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O que não falta em Manhattan são lugares legais para se conhecer. Porém, Harry não tinha a mínima ideia de onde eles ficavam.

Depois que se encontrou com Cat no Central Park, eles passaram a fria manhã de inverno caminhando pelos caminhos de cimento que começavam a ficar cobertos de neve. O restante do parque exibia sua beleza através das árvores sem folhas que erguiam-se como veias contrastando com o céu azul, os gramados quase brancos e o lago quase todo cristalizado. A brisa gélida batia no rosto de Harry, cortando-lhe como navalhas, fazendo-o erguer a gola da jaqueta preta por cima do cachecol listrado de cinza e azul. Era incrível como o tempo tinha esfriado tanto de um dia para o outro. Na manhã anterior, a temperatura estava amena, mas agora parecia ter caído uns dez graus.

- Belo dia para passear, não acha? - Cat disse, enquanto cruzavam a ponte. A garota usava uma roupa totalmente diferente da do dia anterior: botas de inverno marrom, calça cinza e um sobretudo preto. Um cachecol verde enrolado em seu pescoço, combinava com as luvas felpudas e a touca de esquimó, que cobria metade de sua testa.

- Sim - Harry tentava inutilmente aquecer as mãos nos bolsos. Tinha desistido de procurar as luvas na enorme bagunça do guarda-roupas, mas se arrependeu assim que saiu de casa.

- Eu adoro o inverno - Continuou Cat - É melhor para dormir, trabalhar, sair de casa.

- Só é ruim na hora de tomar banho - Harry emendou, o que fez ela rir.

Depois de caminharem pelos campos até os lábios ficarem congelados, eles decidiram tomar um café num lugar que Harry sempre ia quando andava pelo centro. Se sentaram em uma das pequenas mesas que ficavam na calçada do lado de fora e uma garçonete saiu para os atender.

- Dois cappuccinos, por favor - Harry pediu.

A garçonete anotou e entrou novamente. Cat olhou para as mesas espalhadas dentro e fora do prédio, com dezenas de pessoas agasalhadas conversando alegremente enquanto tomavam diferentes tipos de café.

- Qual o nome deste lugar?

- Bitter Coffee - Harry respondeu.

- Mas café não tem que ser doce?

- Tem gente que gosta de café amargo. Mas não se preocupe, eles vendem com açúcar. Acho que o nome irônico é só para chamar a atenção. Jogo de marketing.

- Parece que funcionou.

A garçonete se aproximou carregando uma bandeja com duas xícaras. Ao depositar sobre a mesa, Cat soltou uma exclamação de deslumbre antes de tirar as luvas e cobrir a xícara com as mãos. Harry fez o mesmo, já que seus dedos pareciam picolés. Então eles beberam. Logo de cara, Harry sentiu a cafeína lhe aquecer enquanto descia pela garganta, dando ao mesmo tempo uma sensação de calor e despertar. Ele fitou os olhos castanhos de Cat e ficou na dúvida se puxava assunto ou não. Eles se conheciam a menos de dois dias, então ele não tinha uma base de assuntos que podiam conversar. Mas não precisou pensar muito, pois a garota foi quem lhe fez uma pergunta:

- Então você é britânico?

- Ah, sim. Mas quem te contou?

- Tenho umas fontes.

Harry ergueu as sobrancelhas, mas ela apenas riu.

- Seus pais também são de lá?

- Não. Eles são americanos. Se conheceram em Oxford, quando minha mãe estudava lá. Meu pai trabalhava em um novo prédio no campus.

- Eu adoraria conhecê-los - Cat bebericou o café, sorrindo.

- Bem - Harry também sorriu - Vai ser um pouco difícil, já que eles estão mortos.

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora