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Harry girou a chave imaginando que desculpa daria para explicar uma garota meio bêbada dormindo em seu apartamento a essa hora da noite. John provavelmente estaria sentado no sofá da sala assistindo algum programa chato de TV. É claro que o tio não falaria nada sobre Cat agora, mas com certeza não deixaria de soltar algum tipo de piadinha ou comentário no dia seguinte. Mas, ao abrir a porta, uma escuridão inesperada pegou Harry de surpresa. Ele acendeu a luz e deu passagem para Cat. A garota caminhou até o meio da sala e pegou um bilhete deposto sobre a mesa de centro.

- "Fui em um jantar importante. Volto lá pelas três. John." Parece que seu tio não está em casa.

Harry foi até ela e pegou o bilhete.

- Estranho. Ele anda tendo muitos jantares importantes ultimamente.

- Talvez ele tenha arrumado uma paixonite.

- John? Pode esquecer! - Harry riu - Ele não é do tipo namorador. Não o vejo com ninguém há anos.

- Nunca é tarde demais para o amor!

Cat disse isso num tom demasiadamente enfático. Harry encarou os olhos castanhos que o perfuravam de forma tão impudica que fazia seu coração acelerar consideravelmente. Não era apenas porque a garota o mirava que ele se sentia nervoso. Era a forma com que ela olhava. Uma mistura de desafio, divertimento e cinismo que deixava Harry extremamente desconfortável.

- Quer beber alguma coisa? - Ele disse tentando mudar de assunto.

- Talvez uma água - Cat respondeu - Minha garganta está meio seca. Nunca tinha bebido tanto álcool na minha vida.

- Não faz muito tempo, eu pensei a mesma coisa.

Harry a guiou até a cozinha e pegou uma garrafa de água na geladeira. Ele também estava com sede, por isso serviu dois copos. Enquanto bebia, ele se lembrou da cena que ocorrera mais cedo. "Vai dizer que vocês não estão namorando?". A pergunta de Matt ecoava em sua cabeça. "Eu não sei", Catherine dissera, "Nós estamos?". Se nem ela sabia, quem dirá Harry. Ele queria saber. Queria mesmo. Mas era complicado. Parecia que seus sentimentos eram um grande escritório e que, de repente, um furacão passara por lá, fazendo uma enorme bagunça nos papéis. Ele não sabia o que pensar, não sabia o que dizer ou como dizer. E principalmente, ele não tinha a menor ideia do que realmente sentia. É complexo demais esse tal mundo das paixões.

Após um longo tempo em silêncio, a voz de Cat ecoou pela cozinha.

- Você está bem?

- Claro - Harry disse ainda viajando em pensamentos - Por que não estaria?

- Porque já é a terceira vez que você entorna o copo vazio na boca.

Isso o fez despertar de seu devaneio, arrancando risadas de Catherine. Ele riu também e colocou o copo dentro da pia. Matt tinha razão, ele precisava parar de viajar tanto na maionese, isso já estava dando medo.

- Onde fica seu quarto?

A pergunta pegou Harry de surpresa. Não que ele tivesse notado algo de malicioso nas palavras de Cat, afinal, com certeza eles não ficariam conversando ali na cozinha até dar sono. Mesmo assim, ouvir aquilo o deixou um tanto mais nervoso.

- Hã... Fica no fim do corredor à esquerda - Ele apontou. Catherine não se mexeu e o olhou de sobrancelhas erguidas.

- Você pode me levar até lá?

- Sim. Claro! Quer dizer... Eu te acompanho - Harry sorriu nervoso e saiu da cozinha com Cat logo atrás. O corredor estava escuro, mas nada que atrapalhasse já que não tinha nenhum móvel no caminho. Ele abriu a porta e acendeu a luz - Só não repare a bagunça.

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora