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O dia seguinte passou de forma monótona.

Por todo lado os alunos bocejavam ou apertavam as têmporas, com exceção de alguns que, pelo jeito, nem foram convidados para a Loucura da noite anterior. Esse era o resultado de uma festa no meio da semana, Harry pensou.

Quando passou por Brian Todd, este o olhou carrancudo, porém apenas continuou andando. Ariane e Lawrence o cumprimentaram, com bolsas embaixo dos olhos vermelhos, enquanto Matt passou o dia inteiro reclamando de dor de cabeça. Harry também estava com dor, mas o analgésico que tomara de manhã tinha aliviado bastante. Ninguém o chamou para conversar, mas muitos alunos acenaram quando ele passava.

Na Quarta-feira, Harry entrou na sala da primeira aula com dez minutos de antecedência.

- Ah - Brad Lester exclamou quando o viu - Acho que desta vez o despertador funcionou.

Harry sorriu. Lester trajava um terno azul-marinho, que o deixava bem mais jovem, apesar da barba desgrenhada e os cabelos volumosos.

- John me trouxe de carro.

No começo ele estranhou chamar o tio pelo só pelo nome. Porém, estava cansado de ouvir "É só John. Não quero que as pessoas me achem tão velho para já ser tio." Isso sempre fazia Harry revirar os olhos, então se acostumou. Brad Lester sorriu. Ele folheava um livro grosso de História. Harry largou a mochila em uma mesa no meio da sala e se aproximou.

- Decidindo o tema da aula?

- Sim - Lester respondeu - Acho que falarei sobre A Grande Depressão. Nos anos anteriores nós avançamos muito rápido na matéria.

Harry assentiu. Lester o fitou com um olhar matreiro. Por não ter filhos, Brad tinha o maior carinho para com seus alunos. Mas com Harry ele sempre fora atencioso, como se quisesse adivinhar seus problemas para poder ajudar de alguma forma. No início Harry se sentia desconfortável, mas depois de um tempo ele entendeu. Lester praticamente o viu nascer. A perda dos pais quando Harry era apenas uma criança fez com que as pessoas mais próximas se preocupassem com ele. E, de alguma forma, isso era bom.

- Não sou o que se pode chamar de observador - Lester continuou - Mas, ontem reparei que muitos de vocês pareciam estar meio... de ressaca.

Harry riu.

- Ressaca é pouco. Teve uma festa segunda.

- Achei que vocês faziam isso nos sábados.

- Pois é - Harry deu de ombros.

Brad achou a página que queria e colocou um caderno fino no meio do livro antes de fechá-lo.

- E o que me diz da escola, Harry? Já fez amizades?

- Não muitas - Ele pensou em Ariane e Lawrence. Não sabia ao certo se podia chamá-los de amigos. Mas, desde a festa, quase todo mundo o cumprimentava pelos corredores. Parecia até que ele virara uma espécie de celebridade após todo o ocorrido.

Ele se lembrou da briga com Brian. Tinha escondido isso de John. Pensou em contá-la agora para Lester, mas preferiu ficar quieto. O homem pareceu ler seus pensamentos e disse numa voz suave.

- Sei que você está tendo dificuldades, Harry. Não é fácil mudar de escola. Mas você é um bom garoto, vai fazer amizades logo. O mais importante é ser quem você é. Coisas boas virão.

O garoto assentiu. Então ouviram o sinal tocar e os alunos pouco a pouco entraram na sala. Todos parecias estar "curados" da festa e tagarelavam e riam sem parar. Matt sentou-se ao seu lado. Usava uma camisa pólo laranja e um boné preto virado para trás. Parecia um skatista. Brian Todd passou com todo seu corpanzil e sentou-se nos fundos da sala sem o encarar. Lawrence e Greggori o cumprimentaram, além de outros que passavam por sua mesa. Harry viu Jonah Velásquez se encaminhar para a última mesa na fileira da porta. Ele tinha uma feição séria e seus cabelos estavam enfiados embaixo da touca de seu blusão preto. O garoto de cabelos castanhos, Stuart, viu que as únicas mesas vazias eram a de frente ao professor, que ninguém queria sentar, e a do lado esquerdo de Harry. Após um pequeno momento de hesitação, o garoto se sentou de frente a Lester.

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora