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No sábado, às 13hs, Harry tocou a campainha do apartamento número 4.

Quando a porta abriu, por um breve instante, ele teve a impressão de estar no local errado, pois o garoto que o atendeu vestia uma bermuda jeans e uma camiseta branca estampada com o escudo do Capitão América. O cabelo não era tão volumoso quanto Harry pensava e estava jogado para o lado, deixando aparecer quase todo o rosto macilento.

- E ai, Jonah - Harry disse.

- Oi.

O garoto abriu passagem e Harry entrou. A sala era ampla, com vasos de planta espalhados para todo lado. O sofá grande estava coberto por uma capa de plástico transparente. De frente, na parede junto à porta, uma TV era embutida em um suporte de ferro. Logo abaixo, uma pequena estante era composta por vários objetos de cerâmica. A mesa de centro estava empilhada de revistas de moda. A luz do dia entrava por uma grande janela na parede esquerda e, bem de frente, um balcão dividia a sala com a pequena cozinha ladeada por um armário embutido, todo branco.

Jonah seguiu por um pequeno corredor à direita. No caminho, Harry viu pela fresta da porta um banheiro de azulejos azul-claros. O chão de todo o apartamento era de madeira envernizada e as paredes lisas, pintadas variavelmente, desde rosa claro até branco. Nada na casa parecia pertencer ao garoto isolado e sombrio que andava coberto por um blusão, tentando passar despercebido pela escola. E essa opinião ficou ainda mais concreta a Harry, quando ele entrou no último quarto.

As paredes eram compostas ora por estantes e prateleiras, ora por pôsteres de Star Wars ou de bandas de punk-rock. Nas prateleiras, dezenas de miniaturas de personagens de Senhor dos Anéis, Star Wars e Super-Heróis. Para a surpresa de Harry, um quadrado, embutido no canto próximo à janela na parede esquerda, continha cerca de quinze action-figures da saga Harry Potter, alinhados numa representação da Batalha de Hogwarts. Atrás deles, todos os livros da saga estavam cuidadosamente arrumados, um ao lado do outro.

- Uau!

Jonah o fitou. Ao descobrir para onde Harry olhava, ele explicou.

- Era da minha irmã. Ela era fanática. Então meio que me deixou um testamento oral, quando eu tinha doze anos. Disse que, se um dia morresse, eu deveria remontar o pequeno altar de seus "preciosos".

Uma sombra passou pelo rosto do garoto, mas Harry nem notou. Ele estava boquiaberto com a variedade de coisas que compunham o quarto. Do lado direito da porta, uma pequena escrivaninha estava empilhada de livros e HQs. Ao lado, no canto, a TV e o vídeo game estavam sobre uma cômoda de madeira rústica. No chão, jogos de Xbox empilhados em duas torres que chegavam à segunda gaveta da cômoda. Só de ver que eram originais, Harry concluiu que Jonah com certeza era rico. Não que não desse para notar pela quantidade de miniaturas e história em quadrinhos que o garoto colecionava.

Jonah arrumou alguns livros que estavam espalhados na cama e Harry se sentou, quase surpreso por haver uma no meio daquele verdadeiro mundo nerd.

- Eu andei separando algumas coisas - Começou Jonah abrindo um livro didático.

Harry ainda observava as prateleiras. Quando Jonah notou, ele fechou o livro e se levantou.

- Está com sede? Vou buscar algo para beber.

Harry assentiu. Quando o outro saiu, ele se levantou e avaliou mais de perto e viu que não haviam somente miniaturas: figurinhas, bótons e chaveiros, todos de bandas ou super-heróis, estavam espalhados sobre as tábuas de madeira rústica, do mesmo tipo da cômoda. Harry imaginou o trabalho que dever ter dado embutir tantas prateleiras assim. O lugar parecia uma biblioteca, mas sem t antos livros.

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora