Prisioneira

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Nadia abre seus olhos e vê o mar, o sol ofusca seus olhos, o mar está de cabeça para baixo?

Não, Nadia está de cabeça para baixo.

Pendurada por uma corda, mãos atadas as costas, completamente imobilizada.

Pendurada pelos pés no muro de um castelo. O sol castiga seu corpo, a queda seria mortal, seu corpo já não responde aos seus desejos, impossível fugir.

Do seu lado, dois corpos pendurados na mesma situação, um, em decomposição a uns dois dias, o outro parece estar ali a muito tempo. 

O vento castiga os três, eles se chocam uns aos outros.

_ Não sei qual o pior, o cheiro ou a dor nas pernas.

Não adianta gritar, ela sabe. Os corpos estão ali para intimidá-la. Ela não vai gritar. Ao contrário, tenta relaxar e diz para si mesma :

_ Esse é só o primeiro dia... Preciso guardar forças para os próximos.

Ela fecha seus olhos e leva a mente para alguns meses atrás.

Nadia está seguindo Camila, elas entram em um prédio comercial, no centro da Grécia, o que chama  atenção de Nadia é que Camila não se preocupa se estão sendo seguidas, não anda se escondendo nem tenta esconder seu destino, parece uma pessoa normal, andando na rua, indo para o trabalho.

Como gostaria de andar com essa calma pelas ruas.

Elas entram num dos escritórios do prédio, uma sala pequena, igual a todas as outras, com uma placa de "consultoria" na porta.

Um escritório igual a todos os outros, exceto pela pessoa que atende, Edgard abre a porta, ele cumprimenta as duas com uma aceno de cabeça, Camila senta-se numa das cadeiras da recepção enquanto ele leva Nadia a uma outra porta, abre e sussurra em seu ouvido, discretamente:

_ O cheiro do esgoto ficou no seu cabelo até hoje.

Nadia não consegue conter um sorriso. Mas ele logo morre, sentada numa poltrona está a Imperatrix, a Mãe do mundo oculto. Para Nadia, ela ainda é meio que uma deusa, faz uma reverência, ajoelha-se apenas com o joelho esquerdo, essa é a forma tradicional de saudação.

_ Minha filha, e minha amiga, por favor, levante-se.

Nadia a observa bem, ela está mais velha, as duas estão, mas o tempo foi gentil com ambas. A Mãe dispensa Edgard, que sai e fecha a porta, ficando na recepção com Camila e deixando as duas sozinhas.

Cecilia olha para Nádia e diz :

_ Nadia, que bom rever você! Fazem uns cinco anos de nossa ultima conversa ?

_ Um pouco mais Senhora. Bem mais.

_ Jura? Não faz tanto tempo assim. Por favor, me chame de Mãe, Eu pedi isso da ultima vez se lembra? E sente-se. Como está Helena?

_ Muito bem senhora, um amor de menina.

_ Soube que ela é muito amiga da filha do Rafael, Valentina?

_ São senhora, não se desgrudam.

_ Muito bom ter uma melhor amiga nessa idade. Se eu pudesse, nunca tinha crescido. Foi a melhor época da minha vida.

Nadia encara a Mãe por alguns momentos, as duas se sentaram em um sofá, uma de frente para a outra.

_ Algum problema minha filha ?

_ A senhora está se escondendo ?

_ Não ! Porque pensou isso ?

_ O Cabelo ruivo.

ImperatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora