Imperatrix

Rio de Dinheiro

Bia e Luis conversavam andando pela rua, estavam quase na uruguaiana, um local de comercio popular, com vários pequenos quiosques, Luiz falou:

_ Sabe que relógio é esse que estou usando ?

_ Um Montblanc.

_ Sabe quanto ele custa ?

_ É caro, uns dez ou vinte mil.

_ Por ai.

Entraram em uma viela, haviam vários camelôs, Luiz foi num que vendia relógios e comprou uma copia exata do seu por 150 reais. Mas não pagou, deixou Beatriz pagar.

Ela olhou torto mas pagou.

_ Beatriz, eu cuido das riquezas deste mundo. eu ajudo o dinheiro a circular. Olha como estou vestido, as pessoas me veem e desejam ter as coisas que tenho, dai compram.

Bia o olhou de cima abaixo, já havia reparado o seu gosto por roupas caras, mas nele caiam perfeitamente bem.

_ Não entendi.

_ Meu relógio custa cerca de dez mil, quando eu comprei, o dinheiro saiu do meu bolso e foi para a loja, que já tinha comprado ele da fabrica, que já tinha comprado material e pago funcionários para fazê-lo.

_ Então seu dinheiro...

_ Meu dinheiro se espalha, como uma onda no mar. Veja lá aquele camelô.

Tinha um rapaz descascando laranjas, logo, alguém comprou uma laranja dele, ele por sua vez foi na pastelaria, comprou um pastel e voltou, comendo seu pastel e vendendo laranja.

_ Viu como o dinheiro circula ? Quando o dinheiro circula, o que é o caminho dele, as pessoas enriquecem. Continue olhando.

Beatriz continuou olhando, logo, um rapaz chegou em um carro, com um ajudante, entregaram queijo para a pastelaria, antes de saírem o rapaz comprou uma laranja para ele e outra para o ajudante.

_ Nossa ! Nunca imaginei.

_ Meu relógio gera renda, mesmo quem não pode tê-lo, compra um parecido, mais barato, ou uma cópia, como a que eu comprei com seu dinheiro.

_ Mas, o dinheiro assim não cobre impostos, ele não...

_ Você não deve só em impostos. mesmo se pensar, ele sai um pouco da "legalidade" mas, veja, logo ele volta.

Chegando na pastelaria estava o camelô de quem Bia havia comprado o relógio, trazia a mulher e a filha com ele, a filha estava cheia de livros recém comprados para a escola.

_ Como vê, o dinheiro tem de circular Beatriz, se você ganhar algum, não deixe parado, invista sim, mas em coisas que circulem, pois isso faz um país grande.

Ele acabou de falar e tocou na testa de Bia, que começou a ver as coisas meio embaçadas, logo depois, a visão voltou ao normal... Mas estava diferente.

Beatriz olhava, sem acreditar, parecia que algo tinha iluminado sua mente.

Ela via todo o centro do Rio, lojas, camelôs, bares restaurantes, Beatriz olhava e "via" o dinheiro circulando por ali como uma onda, uma energia, trocada de mão em mão.

_ Que viagem !

_ Eu auxilio esse rio a correr ! Essa é minha missão no mundo.

_ E qual é a minha ?

_ Só você mesmo pode dizer isso, meu anjinho. ninguém pode dizer por você.

Beatriz pensou um pouco, a visão estava voltando ao normal.