Desculpem pela demora, tive vários problemas pessoais.
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Num primeiro momento pensei que a agitação na empresa fosse pelo meu atraso, mas tão logo a ideia surgiu a dispensei, o atraso de uma secretária não causaria tanto alvoroço. Quando as portas do elevador se abriram, foi impossível não lembrar-me do aviso de Cathelyn, e também foi impossível não me lembrar de coisas sonhadas dentro do elevador...
Certa vez assisti a um desenho animado em que o personagem principal ficava tão irritado que acabava explodindo de raiva. Eu deveria ter uns sete ou oito anos de idade e achava a cena hilária, mas ao ver Mabuchi, quase tão irritado quanto ao protagonista daquele desenho, não consegui achar isso engraçado.
Mabuchi pareceu nem notar que eu estava atrasada, na verdade ele estava mais preocupado em gritar com um dos seguranças do que me olhar parada em sua porta. Segurei no batente enquanto Mabuchi bradava com o pobre homem. Limpei a garganta ao mesmo tempo em que ele gritou: "Você a encontrou"?
Estremeci com sua voz alta, surpresa pelo segurança não ter feito mesmo. Bati de leve, chamando a atenção dos dois.
– O quê? – ele rosnou quando me viu. – Achou Ellie?
Arregalei os olhos com a mente em branco, sem ter uma resposta.
– Eu... Não... Vou buscar café – respondi fugindo de sua vista mais do que depressa.
Mabuchi não tinha notado meu atraso, mas eu daria tudo para que ele tivesse percebido se em troca eu conseguisse entender o que diabos estava acontecendo. Seu mau humor estava pior do que normalmente, algo da sua personalidade infernal parecia estar por trás daquilo. Sentei na minha cadeira e pulei quando o ouvi gritar novamente.
Bom Deus! A loucura estava tornando-o refém.
Pobre segurança.
Deixei minha bolsa debaixo da mesa e levantei. Talvez devesse buscar um café realmente. Só a cafeína iria me salvar de cometer um provável assassinato caso ele continuasse assim. Levantei, e no último instante antes de entrar no elevador desisti, optando pelas escadas. Era besteira, mas meu estômago virava o lar de um bando de borboletas raivosas toda vez que eu olhava para o elevador. Uma espécie estranha de nervosismo me consumia e...
Ah, pelo amor de Deus, Jasmim! Isso só significa que você esqueceu-se de comer algo antes de sair – meu cérebro racionalmente me explicou. Balancei a cabeça em concordância e desci o primeiro degrau. Seria um longo caminho até chegar a Julyan e seu café dos deuses, principalmente estando de salto, mas valeria a pena.
A sala do café, como Julyan e as duas outras garotas que trabalhavam ali apelidaram, estava um verdadeiro caos. Na verdade caos não era a melhor palavra para usar. Julyan, por exemplo, olhava com os olhos franzidos e a boca torcida de curiosidade para a pequena garotinha que estava causando grande comoção. Estaquei na porta, tentando entender o porquê de tanta bagunça. Era só uma criança, não um animal sobrenatural. Tal pensamento fez com que eu percebesse como estava mal humorada. Santo Deus, talvez o mau humor de Mabuchi fosse contagioso.
– Quem é essa garotinha? – perguntou a Marie, uma das garotas que trabalhava com Julyan, chegando por trás de mim na porta. Dei um passo para o lado, dando passagem para ela entrar.
– Sinceramente? – disse Julyan, olhando de mim para a garotinha que parecia feliz e confortável com toda a nossa atenção. – Ela apareceu aqui do nada. Na verdade, eu nem a tinha notado até agora pouco.
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Era Pra Ser Você
ChickLitJasmim Sanclair é uma estudante de design fazendo intercâmbio em Nova York. Depois de ser assediada pelo antigo chefe, perder o emprego, ser barrada nas aulas e quase não ter mais um lugar para morar ela já deveria saber que nada seria fácil em sua...