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- Então ela é uma bolsista?

- Sim. Ganhou uma bolsa naquele curso que a escola oferece.

Harry falava ao telefone com Matt. A fria manhã de domingo não era nada convidativa, por isso, quando acordou ele logo se esticou no sofá da sala com um cobertor e jurou só se levantar em caso de extrema necessidade. Ele assistia TV com o volume baixo, pois como era dia de folga de John, o tio dormia até um pouco mais tarde. Telefonara para Matt pelo telefone sem fio da sala, para contar sobre dia anterior já que contavam quase tudo um para o outro e, também, porque o amigo provavelmente o encheria a paciência se ele não ligasse. Até que ele ouviu um som de perfuração e uns baques do outro lado da linha.

- O que está rolando aí?

- Meu pai comprou um painel para a sala. Austin, Victor e ele o estão montando lá embaixo - Matt respondeu.

- O seu pai comprou?

- Não, na verdade ele quase surtou quando soube. Foi minha mãe quem comprou. Mas com o cartão de crédito dele.

- Por que não está ajudando a montar?

- Está frio.

- E o que tem demais?

- É que meu nariz está sensível. Eu posso ficar resfriado em qualquer brisa leve, sabia? - Matt usava uma vozinha ingênua, claramente falsa, o que fez Harry rir - Minha mãe me mandou ficar em meu quarto enterrado nas cobertas.

- Então o que está fazendo?

- Deitado. Assistindo Grey's Anatomy. Comendo uma porção de bolinhas de queijo - Um barulho de mastigação soou e Harry viu que era verdade. O amigo adorava essa série, pois o tema central era medicina. Se pudesse, ele ficaria o dia inteiro assistindo.

- Não vai encontrar Hellen hoje?

- Não. Ela vai a Detroit com os pais. É surpreendente como eles gostam de viajar.

- Vem cá, você já conheceu os pais dela?

- Hã... Pessoalmente não. Eu só vou na casa dela quando eles não estão.

- E não vai conhecer?

- Estamos pensando ainda. Sabe, achamos que é preciso esperar mais um pouco. Está muito cedo.

- Mas vocês não pensaram muito para avançar até a quarta base, não é?

- Eu já te falei - Matt bufou irritado - Aquilo foi um impulso. Se quer saber nós nunca mais fizemos. Foi só aquela vez - Como Harry desatou a rir, o loiro mudou de assunto - Você não terminou de me contar sobre seu "não-encontro".

- Ah - Harry deu de ombros - Não houve nada de mais. Nós caminhamos um pouco, assistimos um filme, fomos no paintball.

- Só isso? E depois?

- Bem, depois eu a levei até o ponto de ônibus, ela agradeceu pelo dia que passamos juntos... E... Me beijou.

Um som de engasgo, seguido por um acesso de tosse ecoou pelo telefone.

- Matt, você está bem?

- Estou, eu só... Acho que engoli uma bolinha de queijo inteira - Ele recuperou o fôlego - Só repete o que você disse. Ela o quê?

- Pois é - Harry sorriu.

- Você não disse que não era um encontro?

- Eu não tenho culpa. Ela que me beijou. Eu nem desconfiei que isso iria acontecer.

- Mas você não pegou os sinais?

- Que sinais?

- Harry, uma garota sempre dá sinais de que está afim. Sabe, mexe no cabelo, fica te encarando. Você não notou a forma como ela olha para você?

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora