculdade e moradia.

– Qual o nome dele? – refiz a pergunta.

– Um nome que eu não quero me lembrar – gemeu. – Definitivamente não quero.

Whoa.

– Ressaca do amor?

– Isso soou brega demais, para se ouvir estando tão sóbrio – resmungou. Toda a felicidade dissipando-se no característico humor sarcástico.

– Vamos lá, me conta! – insisti no assunto.

– Edward.

– Edward Cullen ou Edward mãos de tesoura?

– Eu te odeio! – sua resposta saiu seca e num suspiro, fazendo-me segurar um riso.

– Eu te amo! – cantarolei. – Qual a história entre você e Edward? – continuei mais séria.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

– Ele é um cara legal – respondeu. – Tipo aquele cara que você olha e pensa "uau". É só que, às vezes é difícil... É confuso... E bom. Tudo ao mesmo tempo.

– Intenso – murmurei com sinceridade, mas já não estava mais falando apenas de Chase e Edward. – E por que não apenas bom?

Mais silêncio. Esperei. Chase tinha seu próprio tempo para tudo, inclusive para falar sobre sentimentos.

Era Pra Ser VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora