Andrew Johnson

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Depois de cansar dos livros de colorir, Jack e eu resolvemos assistir a um filme, e por ser convidado o deixei escolher.

Sua escolha foi a de um filme chamado "Super Gato". Um filme de animação em que os gatos tinham superpoderes e eram super-heróis, porque, segundo ele, Thor se sentiria mais a vontade. Apesar de querer rir, concordei, e procurei no YouTube para assistir.

O resultado disso? Jack havia dormindo nos primeiros 40 minutos no meu ombro, assim como Thor que se empoleirou aos seus pés e tirou um cochilo.

A inocência da criança de oito anos era incrível, pois Jack perguntou se podia dar o lanche que levaria para a escola no dia seguinte para Thor, porque assim talvez ele confiasse nele também. Assegurei que não seria necessário. Com um pouco de manha, carinhos (e muita comida de gato), Thor deixou Jack chegar perto sem arranhá-lo. E algum tempo depois se aproximou de mansinho como se dissesse: confio em você humano e o usou como cama para dormir.

Era triste ver o medo que Thor sentia perto de crianças, meu coração murchava um pouco ao pensar, mas o fato de ele ter aceitado Jack tão mais rápido do que me aceitou era um grande alivio, pois levou uma eternidade para que ele parasse de fugir de mim.

Esfreguei os olhos e, com cuidado para não acordar nenhum dos dois, peguei meu celular da mesinha de centro. O silêncio era tão grande que se eu não me mexesse logo provavelmente dormiria. Poderia pegar um livro no quarto e ler, mas dificilmente faria isso sem acordar Jack, o que consequentemente deixaria Thor mal humorado por ser acordado também. Só me restava manter a mente ligada usando meu celular, o que para ser sincera não era tortura alguma.

Liguei os dados móveis do celular e acessei a internet e quase que instantaneamente entrei no Facebook, e no Instagram. Minha timelineestava quase sem novidades, mas isso não me impediu de passar os olhos para cima e para baixo até Julyan chegar.

Nem o barulho do punho de Julyan batendo na porta, ou o fato de eu ter colocado seu rosto numa almofada como apoio fez Jack acordar. Quando comentei isso baixinho com Julyan ela riu e murmurou que ele tinha o sono mais duro que uma pedra.

Depois de persuadi-la para não acordá-lo, a convenci a tomar um café. Na verdade eu gostava da companhia dela na empresa, e fora não era diferente.

– Eu de verdade juro que vou recompensar você, – ela disse soprando a fumaça de sua xícara. – Basta me dizer quando e eu farei.

– Julyan! – sorri balançando a cabeça. Estava claro para mim, que ela não recebia ajuda frequentemente, pois não sabia lidar com um favor. Na verdade ir buscar Jack sequer tinha sido um favor. – Você não conta muito com as pessoas não é?

Ela deu de ombros como vi Jack fazer algumas horas atrás.

– Sim.

– Está tudo bem! – assegurei outra vez. – Na verdade foi você quem me fez um favor, seria uma tarde terrivelmente entediante se não fosse por Jack.

Julyan sorriu.

– Aposto que ele contou algumas histórias.

– Ele contou. E usou uma rica variedade de detalhes. Ele é uma criança muito meiga.

Nós duas olhamos para o sofá onde ele dormia, e ela franziu a testa.

– Eu não entendo – murmurou mais para si do que para mim. - Como a bombinha simplesmente sumiu? Eu sempre me certifico que ela esteja com ele não importa aonde ele vá.

– Certo – assenti mordendo o lábio. – Sobre isso...

– O que? – incentivou com o semblante preocupado.

Era Pra Ser VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora