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Uma da manhã. O brilho das estrelas era encoberto pela poluição luminosa que as luzes da cidade causavam. John dirigia seu Honda CR-V preto na fria noite de outono, enquanto repetia insistentemente:

- Diana está o que?

- Grávida - Respondia Harry.

- Grávida?

- Sim, grávida.

- Não posso acreditar.

- Eu muito menos.

Ao estacionarem na frente do enorme gramado, Harry avistou Matt encostado na soleira da porta da frente, com uma mão no bolso da bermuda jeans e a outra apertando as têmporas.

- Oi - Harry disse ao se aproximar - Está tudo bem aí dentro?

- Agora, sim - Matt suspirou - Acho que a garganta de minha mãe pediu uma trégua.

- Boa noite, Matt - John se aproximou.

- Oi, John. Entrem logo, enquanto está tudo calmo.

Ele abriu caminho, deixando Harry e John entrarem. O Hall de entrada era pequeno, contendo apenas uma mesinha com um vaso de plantas e as escadas para o segundo andar. Matt os conduziu por um curto corredor à direita, levando-os para a cozinha. Diana se encontrava sentada no balcão, de cabeça baixa sobre uma xícara fumegante. Seus cabelos alaranjados caíam-lhe no rosto, deixando transparecer apenas parte dos olhos inchados e o nariz vermelho de tanto assoar.

Genna Labart estava de costas mexendo a esmo nos objetos sobre a pia. Ela usava uma camisola branca e bobes na cabeça. Seu corpo esguio estava rígido, como se estivesse pronta para começar a gritar a qualquer momento. Ela se virou quando os ouviu chegar.

- John! Harry! O que estão fazendo aqui?

- Boa noite, Genna - disse John. Ele se aproximou e lhe deu um beijo nas bochechas - Onde está Rob?

- Foi até a casa dos Hunter - Ela olhou ríspida para a nuca de Diana.

- A essa hora? Não podia esperar até amanhã?

- Amanhã Robert trabalha. Assim como eu. Não podemos nos dar ao luxo de perder um dia de trabalho para resolver os problemas de nossos filhos. A não ser que seja de saúde.

- Pensei que gravidez era problema de saúde - Matt estava encostado na porta que dava para o corredor de braços cruzados.

Harry se sentou de frente para Diana. Ele sempre considerou os garotos da família como irmãos e com ela não era diferente. Era como se fosse sua irmãzinha caçula.

Ela sempre fora a princesinha da casa, com seus cabelos louros e olhos intensamente azuis. Até que aos doze anos veio a primeira surpresa: Diana apareceu com os cabelos da cor de seus olhos. Aquilo pegou todos de surpresa, mas a garota explicara a Harry quando ele os visitara nas férias, que só tinha feito isso para deixar de lado esse estereótipo de princesa que a mãe a impunha. E que nunca mais deixaria os cabelos voltarem a ser louros, sempre mudaria de cor, pelo resto da vida. E agora, após tantas discussões com a mãe, a surpresa maior tinha acertado todos como um tijolo.

- Tudo bem, Diana? - Harry falou suavemente.

Ela ergueu os olhos, vermelhos de tanto chorar, e assentiu lentamente.

- Claro que ela está bem! - Genna ergueu a voz - Já está acostumada a chorar, não é? E eu que pensava ser cólica! Meu Deus, como fui boba!

- Acalme-se, Genna - disse John colocando a mão em seu ombro - O que aconteceu, aconteceu. Tudo se resolve com uma conversa.

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora