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Manhattan, NY, 16 de outubro

Querida mãe,

São 10hs da manhã enquanto escrevo em meu quarto. O sol brilha forte lá fora, no infinito céu sem nuvens, o seu tipo preferido de dia. Acabei de chegar da casa dos Labart. Dormi lá esta noite por conta de um probleminha que ajudei a resolver. Se é que se pode chamar gravidez de problema.

Eu sei que os tempos são outros e que é normal vermos cada vez mais pais adolescentes na sociedade, mas quando isso acontece com pessoas próximas a nós, não tem como não ficarmos perturbados. Apesar que agora as coisas vão melhorar. Law assumiu seu papel e mostrou que será capaz de lidar com a situação, mesmo sendo tão jovem. Ele disse que Diana é "A mulher de sua vida", o que caiu como uma luva no coração mole de Tia Genna.

Porém, não acredito que o que ele disse seja verídico. A pouca idade é proeminente ao fato. Mas, é preciso dar um desconto, não é? Todo adolescente apaixonado já falou ou pensou isso em relação a alguém. Causa da inexperiência comum. Mesmo assim, saber que ele vai apoiar Diana nesse momento sensível deu a todos uma tranquilidade maior.

Mas, pessoalmente, eu não sei o que faria no lugar deles. Se a vida já é difícil de se encarar, imagine ter que dedicar a maior parte do seu tempo na criação de um novo ser humano? Ainda mais quando se é adolescente, a fase em que descobrimos o que queremos ser no mundo, onde nossos pensamentos flutuam em um turbilhão de escolhas e sentimentos que, muitas vezes, nos tornam dependentes de alguma coisa que nos firme na vida real.

Não estou dizendo que ter um filho é algo ruim. Só acho que é muito mais fácil encarar tudo quando se planeja por antecedência. Quando se tem a exata noção de que sua vida está bem resolvida, quando seu futuro já está garantido, assim como seu próprio sustento. Porque, apesar de tudo, Diana não passa de uma garota de quinze anos, que vai precisar de um enorme e iminente apoio da família.

Não quero ser imprudente em minhas palavras. Muito menos quero salientar a campanha da castidade. Apenas uso de minhas opiniões para gerar argumentos concretos o suficiente para ao menos tentar responder uma das perguntas mais fluentes em nossa sociedade: Como ser pai na adolescência?

Não digo que foi um erro de Diana e Lawrence. Acho que a palavra certa seria um deslize. Obviamente, eles não planejaram tudo o que ocorreu depois. No calor do momento, creio que eles nem pensaram nas consequências ao fazerem sua escolha. As coisas apenas aconteceram. Como pode acontecer com qualquer um.

Este sempre foi um assunto delicado para quem é jovem. Inclusive para mim. Não tenho tanta experiência para opinar muito mais do que já escrevi, então encerrarei por aqui. Só digo que tudo está resolvido por agora.

Mas, tem outra coisa que preciso lhe contar. Hoje, finalmente, conhecerei o pai de Ariane. Irei até sua casa à tarde, para começarmos o trabalho de História. E eu sei que o pai dela estará em casa porque... Bem, ele sempre está! Confesso que isso está me deixando nervoso a cada minuto que passa. Não sei bem o porquê. Nós somos amigos e é perfeitamente normal os amigos irem na casa um do outro, não é? Além disso, essa é a oportunidade que eu queria para saber mais sobre a vida de Ariane. Mesmo nos falando todo dia, acredito que não a conheço tão bem além do estereótipo que criei dela.

Enfim, eu só queria a manter informada. Sei que estou escrevendo pouco agora, mas é que minha vida está começando a ficar interessante. Eu finalmente consegui ficar conhecido por algo bom. O campeonato de basquete começou e ganhamos o primeiro jogo! Não é demais? John adorou saber, mas ficou triste por não poder assistir. Disse que jogo tão bem quanto ele, mas que preciso me esforçar para chegar aos seus pés. Imagine só! Eu sei que sou melhor do que ele.

Bem, preciso me arrumar. As coisas estão melhorando por aqui. Sempre que puder eu a atualizo.

Espero que esteja bem, mãe. Dê um abraço no papai por mim.

Com amor,

Harry

***

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora