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- Qual é a desse sorriso bobo? Perdeu a virgindade ontem ou algo assim?

Matt o fitou rapidamente e voltou o olhar para a TV quando Harry abriu a porta do quarto. Como ainda não sabia sobre tudo o que ocorreu, o loiro não partiu para uma pergunta direta como sempre fazia. Harry não quis lhe contar nada por telefone e de jeito nenhum ele perderia a chance de dormir dezoito das vinte e quatro horas de um Sábado incrivelmente congelante, por isso decidiu ir à casa dos Labart só no Domingo. Ele fechou a porta e desabotoou o sobretudo. A casa era agradavelmente aquecida, contando que devia fazer uns oito graus na rua.

- Está um inferno glacial lá fora - Harry disse, jogando o casaco sobre a cama de Matt. Ele ainda usava um suéter por cima da camiseta, mas resolveu não tirá-lo, assim como o cachecol listrado.

- Que bela ironia - Matt estava sentado no tapete, no lugar que eles sempre ficavam quando jogavam vídeo game.

- Não vai sair hoje?

- Não. Hellen precisa comparecer em um jantar com os pais. Vai passar o dia todo no salão, manicure e, provavelmente, uma loja de vestidos.

- Ser mulher deve dar uma trabalheira - Harry se sentou e observou o carro de corrida dar voltas na pista do vídeo game. Quando a corrida acabou, Matt mudou para multiplayer e lhe entregou o outro Joystick.

- Também acho - O loiro concordou - Nós homens só demoramos mesmo para arrumar o cabelo.

- Você demora. Eu me contento em sair de casa vestido, não tenho paciência para ficar meia hora com o secador e um pente na mão.

- Isso porque o seu cabelo se ajusta a qualquer situação. O meu é infinitamente mais rebelde.

- Ok - Harry riu. Sabia que o amigo era vaidoso demais com o cabelo. Era a única coisa que ele realmente se importava no visual. - Por que estamos falando de cabelos? Parece até que somos duas garotas no banheiro da escola.

Eles riram. Então ficaram em silêncio, jogando. Após duas corridas, Matt se cansou e trocou para um jogo de guerra e eles continuaram calados, ouvindo os sons de tiro e a música de fundo. Com dez minutos de jogo, Harry resolveu perguntar.

- E Diana?

- No quarto - Matt respondeu - Ela passa horas conversando com o bebê enquanto acaricia a barriga. Chega a ser assustador, é sério.

- Normal de uma mãe de primeira viagem. Está tudo bem?

- Sim. Minha mãe a leva no Dr. Jarvis quase toda semana.

Harry sabia que esse era o nome do médico da família. Pelo que sabia, foi o Dr. Jarvis quem cuidou de Genna Labart nas três gestações. Era meio óbvio que ele cuidaria de Diana também.

- Law?

- O mesmo - Matt deu de ombros - Sempre que pode aparece aqui.

- Sempre que pode?

- Sim. Ele arrumou um emprego.

Harry ergueu as sobrancelhas. Aquilo era novidade. Mas, também, fazia tempo que ele não conversava com ninguém por mais de cinco minutos, a não ser Matt, Catherine e, agora, Ariane. Estava meio desatualizado sobre a vida fora da escola.

- Onde?

- Pelo o que eu soube, na empresa do pai dele. Acho que ele organiza uns papéis, ou alguma coisa chata de escritório. Mas só nos fins de semana.

- Ah - Harry assentiu - Isso é legal. Digo, ele começar a trabalhar cedo.

- Pois é. Ele me disse que não quer depender dos pais para cuidar do filho. Achei meio apressado, pois Diana não sairá de casa tão cedo se depender de nós.

Na Flor da JuventudeOnde histórias criam vida. Descubra agora