Amizade

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Mariana estaciona na calçada, todos estão olhando para ela, sente isso. 

Naquele lugar abandonado do centro da cidade ela se destaca, se torna o centro das atenções. Apesar de nunca ter estado ali, sabe exatamente aonde deve ir.

Não bate na porta, apenas gira a maçaneta, está aberta. Entra e fecha a porta atrás de si, os velhos degraus de madeira a sua frente a levam a um sobrado.

Um cheiro de mofo misturado com cerveja barata lhe dá ânsias vomito e, a julgar pelo estado da escada, já fizeram isso muitas vezes por ali. Em cima, um homem gordo e peludo está bloqueando a passagem, deitado no chão, pernas para a escada, veste só uma cueca.

"Vou acabar sendo estuprada." Mariana pensa, mas continua. Passa por cima dele, quase pisa em sua mão, consegue passar se apoiando no corrimão.

Limpa suas mãos nas paredes pois o corrimão está grudento, mas a parede ainda está em pior estado.

Mariana olha em um dos quartos, uma mulher nua dorme entre três homens também pelados, eles estão jogados pela cama, a aparência dos quatro é horrível, mal vestidos, mal cuidados, deitados em cima de seus próprios vômitos. Um cheiro insuportável.

Mariana fecha a porta e segue, no outro quarto, a mesma coisa, apenas que são só homens num sofá, a TV está ligada, mas fora do ar, todos dormem. Ela finalmente chega a cozinha.

Oito pessoas estão jogadas pelos cantos, a mesa suja, duas mulheres, uma delas deitada em cima da mesa, parece ter dormido ali, Marina olha para elas com pena. "Como alguém termina nesse estado?" Não há tempo para pensar, precisa continuar.

Segue por um corredor, encontra um banheiro. Abre a porta, acende a luz, uma luz fraca, vermelha.

Impossível descrever a imundície daquele lugar, fezes e urina, misturados a sêmen e a vomito por todo canto, nunca, nem com todo os alvejantes do mundo, o local ficaria limpo outra vez. Mariana se segura para não vomitar.

Num canto, Marina vê o que vei procurar, uma mulher coberta por toda aquela sujeira olha para a porta, a vê, se ajoelha e afasta as nádegas com as mãos.

_ Pode começar.

Mariana chora, tem vontade de sair correndo, vontade de gritar, mas tem que ser forte, precisa ser forte.

_ Levante-se Nadia.

A mulher se vira, olha melhor e reconhece Mariana, começa a chorar.

_ Por favor, você não, não quero que você me veja assim.

Mariana se abaixa e abraça Nadia.

_ Você é minha amiga, minha melhor amiga, quem melhor do que eu pra tirar você daqui?

_ Eu não quero sair, eu não mereço sair.

_ Claro que merece. Merece E vai! Você vai embora comigo.

_ Não ! Meu lugar é aqui, eu sou a puta deles, sou o banheiro desses porcos, sou imunda, mereço isso aqui.

_ Não. Você é uma pessoa maravilhosa e precisa vir comigo.

_ Se eu for, vou continuar matando, eu... Eu não vivo, eu só me vingo, vivo para matar e para me tatuar, só isso, minha vida não tem sentido, eu mereço isso aqui.

_ Venha comigo Nadia.

_ Eu gostei, não entende ?

_ O que está dizendo Nadia ?

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